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Dentro do parque da cidade: o que descobri visitando o futuro palco da COP30, em Belém

Após a cúpula do clima, o local se consolidará como um dos maiores espaços públicos urbanos da Região Norte

Parque da Cidade, em Belém, que sediará a COP30. (Cássio Matos/Agência Pará/Reprodução)

Parque da Cidade, em Belém, que sediará a COP30. (Cássio Matos/Agência Pará/Reprodução)

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Publicado em 12 de junho de 2025 às 07h15.

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* Por Flora Bitancourt

O Brasil é reconhecido internacionalmente por sua trajetória nas negociações do clima e há expectativa de que, neste ano, façamos a virada das COPs, conseguindo avançar com tratativas eficientes e estratégias de implementação sobre temas chaves para as metas de emissão de gases de efeito estufa definidas no Acordo de Paris, e do Artigo 6 do mercado de carbono no Brasil.

Nesta quarta-feira (11), tive a alegria de visitar o Parque da Cidade, em Belém, que segundo o governo já está com 90% das obras concluídas, e terá uma parte entregue ainda este mês à população.

É lá que a ONU vai instalar a estrutura para a COP30, os conhecidos Pavilhão Azul e Pavilhão Verde, onde ocorrem as negociações entre governos e as conversas intersetoriais, respectivamente.

Nossa delegação foi conduzida por Dan Ioschpe, o Campeão Climático de Alto Nível da COP30, nomeado pelo Presidente Lula para impulsionar os diálogos entre setor privado, governo e sociedade civil, visando ao engajamento das empresas no desenvolvimento sustentável.

Tivemos também a participação do inglês Nigel Topping, Campeão de Alto Nível da COP26, em Glasgow, e do chileno Gonzalo Muñoz, Campeão de Alto Nível da COP25.

Flora Bitancourt, da World Climate Foundation

Flora Bitancourt, da World Climate Foundation: "O que vimos ontem é que o Parque da Cidade tem toda a capacidade de entrar para a história como o palco da COP da Acão." (Divulgação)

O Parque da Cidade já estava previsto, mas teve suas obras aceleradas em função da realização da COP30. Com a alocação de recursos dos governos federal e estadual, o projeto superou as expectativas, inclusive daqueles que duvidavam de sua viabilidade.

Após a cúpula do clima, o parque se consolidará como um dos maiores espaços públicos urbanos da Região Norte, plenamente acessível e voltado ao uso da população de Belém.

São 500 mil metros quadrados que contam com áreas verdes, espelhos d’água, ciclovias, pistas de caminhada, equipamentos esportivos, áreas de convivência e alimentação, e infraestrutura capaz de abrigar grandes eventos culturais.

Nossa organização participa das COPs há 16 anos, conduzindo articulações intersetoriais para financiamento da transição climática.

Um dos quesitos fundamentais para que coalizões ocorram é assegurar um espaço de alta qualidade para que as conversas entre os múltiplos atores possam ocorrer, tendo apenas o clima como foco. Esta já está prometendo ser a maior, em 30 anos de conferências.

O que vimos ontem é que o Parque da Cidade tem toda a capacidade de entrar para a história como o palco da COP da Acão, que é o desejo de todos que lutam pela transição climática, a bioeconomia, a justiça climática e a conservação da natureza e da biodiversidade.

O Brasil já inaugurou ciclos muito importantes para o clima, na Rio92 e na Rio+20, em 2012. Na primeira, reunimos líderes de 179 nações, milhares de ONGs, organismos internacionais e representantes de povos e comunidades, na maior conferência sobre o clima, até então.

Lá os países estabeleceram o conceito de desenvolvimento sustentável e criaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), marco legal para ação conjunta no combate às mudanças climáticas, e ponto de partida para a primeira COP, em Berlim, em 1995.

Em 2012, tivemos a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, que fixou os 17 ODS (objetivos de desenvolvimento sustentável) e lançou consulta global sobre a Agenda 2030 - a que, dois anos depois, foi o epicentro do Acordo de Paris, como prazo para as reduções das emissões.

Nossa corrida, agora, é com a substância da COP30, aquilo que deverá ser acordado. Com clareza, sua Presidência já vem difundindo globalmente a mensagem de “mutirão pelo clima”, convocando todos os atores à ação coletiva.

Durante esta visita, também ouvimos diferentes atores locais, que destacaram a importância de construir uma agenda de investimentos viável e implementável, com a estratégia de adaptação no centro das decisões.

Foi reforçada, ainda, a necessidade de integrar os agentes subnacionais (estados e municípios) como verdadeiros implementadores e aceleradores das soluções.

Um amplo contato com a sociedade civil para que a COP das pessoas, a primeira em um país democrático, em três anos, forneça plataformas de diálogo e participação social permanente, sem esquecer que sem desenvolvimento econômico e social não temos justiça climática.

As conversas multilaterais são contínuas e estão em marcha para culminar no grande objetivo, em novembro.

Enquanto os governos debatem os termos, nós colocamos à mesa empresas, investidores e representantes do poder público e sociedade civil para avançar o diálogo sobre financiamento.

É hora de todos estarem na mesma página: os que têm os projetos, os que têm os recursos e os que possuem o poder decisório.

É também o momento de engajar a sociedade em prol daquele que pode ser o evento geopolítico mais importante do ano, e um dos mais essenciais para a vida no Planeta. Belém está se preparando de forma concreta para a COP30.

Cabe a nós nos unirmos para desmistificar os medos que ainda persistem e acelerar os investimentos necessários.

*Flora Bitancourt é líder da World Climate Foundation no Brasil e co-fundadora da Impact Beyond, ecossistema de plataformas de impacto e inovação que geram transformações reais

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