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COP29 caminha para um desfecho amargo e Azerbaijão leva "Fóssil do Dia"

"Premiação" concedida nas Cúpulas do Clima reconhece países que estão travando as negociações; Hoje um novo rascunho foi divulgado e quem levou a honraria foi o próprio anfitrião

Desde que foi escolhido para sediar a COP29, o Azerbaijão enfrentou controvérsias por ser mais um petropaís  (Leandro Fonseca/Exame)

Desde que foi escolhido para sediar a COP29, o Azerbaijão enfrentou controvérsias por ser mais um petropaís (Leandro Fonseca/Exame)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 22 de novembro de 2024 às 15h48.

Última atualização em 22 de novembro de 2024 às 16h04.

"O fóssil de hoje vai para um país que não entende a gravidade da Presidência, ou o valor da sociedade civil. O Azerbaijão ficou aquém, muito aquém da liderança necessária, o que não deve ser tão difícil, já que as duas COPs anteriores foram organizadas pela indústria de combustíveis fósseis", disse a Climate Action Network (CAN), rede climática que concede o prêmio "Fóssil do Dia" na Conferência do Clima da ONU (COP29), em Baku. 

No primeiro dia da honraria indesejada, concedida em 15 de novembro, quem levou foi o grupo das economias mais ricas do mundo, o G7: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.

Após a Presidência da COP divulgar um novo rascunho atualizado nesta manhã de sexta-feira (22), data prevista para o fim do maior evento de clima do mundo, foi a vez do prêmio chegar no próprio país-anfitrião.

O texto propôs uma meta de financiamento climático de 250 bilhões de dólares anuais, muito aquém da necessidade de 1,3 trilhão para financiar ações de adaptação e mitigação em países em desenvolvimento.

Líderes e negociadores reagiram e disseram ser "inaceitável e inadequado" e "retratar uma COP que parece estar longe do fim". Neste fim de semana, a expectativa é chegar em novos textos ou um acordo final. No entanto, a COP29 caminha para um desfecho amargo e é alvo de críticas.

Ontem (21), o Fóssil foi para a União Europeia, que estaria defendendo um valor de US$ 200 bilhões a US$ 300 bilhões. “A UE afirmou repetidamente que quer ser um ‘construtor de pontes’ na COP. Se você realmente deseja construir essa ponte, precisa apresentar algo concreto”, disse em nota Emília Runeberg, especialista em finanças climáticas da CAN Europa. 

Até então, a única meta de financiamento voltada à ação climática foi uma promessa feita em 2009, na COP15 em Copenhague, quando os países se comprometerem a levantar 100 bilhões de dólares anuais. Embora os 250 bilhões estejam acima deste patamar, ainda são bastante insufientes frente ao desafio. Em Baku, a sociedade civil também reagiu e considerou o anúncio "um constrangimento absoluto". 

Expectativas frustradas

Desde o início, o Azerbaijão gerou controvérsias e dúvidas para sediar o maior evento de combate à crise climática do mundo. Isto porque, é mais um país baseado na indústria de petróleo e vai contra o fim dos combustíveis fósseis, decisão crucial para a descarbonização e transição energética global.

Segundo o Climate Action Network, a abordagem do Azerbaijão de "pegar ou largar" está colocando em risco não apenas a nova meta global de financiamento climático (NCQG) que é crucial para um acordo bem-sucedido, como também outros tópicos-chaves que não promovem ações climáticas baseadas em direitos humanos -- como os Programas de Trabalho de Transição Justa e Gênero.

"Nestas horas decisivas, a Presidência deve aproveitar todas as oportunidades para trazer os negociadores de volta à mesa e garantir os resultados transformadores que teve o mandato e a responsabilidade de entregar", destacou a organização em comunicado.

Outra questão que gerou revolta e indignação foi a falta de menção de responsabilidade da indústria fóssil. O novo texto apresentado retirou a tarefa de grandes poluidores pagarem a conta da crise climática, especialmente as gigantes de petróleo.

"Isto é um desastre e exclui uma alternativa que poderia mobilizar bilhões de dólares em países desenvolvidos para serem direcionados ao mundo. Novamente o lobby das grandes empresas deixou sua marca, implicando em uma enorme perda para as comunidades vulnerabilizadas", comentou em nota Camila Jardim, especialista do Greenpeace Brasil.

COP29

Nesta sexta-feira (22), a ONG Greenpeace escolheu o verbo "Persistir" para dar luz ao fim das negociações na COP29

O Climate Action Network também reiterou que "não há esperança sem financiamento climático e devemos avançar em Baku antes de chegarmos a Belém, na COP30".

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