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Desmatamento na Amazônia (Marizilda Cruppe/Amazônia Real/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 24 de janeiro de 2024 às 11h33.
Última atualização em 24 de janeiro de 2024 às 11h35.
As áreas protegidas da Amazônia tiveram em 2023 o menor desmatamento desde 2014, aponta o monitoramento por imagens de satélite do instituto de pesquisa Imazon. De acordo com a organização, a devastação dentro de terras indígenas e unidades de conservação passou de 1.431 km² em 2022 para 386 km² em 2023. Isto é uma diminuição de 73%, quase quatro vezes menos.
A redução superou a queda geral na derrubada, que passou de 10.573 km² em 2022 para 4.030 km² em 2023, um decréscimo de 62%. Com isso, o desmatamento registrado de janeiro a dezembro do ano passado foi o menor em cinco anos. Contudo, ainda há a derrubada de cerca de 1,1 mil campos de futebol por dia nas áreas, o superior ao registrado de 2008 a 2017, desde que o Imazon implantou seu Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD).
Outro ponto alarmante em 2023 foi a degradação, que teve o terceiro aumento consecutivo em dezembro, o que pode ter relação com a seca e o aumento das queimadas. No último mês do ano, enquanto foram desmatados 108 km², outros 1.050 km² foram degradados, quase 10 vezes mais.
“Essa redução expressiva do desmatamento em áreas protegidas é muito positiva, pois são territórios que precisam ter prioridade nas ações de combate à derrubada. Isso porque, na maioria das vezes, a devastação dentro de terras indígenas e unidades de conservação significa invasões ilegais que levam a conflitos com os povos e comunidades tradicionais que residem nesses territórios”, diz o pesquisador Carlos Souza Jr., coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon.
O pesquisador ressalta que, apesar da queda geral, algumas áreas protegidas tiveram aumento na destruição. Entre as terras indígenas, uma das situações mais críticas ocorreu na Igarapé Lage, em Rondônia, onde o desmatamento cresceu 300%, passando de 2 km² em 2022 para 8 km² em 2023, uma área equivalente a 800 campos de futebol. Isso fez com que o território fosse o terceiro mais devastado da Amazônia em 2023.
Outras duas terras indígenas localizadas na divisa do Amazonas com Roraima também apresentaram aumentos expressivos na derrubada: os territórios Waimiri Atroari, cuja perda florestal passou de 1 km² em 2022 para 4 km² em 2023, 300% a mais; e Yanomami, onde a devastação passou de 2 km² em 2022 para 5 km² em 2023, uma alta de 150%.
Assim, a terra Yanomami, mesmo após ter recebido em janeiro do ano passado uma operação humanitária por causa dos danos sociais causados pela invasão de garimpeiros, foi a quinta mais desmatada da Amazônia em 2023. Já a Waimiri Atroari ficou em nono lugar.
A maior área destruída em um território indígena no ano passado foi registrada na terra Apyterewa, onde foram desmatados 13 km². Apesar de ocupar o topo do ranking, o local teve uma redução de 85% na devastação, pois em 2022 havia perdido 88 km² de floresta. Em outubro, como lembra o Imazon, o local recebeu uma operação de desintrusão para remoção de invasores ilegais.
No total, as terras indígenas tiveram 104 km² devastados em 2023, menos da metade do registrado em 2022: 217 km². Ou seja, viram a derrubada cair 52%. Essa foi a menor área desmatada em territórios dos povos originários desde 2017.
Em relação aos estados, o desmatamento teve aumento apenas em três dos nove que compõem a Amazônia Legal na comparação de 2022 com 2023: Roraima (de 179 km² para 206 km²), Tocantins (de 16 km² para 21 km²) e Amapá (de 9 km² para 18 km²).
E os três maiores seguiram no topo do ranking como os que mais desmatam: Pará (1.228 km²), Amazonas (877 km²) e Mato Grosso (864 km²).