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COP30: muito além da diplomacia climática

Triplicar a capacidade global de energias renováveis é parte dos esforços imprescindíveis para limitar o aquecimento do planeta a níveis suportáveis

O Global Solar Council (GSC) projeta que a fonte solar fotovoltaica poderá representar mais de 8 TW de capacidade instalada operacional até 2035 (Raízen/Divulgação)

O Global Solar Council (GSC) projeta que a fonte solar fotovoltaica poderá representar mais de 8 TW de capacidade instalada operacional até 2035 (Raízen/Divulgação)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 28 de julho de 2025 às 16h00.

Última atualização em 28 de julho de 2025 às 16h32.

Por Sônia Dunlop e Rodrigo Sauaia*

A COP30, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, acontecerá em novembro deste ano, na cidade de Belém (PA), em plena Amazônia brasileira, símbolo da biodiversidade do planeta e um dos mais conhecidos patrimônios naturais da humanidade.

Os mais respeitados cientistas climáticos do mundo alertam, em alto e bom tom: aumentar as ambições nacionais para reduzir mais forte e rapidamente as emissões de gases de efeito estufa é fundamental para conter o aquecimento do planeta e proteger a humanidade contra danos climáticos ainda mais severos às pessoas, propriedades, setores produtivos e economias.

Com o apoio inestimável da imprensa na informação e conscientização de cidadãos, a sociedade acordou para a urgência do tema: a COP deixou de ser um evento para técnicos de governo e ambientalistas, deixou de ser restrita à diplomacia climática entre países, e se tornou um dos principais momentos geopolíticos de cada ano.

Por isso, com a proximidade da COP30, há uma crescente expectativa quanto ao papel do Brasil nas discussões e nas negociações sobre redução de emissões de gases de efeito estufa.

Nesse contexto, deve-se ter a clareza de que é possível proteger as pessoas e o meio ambiente, incluindo a floresta amazônica e os biomas naturais ao redor do mundo, e, ao mesmo tempo, promover o desenvolvimento econômico e social.

O mito de que haveria um suposto conflito entre desenvolvimento e combate às mudanças climáticas, insistentemente propagado como um dilema por alguns líderes de nações e, principalmente, por grupos econômicos com interesses específicos em atrasar a transformação profunda em curso, não se sustenta.

A queima de combustíveis fósseis é, reconhecidamente, um dos principais causadores do aquecimento global.

Por isso, o setor de energia é especialmente importante para a COP30. Em especial, os próximos 10 anos serão determinantes para o futuro climático do planeta e da humanidade. Diante disso, é preciso reconhecer o papel das fontes renováveis na descarbonização

Por isso, triplicar a capacidade global de energias renováveis, conforme compromisso assinado por mais de uma centena de países na COP28, é parte dos esforços imprescindíveis para limitar o aquecimento do planeta a níveis suportáveis.

Com seu imenso potencial de fortalecer economias e gerar empregos locais, as fontes limpas são um caminho efetivo para dar respostas concretas ao falso dilema entre desenvolvimento econômico, redução das emissões e sustentabilidade ambiental.

Esse caminho passa, sem dúvidas, pela fonte solar, atualmente a fonte de geração de eletricidade mais acessível, competitiva e escalável do planeta. Tanto que, em 2024, de toda a nova capacidade de geração renovável adicionada no mundo, 81% vieram da fonte solar, líder isolada no crescimento das renováveis.

A energia solar já emprega mais de 7 milhões de pessoas globalmente, segundo dados da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), sendo a fonte renovável que mais gera empregos no mundo. Esses empregos verdes são criados de forma regionalizada nos países, impulsionando as economias locais com vagas de qualidade e novos negócios para as comunidades.

Com boas políticas e incentivos governamentais, esses empregos poderão crescer com força nos próximos anos. O Brasil possui uma vantagem importante em recursos naturais disponíveis e avançada composição da sua matriz elétrica, majoritariamente baseada em tecnologias renováveis, limpas e competitivas.

Por isso, serve de exemplo e inspiração para outras nações no processo de transição energética. No país, já foram gerados pelo setor solar mais de 1,7 milhão de novos empregos locais e de qualidade, melhorando a realidade de comunidades e profissionais em todas as suas regiões.

A economia verde, no Brasil e no mundo, tem na energia solar um dos pilares centrais de sua construção e crescimento.

A tecnologia fotovoltaica fortalece a sustentabilidade, alivia o orçamento das famílias e eleva a competitividade dos setores produtivos. É peça-chave para segmentos econômicos em franca expansão e que demandam cada vez mais eletricidade, tais como mobilidade elétrica, data centers, inteligência artificial, hidrogênio verde, armazenamento de energia elétrica, eletrificação rural e microrredes, entre tantos outros.

Apesar do avanço expressivo da solar nos últimos dez anos, tendo atingido recentemente mais de 2 terawatts (TW) de capacidade instalada operacional no mundo, a transição energética ainda enfrenta gargalos estruturais.

Um dos principais obstáculos é o alto custo de financiamento para projetos fotovoltaicos, especialmente em países em desenvolvimento, onde o potencial é enorme, mas o risco percebido por investidores é mais elevado.

Outro entrave relevante é a infraestrutura elétrica desatualizada ou deficiente. A falta de redes de transmissão e distribuição construídas com o objetivo claro de ampliar a participação das fontes renováveis e facilitar sua integração nas matrizes elétricas, dificulta e atrasa a implantação de novas usinas e a entrega desta energia limpa e competitiva aos consumidores.

O Global Solar Council (GSC), que representa o setor solar em âmbito internacional, projeta que a fonte solar fotovoltaica poderá representar mais de 8 TW de capacidade instalada operacional até 2035 – quatro vezes mais do que a capacidade atual.

Para chegar a este patamar nos próximos 10 anos, é necessário acelerar o ritmo de expansão, superando os entraves existentes com boas metas e incentivos nacionais, com adequada cooperação internacional e com mais ação coordenada para entregar as promessas feitas pelas nações às suas populações e ao mundo.

Além da responsabilidade de proteger a maior floresta tropical do planeta, o Brasil tem uma oportunidade única de liderar essa nova frente estratégica, como anfitrião e presidente dos trabalhos climáticos da COP30.

A COP30 será um momento crítico para o planeta. Nela, todos os países deverão apresentar compromissos mais ambiciosos de redução de emissões, do que aqueles apresentados no Acordo de Paris da COP21. Por isso, o evento tem o potencial de marcar o início de uma nova etapa nos esforços coordenados contra o aquecimento global.

*Sônia Dunlop é CEO do Global Solar Council (GSC) e Rodrigo Sauaia é Chair do Global Solar Council (GSC) e CEO da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR)

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