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Pressão: manifestantes protestam por acordos na COP e alertam para a urgência (Leandro Fonseca/Exame)
Agência de notícias
Publicado em 5 de dezembro de 2023 às 08h48.
A COP28 iniciou nesta terça-feira (5) a grande discussão sobre quando e como acabar com a dependência dos combustíveis fósseis, com um projeto de negociação em aberto, ao mesmo tempo que um grupo de cientistas alerta que o mundo pode superar a barreira de aquecimento de +1,5ºC em sete anos.
A conferência de todos os recordes, com mais de 80.000 delegados inscritos, tem pela frente dois dias de negociações intensas, segundo diversas fontes consultadas.
A partir de sexta-feira (8) será responsabilidade dos ministros tomar decisões entre as várias opções sobre a mesa.
A 28ª Conferência sobre a Mudança Climática, que tem a presidência dos Emirados Árabes Unidos, termina oficialmente em 12 de dezembro.
A principal meta é elevar a ambição coletiva para reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE), com novos prazos, compromissos mais rigorosos e valores de financiamento o mais concretos possíveis.
A poluição por combustíveis fósseis aumentou 1,1% no ano passado, segundo um estudo do grupo de climatologistas Global Carbon Project. Os cientistas acreditam que há 50% de risco de o aquecimento superar até 2030 a barreira de 1,5ºC em comparação à era pré-industrial, objetivo estabelecido como limite recomendado no Acordo de Paris, assinado em 2015.
Em outubro, por exemplo, a temperatura média mundial ficou próxima de um aumento de 1,4ºC.
Um rascunho de 24 páginas divulgado nesta terça-feira pela ONU apresenta basicamente três opções sobre os combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão).
A primeira opção seria pedir uma "saída ordenada e justa dos combustíveis fósseis", sem mencionar uma data.
Outra opção seria pedir a "aceleração dos esforços para abandonar os combustíveis fósseis até meados do século".
A terceira possibilidade é ainda mais aberta: "sem texto", ou seja, deixar totalmente de lado a realidade incômoda de que o mundo é dependente, atualmente, dos combustíveis de origem fóssil para produzir, consumir e fazer seus deslocamentos, e não pode eliminá-los no momento.
O ministro saudita da Energia, Abdulaziz bin Salman, se declarou "totalmente" contrário à redução do consumo de petróleo.
"Gostaria de apresentar o desafio a todos aqueles que (...) saem publicamente dizendo que temos de (reduzir o uso dos combustíveis). Eu apresento os nomes e números dos telefones, liguem para eles e perguntem como vão fazer isso", afirmou em uma entrevista. O presidente da COP28 é o CEO da empresa nacional de petróleo dos Emirados Árabes Unidos, Sultan Ahmed Al Jaber.
Jaber expressou disposição de aceitar a necessidade de uma "redução" do consumo dos combustíveis fósseis, mas não sua eliminação. "Estamos no momento em que as propostas estão crescendo, como um balão. Crescem e depois devem voltar normalmente para sua base, ao equilíbrio normal na segunda semana", explicou uma fonte chilena, que pediu anonimato.
A reunião de Dubai não discute apenas o destino dos combustíveis, mas também o dos compromissos nacionais de redução de emissões de gases de efeito estufa.
Os países apresentaram um balanço em setembro e agora devem anunciar novos objetivos, mais ambiciosos.
O mundo deve reduzir em 43% a emissão de gases até 2030, citou Jaber em uma entrevista coletiva. No ritmo atual, a redução seria de apenas 2%, segundo a ONU.
A COP28 tem um recorde de representantes do setor de combustíveis fósseis, mais de 2.000, segundo uma aliança de organizações ambientalistas.
"Apesar de suas promessas, os governos não adotaram medidas suficientes para reduzir as projeções de aquecimento. Alguns, inclusive, recorrem a soluções falsas, como a captura e armazenamento de carbono para prosseguir com a dependência mundial dos combustíveis fósseis", denunciou a organização Climate Action Tracker.