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(AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 29 de novembro de 2023 às 11h18.
Última atualização em 29 de novembro de 2023 às 12h35.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai apresentar esta semana, na COP28, seu bom desempenho no combate ao desmatamento na Amazônia, estratégico na luta contra as mudanças climáticas, e vai anunciar novas propostas de proteção das florestas com exigências aos países mais ricos.
Após iniciar seu terceiro mandato, em janeiro, Lula - que prometeu acabar com o desmatamento ilegal até 2030 - exibe o melhor resultado em quatro anos sobre a situação da Amazônia.
O desmatamento na maior floresta tropical do planeta, que aumentou fortemente durante o mandato de seu antecessor, Jair Bolsonaro, caiu 22% em doze meses até julho, segundo números oficiais.
Nos primeiros dez meses do ano, o desmate recuou 48,9%.
Segundo cientistas, frear a destruição da Amazônia é fundamental para tentar impedir que a floresta chegue a um ponto de não retorno, a partir do qual passará a emitir mais carbono do que absorve, agravando o aquecimento global.
De acordo com dados oficiais, o Brasil também tem uma matriz energética alimentada em quase a metade por fontes renováveis - com 89% de energia elétrica limpa -, como uma cartada adicional para exigir um maior compromisso do mundo desenvolvido com as metas climáticas.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, respeitada internacionalmente, afirmou que o Brasil vai "de cabeça erguida" à Conferência Climática da ONU, a COP28, em Dubai, "mais para cobrar do que ser cobrado".
Marina antecipou que vai pedir das potências globais as promessas de ajuda aos países vulneráveis, além de debater os desafios pela frente "para tirar o pé no acelerador dos combustíveis fósseis num contexto geopolítico que não é fácil".
Mas o balanço tem algumas nuances.
Mesmo com os avanços na Amazônia, o desmatamento no Cerrado, considerado a caixa d'água do país por abrigar nascentes de importantes bacias hidrográficas, disparou 34% entre janeiro e outubro em relação ao mesmo período do ano anterior.
Além disso, o Brasil dificilmente conseguirá cortar suas emissões em 480 milhões de toneladas de CO2, quantidade necessária para cumprir suas metas do Acordo de Paris até 2025, quando o país sediará a COP30, segundo um relatório do grupo de políticas climáticas Instituto Talanoa.
E um projeto de exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, defendido por Lula, também é alvo de críticas dos ambientalistas.
O presidente Lula apresentará na COP28 um programa para recuperar terras cultiváveis degradadas e improdutivas, com o qual pretende expandir a área agrícola no Brasil dos atuais 65 milhões de hectares para 105 milhões, sem desmatar.
Para isso, o governo federal estima investir cerca de 120 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 590 bilhões) em uma década.
O presidente também vai propor a criação de um fundo internacional para remunerar a preservação de florestas tropicais em cerca de 80 países.
Segundo Marina, trata-se de um "mecanismo global" que pagaria por cada hectare de floresta preservada ou restaurada com mata nativa e cujos detalhes serão revelados em Dubai.
A presença de Lula na COP28 vai coincidir com o início, na sexta-feira, da presidência rotativa do Brasil no G20, na qual as mudanças climáticas também serão um assunto "central", afirmou Mauricio Lyrio, chefe negociador do país no clube das 20 maiores economias do planeta.
O aquecimento global "não é mais uma especulação, como os negacionistas diziam", mas causa de "problemas econômicos e sociais graves" em nível planetário, acrescentou.
O objetivo do Brasil, que sofreu este ano com eventos de chuvas e secas extremas, será pressionar os países mais ricos a investirem mais no combate ao aquecimento global e na redução das emissões, afirmou Lyrio.
"Financiamento é fundamental e os países precisam desembolsar" mais dinheiro, acrescentou.
Além da agenda climática, o Brasil se concentrará no G20 na luta contra a pobreza e em lançar uma "aliança global contra a fome", inspirada nos programas dos dois primeiros governos de Lula (2003-2010), que reduziram fortemente esta chaga no país.