ESG

Apoio:

Logo TIM__313x500
logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
ONU_500X313 CBA
ONU_500X313 Afya
ONU_500X313 Pepsico
Logo Lwart

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Crescimento econômico depende de inovação, inclusão e sustentabilidade, diz Fundação Dom Cabral

Estudo divulgado no Fórum Econômico Mundial aponta novos paradigmas de desenvolvimento, dividindo 107 países por notas e arquétipos. No Brasil, entre os maiores desafios estão a desigualdade social e desenvolvimento de patentes verdes

Fundação Dom Cabral e Fórum Econômico Mundial lançam estudo Futuro do Crescimento (Petmal/Thinkstock)

Fundação Dom Cabral e Fórum Econômico Mundial lançam estudo Futuro do Crescimento (Petmal/Thinkstock)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 18 de janeiro de 2024 às 10h14.

Existe um amplo potencial para crescimento econômico e melhorias do bem-estar social no mundo, mas é preciso romper com as bases de Produto Interno Bruto (PIB) atuais. É o que aponta um estudo divulgado nesta quarta-feira, 17, no Fórum Econômico Mundial, que acontece esta semana em Davos, na Suíça. O trabalho é fruto de uma colaboração entre a Fundação Dom Cabral e o Fórum. A publicação considera quatro dimensões para sugerir um novo paradigma de crescimento futuro: inovação, inclusão, sustentabilidade e resiliência.

"O mundo não está crescendo com as bases do PIB atual. Temos como desafios para o futuro desenvolver qual modelo será ideal para alcançarmos o crescimento devido. Com base no estudo, acreditamos que a inovação é o motor da inclusão e resiliência, que são fundamentais para a sustentabilidade", diz Hugo Tadeu, professor e diretor do núcleo de inovação e empreendedorismo da Fundação Dom Cabral.

Na frente de inovação, a pontuação geral alcançada pelos países que participaram das análises foi de 45,2, numa escala até 100. O item foi o de menor pontuação entre os pilares analisados, ressaltando a importância de maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento em escala global e da implementação eficaz de novas tecnologias digitais.

Nesta frente, a Suíça mantém a posição de destaque com a pontuação de 80,4, visto que o país investe mais de 3% do seu PIB em Pesquisa e Desenvolvimento. Em seguida, Singapura se destaca com uma pontuação de 76,43, sendo considerada o país mais inovador da Ásia.

Inovação

Destaques

Piores pontuações

Melhores pontuações

Mundo

45,2

Iêmen

17,98

Suíça

80,37

Brasil

41,81

Angola

17,97

Singapura

76,43

Chile

46,23

Congo

21,88

Suécia

74,92

Índia

40,23

Serra Leoa

22,27

Dinamarca

73,40

México

37,88

Chade

22,27

Estados Unidos

74,09

Honduras

28,64

Holanda

73,30

Lesoto

29,65

Alemanha

69,41

Zimbábue

29,72

Coreia do Sul

68,81

Nepal

31,46

Reino Unido

68,45

El Salvador

31,55

Finlândia

68,03

Em comparação aos outros fatores, inclusão foi o item de maior pontuação neste relatório, com 55,9, indicando um esforço mundial para promover oportunidades igualitárias e na promoção de ações em busca da diversidade.

A Suíça também obteve a melhor pontuação em Inclusão (77,89), visto que, na questão de gênero, pode-se observar uma participação notável das mulheres na política, com 42% dos representantes no parlamento e 43% nos ministérios.

Já a Finlândia conseguiu o segundo melhor resultado, com uma nota de 77,89, o que pode ser explicada pela ação do país na promoção de emprego, educação e inclusão para minorias étnicas, como os ciganos, grupo marginalizado na Europa.

Inclusão

Destaques

Piores pontuações

Melhores pontuações

Mundo

55,9

Iêmen

22,13

Suíça

77,86

Brasil

55,31

Chade

23,83

Finlândia

77,68

Chile

64,89

Congo

27,51

Islândia

77,67

Índia

41,69

Angola

27,74

Dinamarca

77,64

México

51,46

Serra Leoa

29,42

Nova Zelândia

76,98

Mali

32,58

Austrália

76,27

Camarões

33,06

Holanda

75,93

Lesoto

33,67

Canadá

75,8

Malawi

34,86

Suécia

75,78

Zimbábue

35,22

Estônia

75,63

A média global em resiliência foi de 52,8, o que pode ser explicado pela pandemia do COVID-19, quando se torna necessária uma resposta coordenada entre os países para os impactos econômicos e sociais.

