ESG

Apoio:

logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
Logo Lwart

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

COP30: organizações reagem à escolha de André do Lago como presidente

O embaixador do Itamaraty já era um dos nomes cotados pela sua trajetória em negociações multilaterais do clima e sua escolha foi vista com bons olhos para liderar a agenda desafiadora

André do Lago participou da comitiva brasileira na COP29 em Baku, no Azerbaijão, e depois seguiu para o G20 no Rio de Janeiro (Leandro Fonseca/Exame)

André do Lago participou da comitiva brasileira na COP29 em Baku, no Azerbaijão, e depois seguiu para o G20 no Rio de Janeiro (Leandro Fonseca/Exame)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 16h34.

Última atualização em 21 de janeiro de 2025 às 18h05.

Uma liderança capaz de converter ambição global em resultados concretos e mensuráveis, em um momento decisivo para o combate à crise climática no mundo. Esta é a expectativa de organizações ambientais frente à nomeação do embaixador André Aranha Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, como presidente da 30º Conferência de Mudanças Climáticas da ONU (COP30) no Brasil.

O maior evento do clima do mundo acontece em Belém do Pará, bem no coração da Amazônia, de 10 a 21 de novembro, e o anúncio era bastante esperado neste início de ano. 

A escolha oficializada pelo presidente Lula gerou reações imediatas de entidades privadas e da sociedade civil logo após a reunião do Planalto nesta terça-feira (21), e foi recebida de forma positiva frente à agenda desafiadora e a urgência em fortalecer o multilaterismo global.

Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, disse à EXAME que André do Lago traz uma combinação rara de experiência diplomática e visão para transformar o Acordo de Paris em realidade. “A COP30 não pode ser apenas mais uma conferência — ela precisa ser um ponto de virada", destacou.

O Observatorio do Clima recebeu com satisfação o anúncio e disse que "Lula acertou, mas Lago precisa correr", se referindo ao fato do aquecimento da Terra ter ultrapassado o limite de 1.5ºC, ao mesmo tempo em que a geopolítica se volta contra a ação climática e cooperação internacional. Isto tudo se soma a medidas anti-clima decretadas por Trump nos EUA e uma 'esteira do fracasso da COP29' em Baku, no Azerbaijão, quando os acordos ficaram bastante aquém da necessidade para enfrentar os gigantes desafios do clima.

"Caberá ao presidente da COP – em simbiose com ministra do Meio Ambiente, Marina Silva – navegar a tormenta geopolítica e desviar dos icebergs domésticos: a própria demora de Lula em fechar o nome sinaliza menos consenso no Planalto sobre a relevância do evento do que pareceu em 2022, quando o presidente brasileiro sinalizou disposição de preencher o vácuo de liderança climática global", manifestou a organização.

Nos bastidores, a demora na escolha de quem iria presidir o cargo foi motivo de críticas ao governo, e em parte por discordâncias internas. 

Além do Observatório do Clima, Greenpeace Brasil, Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, WWF-Brasil e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) se mostraram satisfeitos com a nomeação.

Foi unanimidade que a vasta trajetória de André do Lago como diplomata e em negociações climáticas multilaterais é essencial para a missão de mediar e facilitar os processos da COP entre os 190 países da membros da ONU e avançar na agenda de desenvolvimento sustentável.

Carolina Pasquali, diretora executiva do Greenpeace Brasil, ressaltou que André terá uma grande responsabilidade pela frente. "Em um mundo polarizado, com os Estados Unidos - o segundo maior emissor do mundo de gases do efeito estufa - deixando o Acordo de Paris, enquanto vemos os eventos extremos se intensificarem, será necessária muita habilidade para que avanços cruciais aconteçam". 

Já a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, considerou a "escolha excepcional" e celebrou o sólido diálogo do embaixador com organizações da sociedade civil e privadas. "Sua liderança está à altura do grande desafio que representa a organização da COP mais crucial dos últimos dez anos, em um momento decisivo para o multilateralismo", destacou a gerente executiva da organização, Carolle Alarcon. 

A articulação entre o setor público e privado também foi reconhecida pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), que acredita em André para colocar o Brasil como protagonista na agenda global.

"Ao longo dos anos, a atuação do novo presidente da COP30 tem sido fundamental para engajar empresas de diversos setores, ampliando a participação do setor privado nas discussões sobre mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável”, disse Marina Grossi, presidente do CEBDS.

A executiva também acredita que ele será peça-chave no fortalecimento do diálogo, para que a COP no Brasil termine com resultados expressivos, sobretudo após os impasses vistos durante a última Conferência do Clima em Baku.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) também disse confiar em André para liderar as discussões rumo a metas climáticas mais ambiciosas, as conhecidas NDCs, frente à saída dos EUA do Acordo de Paris e a necessidade de uma maior redução das emissões pelos outros países.

Desde 2023 no cargo do Ministério das Relações Exteriores, o embaixador já era um dos nomes fortemente cotados e vinha trabalhando em conjunto com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a secretária de Mudança do Clima da pasta, Ana Toni, que agora passa a assumir as funções de CEO e diretora executiva.

O burburinho em torno do seu nome era grande ainda hoje pela manhã (21), visto que André desistiu de participar do Fórum Econômico Mundial em Davos para participar da reunião decisiva do Planalto em Brasília. A oficialização era esperada para acontecer na última quarta-feira (15), mas foi adiada.

Atraso e altas expectativas

Embora não haja uma regra da ONU, tradicionalmente o país-sede da COP anuncia quem irá coordenar a realização, formada especialmente por um presidente, um CEO, e dois “High Level Champions” (representantes de alto nível) na edição anterior da Cúpula. O Brasil estava consideravelmente atrasado e saiu da COP29 em Baku sem nenhuma definição, o que aumentou ainda mais as expectativas.

A exemplo do seu antecessor, o governo do Azerbaijão havia definido a presidência em 4 de janeiro de 2024, um mês depois de ter tido a sua capital como sede definida pela ONU -- junto com Belém, em 2025. 

Acompanhe tudo sobre:COP30Mudanças climáticasClimaBiodiversidade

Mais de ESG

Brazil House abre programação em Davos com painel sobre investimento bilionário em florestas

Por que é importante entender fenômenos climáticos para operar o sistema elétrico interligado?

Com saída dos EUA do acordo de Paris, China amplia compromissos sustentáveis

"Acordo de Paris é esperança da humanidade", diz Von der Leyen após Trump retirar EUA do pacto