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De hub climático a jovens líderes: os anúncios do príncipe William no Rio

Earthshot Prize resultou em centros de inovação, parcerias bilionárias e um programa para capacitar a próxima geração de líderes ambientais

Príncipe William de Gales: "O Rio é o melhor lugar do mundo para ser berço do Earthshot Prize" (Eduardo Frazão/Divulgação)

Príncipe William de Gales: "O Rio é o melhor lugar do mundo para ser berço do Earthshot Prize" (Eduardo Frazão/Divulgação)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 7 de novembro de 2025 às 06h00.

Em breve passagem pelo Brasil, o príncipe William levou o espírito do mutirão ao Rio de Janeiro e deixou legados para impulsionar a ação climática antes da COP30. 

"O Rio é o melhor lugar do mundo para o Earthshot Prize e traz o forte simbolismo da Eco-92", disse durante o Impact Assembly, evento que antecedeu a grande premiação global de soluções verdes no Museu do Amanhã e que teve como um dos vencedores a startup brasileira de restauração florestal Re.green.

A agenda da alteza real foi intensa entre 3 e 5 de novembro e reuniu chefes de Estado, líderes governamentais, filantropistas, grandes investidores, empresários, inovadores, jovens e povos indígenas para discutir progresso e oportunidades rumo a um futuro mais sustentável.

Otimista, o príncipe disse acreditar na liderança da juventude para driblar os maiores desafios planetários: "são eles que me fazem seguir em frente", destacou.

Após a premiação, líderes como a Marina Silva partiram para o início da Cúpula dos Líderes em Belém. A ministra do meio ambiente e mudança do clima representou o Brasil no EarthShot com a iniciativa finalista do Fundo de Florestas Tropicais (TFFF), grande aposta da COP30 e que desponta com  expectativa de novos investimentos.

Hub de inovação climática no Rio

Um dos principais anúncios foi a parceria estratégica entre o Earthshot Prize e a 500 Global, uma das empresas de capital de risco mais ativas do mundo, para acelerar a inovação climática em mercados emergentes.

A iniciativa prevê a criação de um hub no Rio de Janeiro em parceria com prefeitura, com a missão de fomentar a colaboração entre empresas, empreendedores, acadêmicos e investidores visando novas soluções verdes.

A estratégia de investimento, que deve ser implementada no primeiro semestre de 2026, vai aproveitar o portfólio do Earthshot Prize, com 40% dos projetos baseados no Sul Global.

"Em 2025, na metade da década Earthshot, estamos animados em ver o apoio ir para onde a crise climática é mais urgente e onde a lacuna de inovação é maior", afirmou Jason Knauf, CEO do Earthshot Prize.

A parceria responde a um desequilíbrio crítico: os mercados emergentes enfrentam 75% do risco climático global, mas recebem apenas 15% do capital para confrontar os desafios. 

O foco de financiamento será em três áreas: AgTech (sistemas digitais de insumos e distribuição, logística pós-colheita, análises de solo e carbono), Clean Tech (plataformas de energia off-grid e distribuída, infraestrutura de veículos elétricos e micromobilidade) e Nature Tech (resiliência oceânica e costeira, tecnologia de restauração florestal).

"O momento está verdadeiramente aqui. Hoje anunciamos marcos inéditos no mundo e parcerias estratégicas globais, tudo possibilitado através da ambiciosa rede global do Earthshot Prize", acrescentou o CEO.

Anúncios de finalistas e vencedores passados

Três finalistas de 2025 fizeram anúncios de impacto

A Matter, empresa britânica que desenvolveu tecnologia revolucionária de filtração de água que reduz drasticamente a entrada de microfibras no ecossistema durante o processo de lavagem de roupas (a maior causa de microplásticos), anunciou uma parceria inovadora com a Inter IKEA, uma das maiores produtoras têxteis do mundo. A parceria irá explorar como trazer sua tecnologia inovadora e impactante ao mercado em escala.