Neste item, Luxemburgo (72,57), Nova Zelândia (72,43) e Finlândia (71,25) alcançaram pontuações altas, visto que são economias diversificadas e estáveis, conseguindo se adaptar de forma ágil e eficiente a mudanças, de acordo com o relatório.

Resiliência

Destaques

Piores pontuações

Melhores pontuações

Mundo

52,8

Iêmen

27,57

Luxemburgo

72,57

Brasil

51,98

Lesoto

29,96

Nova Zelândia

72,43

Chile

57,36

Chade

33,16

Finlândia

71,25

Índia

51,21

Zimbábue

34,97

Suécia

71,02

México

46

Venezuela

35,82

Suíça

69,92

Congo

35,68

Austrália

69,47

Mali

35,62

Áustria

68,79

Irã

38,88

Dinamarca

68,51

Angola

40,49

Japão

66,34

Nigéria

40,61

Holanda

65,89

Por último, sustentabilidade apresentou pontuação de 46,8, demostrando a implementação em uma fase intermediária de práticas sustentáveis e o compromisso global com a urgência dos problemas ambientais.

Países como Chade (63,78), Jordânia (61,8) e Zimbábue (59,98) se destacam com as melhores pontuações em Sustentabilidade, mesmo fazendo parte do grupo de renda média baixa.

A República do Chade sofre seriamente com os impactos das mudanças climáticas, devido à desertificação do Lago Chade, porém o país vem recebendo apoio de instituições internacionais, como o Fundo Verde para o Clima e Banco Mundial, em projetos de conservação ambiental e desenvolvimento sustentável.

Por outro lado, a Jordânia investiu em fontes de energia renováveis, visto que 93% da sua energia tinha que ser importada, o que correspondia a 8% do PIB, além do aumento da eficiência energética e redução do consumo.

O Zimbábue se aproveitou da biodiversidade para desenvolver a economia de forma sustentável, por meio do turismo de natureza e da comercialização de produtos florestais, correspondendo a 6,3% do PIB em 2019.

Sustentabilidade

Destaques

Piores pontuações

Melhores pontuações

Mundo

46,8

Mongólia

24,4

Suécia

62,87

Brasil

55,99

Cazaquistão

28,91

Chade

62,05

Chile

49,47

Kuwait

29,75

Jordânia

58,23

Índia

56,03

Bahrein

30,81

Ruanda

58,23

México

46,66

Luxemburgo

31,15

Finlândia

57,99

Venezuela

33,11

Quênia

57,24

Arábia Saudita

35,02

Vietnã

56,87

Irã

35,49

Malawi

56,85

Malta

36,44

Zimbábue

56,21

Catar

37,41

Índia

56,04

"Existe uma clareza de que quem inova muito são os países ricos, com o PIB per capta alto, e de que país inovador é o que investe em pesquisa e desenvolvimento, discutindo a qualidade da inovação. No Brasil, por exemplo, há um entendimento de que parceria com startup é super inovador, mas nem sempre é assim. Os países com o crescimento estão investindo, por exemplo, em pesquisa e patente, algo que aqui leva em torno de sete anos para se conseguir", diz Hugo Tadeu.

Indicadores do Brasil

Além de apontar as notas dos países, mesmo que não exista um ranking, a pesquisa os divide por arquétipos. O Brasil aparece em dois: os que reúne os países com crescimento moderado, mas equilibrado, e com desempenho acima da média em sustentabilidade; e os de países com crescimento impulsionado pela eficiência, desenvolvendo inovação, inclusão e resiliência em uma base simples com uma visão ambiental reduzida.

De acordo com a publicação, o Brasil, com PIB per capita PPP (paridade poder de compra) de USD$16.402 (cerca de R$81.000) é considerado como um país do grupo de renda média alta, já que registrou, durante o período de 2018 a 2023, um crescimento de 1,22% no PIB. Em termos de qualidade desse crescimento, o país obteve pontuações de 41,8 em Inovação, 55,3 em Inclusão, 55 em Sustentabilidade e 52 em Resiliência.

