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Parque da Cidade, em Belém: no local serão instaladas a Blue Zone e a Green Zone da COP30. (Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 4 de setembro de 2025 às 20h21.
Última atualização em 4 de setembro de 2025 às 20h27.
A pouco mais de dois meses do início da COP30, a organização do evento contabiliza 68 países com presença garantida em Belém e outros 46 com tratativas em andamento para fechar acomodações.
Os números, confirmados pela Secretaria Extraordinária para a COP30 (SECOP), representam um avanço de 10% nas confirmações em relação ao balanço da semana anterior, quando 61 delegações haviam garantido hospedagem.
Do total de confirmados, 53 nações realizaram suas reservas por meio dos pacotes oficiais disponibilizados na plataforma do governo, enquanto 15 optaram por contratar hospedagens diretamente no mercado, fora do sistema oficial.
Entre as delegações que já garantiram presença estão Japão, Espanha, Noruega, Portugal, Arábia Saudita, Egito, República Democrática do Congo e Singapura.
O aumento nas confirmações é atribuído à força-tarefa interministerial anunciada em 22 de agosto, coordenada pela SECOP em conjunto com a presidência da COP30, o Ministério do Turismo e o governo do Pará.
O grupo atua de forma direta com as delegações que ainda enfrentam dificuldades para garantir estadia na capital paraense.
O avanço ocorre após um momento de forte tensão internacional. Em um reunião online realizada em agosto, a organização da COP30 e representantes da ONU discutiram soluções para a especulação hoteleira e altos preços de acomodações que ameaçava o evento.
O encontro foi motivado por um pedido formal da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC) após um bloco de 25 países, capitaneados pelo Grupo Africano de Negociadores, solicitar a mudança de sede da conferência.
Na ocasião, o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, foi categórico: "Não há como mudar o lugar da COP30".
O governo brasileiro rejeitou subsidiar hospedagens para países não vulneráveis e defendeu que a ONU revisasse o valor diário de auxílio oferecido em Belém. Como resposta imediata, foi criada a força-tarefa que priorizaria o atendimento aos 72 países mais vulneráveis, conforme critérios da ONU.
A secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, na época, detalhou que a ONU havia solicitado explicitamente que o Brasil subsidiasse hospedagens para todas as delegações, não apenas para as mais vulneráveis.
O que foi negado categoricamente pelo governo brasileiro, que argumentou impossibilidade de usar recursos públicos para tal fim e sugeriu que a própria ONU elevasse seu valor de auxílio-permanência.
Em evento realizado na semana passada em São Paulo, o governador do Pará, Helder Barbalho, revelou que 2.340 leitos estão bloqueados para as 198 nações signatárias da UNFCCC e expressou confiança no sucesso da operação.
"A partir desta semana até a próxima sexta-feira, nós estaremos dialogando diretamente com todas as embaixadas para que os leitos que estão bloqueados especificamente para esses países possam concluir esta etapa de reserva", declarou.
"Vamos superar, sem dúvida alguma, mais de 100 países", completou Barbalho, afirmando que o Brasil receberá mais delegações do que a COP29, realizada em Baku, que contou com 195 países.
Apesar do otimismo, um desafio substancial permanece: para que as decisões tomadas durante a conferência tenham validade, é necessária a presença de pelo menos dois terços dos países signatários, o que equivale a 132 delegações. O número atual de confirmados corresponde a pouco mais de um terço do total.
A CEO da COP30, Ana Toni, tem mantido uma intensa agenda de engajamento em eventos pré-COP, reforçando a mensagem de que a conferência ocorrerá em Belém e que a presença massiva de negociadores é fundamental para o sucesso do combate global às mudanças climáticas.
O governo segue confiante de que as tratativas com as 46 delegações restantes resultarão em novas confirmações na próxima semana.