A Tenure Facility, mecanismo global de financiamento e jurídico dedicado a garantir direitos sobre terras e florestas para povos indígenas e comunidades locais, comemorou a marca de US$ 100 milhões em aportes ao longo de sete anos. A organização disse estar pronta para dobrar esse valor para US$ 200 milhões nos próximos dois anos.

A Bonds for Ocean Conservation, impulsionado pela Debt for Nature Coalition – um novo grupo de sete organizações internacionais – divulgou um compromisso de US$ 100 milhões para acelerar e escalar conversões de dívidas soberanas.

Este marco torna o capital privado disponível para apoiar o portfólio futuro da Debt for Nature Coalition, reduzindo custos de empréstimos para governos e desbloqueando bilhões em economias para proteger a natureza.

Além disso, quatro finalistas e vencedores de edições anteriores também fizeram anúncios.

A ATS Energy (vencedor de 2024), que transforma calor residual industrial em eletricidade sem partes móveis, alcançou um novo marco na inovação de energia limpa ao anunciar o primeiro acordo comercial do mundo para implantação de um Gerador de Estado Sólido (SSG) que converte calor residual industrial em eletricidade limpa e confiável.

A Belterra (finalista de 2023), que trabalha com pequenos agricultores no Brasil para restaurar florestas, firmou parceria com a Sea Forest (também finalista de 2023), que produz SeaFeed, suplemento alimentar revolucionário para gado que reduz emissões de metano entérico em até 80%.

O suplemento será oferecido aos agricultores da rede, com potencial de gerar créditos de carbono e aumentar os ganhos dos produtores.

A Boomitra (vencedor de 2023), que remove emissões e aumenta lucros de agricultores através da restauração do solo, anunciou que a Deloitte, um dos membros da Aliança Global do Earthshot Prize, comprou créditos de carbono do solo de seu projeto de restauração de pastagens no Norte do México.

O modelo equitativo da Boomitra entrega 75% de toda a receita de créditos aos fazendeiros participantes e à comunidade local.

A NatureMetrics (finalista de 2024 do Reino Unido), que transforma natureza em dados, anunciou um marco importante ao atingir 10% do mundo com sua rede de amostragem de eDNA.

A empresa construiu o maior banco de dados proprietário de espécies de eDNA do planeta para alimentar modelos de IA preditiva e redefiniu como entendemos e protegemos a biodiversidade.

Como parte de sua expansão, também anunciou novos laboratórios no Brasil para trazer seu monitoramento de biodiversidade ao país pela primeira vez.

Christiana Figueres, presidente do Conselho de Curadores do Earthshot Prize, celebrou os avanços das soluções climáticas já reconhecidas no prêmio. "São grandes passos em direção à realização de seus objetivos e ambições. O progresso dos finalistas é excepcional, seu potencial é vasto e seu momento é imparável", disse.

Programa para jovens líderes

O Earthshot Prize também lançou o programa Generation Earthshot no Rio de Janeiro, transformando a cidade em um grande hub global para os jovens.

O programa de liderança de quatro dias uniu 75 jovens líderes (25 da Ásia e África do Sul e 50 brasileiros, selecionados entre mais de 500 candidatos) para workshops, painéis e uma experiência imersiva no icônico Estádio do Maracanã, com a participação de Cafu, um dos maiores laterais da história do futebol brasileiro e capitão da seleção campeã da Copa do Mundo de 2002.

Em parceria com a Common Purpose e Youth Climate Leaders (YCL) e apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Temasek Foundation e TPC (Tsao Pao Chee), a programação incluiu ainda o Mini COP, que deu voz a crianças de 11 a 16 anos para imergir a próxima geração na diplomacia climática.

Como destaque, foi anunciado um novo programa de pós-graduação de dois anos com o Insper para treinar os futuros líderes do Brasil em sustentabilidade.

A ativista ambiental indígena brasileira Txai Suruí destacou que a liderança climática não é abstrata: "É uma forma de viver -- um ato diário de respeito, coragem e conexão. Significa proteger o equilíbrio sagrado que nos sustenta, enquanto abrimos caminhos para um novo futuro".

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