Esses resultados não destoam muito da média mundial, porém devem ser aprimorados, por meio de políticas públicas e estratégias organizacionais que aderecem os principais desafios atuais, para potencializar o crescimento sustentável diante de novas tendências emergentes no âmbito tecnológico, social e político.

O Brasil apresenta alguns destaques positivos que podem potencializar um crescimento promissor frente a macrotendências. Por exemplo, a disponibilidade de recursos hídricos e a maior concentração de oferta de alimentos, devido à forte produção agrícola do país, ampliam a resiliência a eventos que impactam o suprimento desses recursos básicos.

Contudo, há pontuações baixas para distribuição de renda (18,3), acesso a contas bancárias (11,8), patentes (2,4) e patentes verdes (1,6). "Esses indicadores estão bastante abaixo da média global pela falta de investimentos e mudanças significativas no país", diz Hugo Tadeu.

Resultados dos principais indicadores para Brasil

Indicadores

Pontuação

Pilar

Indicadores de maior pontuação

Recursos hídricos

100

Resiliência

Concentração da oferta de alimentos

100

Resiliência

Acesso à eletricidade em zona rural

97,5

Inclusão

Índice de segurança cibernética

96,6

Resiliência

Custo em TICs

94

Inclusão

Cobertura de rede móvel

92,4

Inovação

Investimento em energia renováveis

91,0

Sustentabilidade

Adesão a tratados ambientais

89,7

Resiliência

Subsídio a combustíveis fósseis

85,1

Sustentabilidade

Diversificação de fonte de energia

83,6

Resiliência

Indicadores de menor pontuação

Distribuição de renda

18,3

Inclusão

Capacidade nacional de atendimento emergencial em saúde

16,7

Resiliência

Treinamento para profissionais em meio de carreira

13,8

Resiliência

Capital em TIC

13,3

Inovação

Registro de marcas

13,0

Inovação

Acesso a contas bancárias e poupança

11,8

Inclusão

Exportações de serviços avançados

8,1

Inovação

Patentes

2,4

Inovação

Patentes verdes

1,6

Sustentabilidade

Iniquidade econômica

0

Inclusão

Polarização política

0

Resiliência

O estudo aponta ainda que os pontos de atenção no país são:

  • O desenvolvimento e a aplicação de propriedade intelectual, que desempenham um papel importante na geração de soluções para que a economia seja capaz de absorver e evoluir diante de novos progressos tecnológicos, sociais, institucionais e organizacionais.

  • Maior inclusão no sistema financeiro, quando melhores condições do crescimento do futuro abrangem barreiras de inclusão a serem ultrapassadas no Brasil. Dentre elas, destacam-se: maior distribuição de riquezas e renda e ampliação do acesso a contas bancárias pela população.
  • Treinamentos e educação, apontados no relatório como "upskilling" e "reskilling", visto que as macrotendências digitais estão transformando de maneira significativa as habilidades necessárias para que as empresas permaneçam competitivas e operem efetivamente no cenário de transformação digital.

Metodologia

Foi adotada uma metodologia comparativa entre as nações, sem a formatação de um ranking, garantindo as diversidades dos modelos de crescimento e em busca de caminhos para o futuro. 400 indicadores foram selecionados previamente para a análise dos dados, com uma seleção final de 84 indicadores, sendo 63 deles baseados em coleta de dados e 21 indicadores oriundos de uma survey eletrônica com foco em pesquisa de opinião com executivos em cargos de tomada de decisão e importantes formuladores de políticas públicas nos países participantes.

Acompanhe tudo sobre:DavosFórum Econômico MundialFundação Dom CabralDesenvolvimento econômico

Mais de ESG

O chamado de Gaia: o impacto da crise climática sobre as mulheres

O que é o mercado de carbono e por que ele pode alavancar a luta contra a crise climática

Rascunho atrasado e sem números: cresce temor sobre "COP do retrocesso"

COP29: países ricos se comprometem a parar de abrir centrais a carvão