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Alimentos: mais de 25 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados anualmente (Getty Images/Reprodução)
Repórter de ESG
Publicado em 16 de junho de 2023 às 14h00.
Segundo pesquisa, 85% dos entrevistados dizem que combater o desperdício de alimentos no Brasil é importante, é o que diz o estudo “O alimento que jogamos fora: Causas, consequências e soluções para uma prática insustentável”, levantamento da Nestlé em parceria com a MindMiners, empresa de tecnologia especializada em pesquisa digital. Os grupos que mais concordam com essa afirmação são mulheres da geração X (43 à 58 anos) e Boomers (acima de 59 anos) com filhos. O estudo contou com 2 mil respondentes de todas as regiões brasileiras.
Mas, segundo o estudo, há um paradoxo: mesmo com toda essa conscientização sobre o desperdício, 27 milhões de toneladas de alimentos vão para o lixo por ano, afirma a ONU (Organização das Nações Unidas). Outro dado ressaltado pela pesquisa é o número de pessoas em situação de vulnerabilidade alimentar no Brasil: são 33 milhões de pessoas vivendo nessas condições.
O estudo da Nestlé com a Mind Miners afirma que, para 75% dos entrevistados, o responsável pela redução do desperdício deveria ser a população – depois, as indústrias de alimentos (com 44%) e os comércios que vendem alimentos (43%). A visão se mantém para proprietários ou funcionários de empresas do ramo alimentício, com a população liderando a lista com 66%.
Porém, o estudo reforça que o maior volume de desperdício não ocorre com o consumidor final, a maior parcela do desperdício alimentar está no manuseio e transporte (50%), seguido das centrais de abastecimento (30%) e no campo, no varejo e nas residências (empatados com 10%), diz a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Mas, a conta não fecha porque 64% dos respondentes acreditam que estão fazendo sua parte para evitar o desperdício, e 66% acreditam que o estabelecimento de trabalho também faz sua parte.
“É uma conta que não fecha, e esse debate precisa ocupar cada vez mais espaço. É claro que a população também deve ser conscientizada, afinal uma parte do desperdício também ocorre nas casas. No entanto, o volume diário de comida preparada e processada em uma única empresa do ramo alimentício é muito maior do que em uma casa com 3 ou 4 pessoas. Há muito o que ser feito pelas empresas nesse sentido”, pontua a coordenadora de insights da MindMiners, Juliana Tranjan.
O estudo também levou em consideração como são feitas as refeições e a maior parte dos entrevistados realizam as refeições mais em casa do que fora (37%) e um segundo grupo realiza apenas refeições em casa (35%).
Pensando nisso, quando perguntados sobre a frequência que pedem delivery, 49% das pessoas pedem raramente, enquanto 22% pedem uma vez na semana e 14% nunca consomem delivery. No entanto, consumir as refeições em casa não é sinônimo de menos desperdício, visto que 82% das pessoas jogam alimentos fora em algum grau.
Nas casas, o tipo de alimento que mais é jogado fora são as comidas preparadas (40%), seguida de alimentos industrializados (18%) e legumes e verduras (16%). Já nas empresas, a realidade é um pouco diferente: legumes e verduras são jogados fora com maior frequência, assim como as comidas preparadas (ambos empatados em 21%), seguida de laticínios e ovos (15%).
Essa realidade levanta uma questão que as refeições devem ser planejadas de uma melhor forma para um maior aproveitamento – quando o assunto é planejamento alimentar, a classe C se destacou no estudo como a que melhor se planeja, muito influenciada pela restrição financeira. Enquanto a classe A é a que mais descarta, de acordo com o estudo.
Falando sobre o descarte em si, nas residências, 50% jogam no lixo comum sem separar os materiais – enquanto 44% jogam no lixo orgânico e 13% fazem compostagem. No trabalho, 55% jogam no lixo comum sem separar os materiais, 22% jogam no lixo orgânico e 18% realizam a compostagem.
Para mais de 70% dos entrevistados, prolongar a vida útil dos alimentos é uma preocupação então o estudo sugere programar as compras como uma alternativa para evitar ou diminuir o desperdício, além de aconselhar a compra de produtos locais e aproveitar as sazonalidades para evitar o descarte, comprar a granel ou comprar orgânicos e optar por embalagens sustentáveis ou biodegradáveis.
A pesquisa também sugere aproveitar restos de alimentos como cascas, talos e folhas e doar alimentos excedentes para pessoas em situação de vulnerabilidade através de bancos de alimentos também são opções sustentáveis.
Comprar de produtores locais evita o desperdício de super produções, tem menor tempo de transporte para o local, reduzindo, assim, as emissões de CO2, são produtos frescos e tem baixo impacto ambiental – por não contar com substâncias tóxicas na produção. Mas, menos de 40% das pessoas têm o hábito de comprar estes produtos, 62% não se atentam à sazonalidade e 57% jogam fora produtos que podem ser reaproveitados como talos e cascas, segundo o estudo.
O estudo ressalta algumas iniciativas, que podem ser adotadas pelas marcas. A educação sobre o desperdício é importante e deve ser considerada. Além disso, o investimento em tecnologia para obter alternativas mais eficientes é necessário.
E por último, as empresas devem investir em transparência sobre as suas ações sustentáveis, com uma comunicação assertiva que atraia o público. Tudo isso pensando que a pesquisa afirma que o tema ESG que os respondentes consideram mais importante são as temáticas ambientais (50%), seguida de social (com 23%) e governança (com 8%). 19% não souberam responder.
Pensando em como ajudar a transformar essa situação, a Nestlé mantém uma parceria com a maior rede nacional de Bancos de Alimentos que atua contra a fome e o desperdício, o Mesa Brasil, onde 35 toneladas de alimentos são direcionadas para instituições que atendem pessoas em situação de insegurança alimentar ao redor do país por mês.
A companhia também faz parte do movimento Todos à Mesa, coalizão de empresas e organizações que tem o objetivo de reduzir o desperdício de alimentos no Brasil e os impactos da fome.
Com a plataforma Panela Nestlé, a companhia tem duas iniciativas: uma parceria com a foodtech Food To Save, que recupera alimentos que seriam descartados como os excedentes de produção e produtos próximos à data de validade, por meio da comercialização com desconto e, um projeto B2B com a Restin, uma foodtech, que conecta a companhia com o setor alimentício, como restaurantes e cozinhas industriais, para vender produtos próximos da validade para ser matéria-prima na produção.