Protestos na COP27 (Leandro Fonseca/Exame)
Marina Filippe
Publicado em 11 de novembro de 2022 às 14h02.
Última atualização em 11 de novembro de 2022 às 14h03.
De Sharm el-Sheikh
Os protestos fazem tão parte das COPs quantos as negociações de delegados. É comum que na Conferência das Partes ativistas do clima se manifestem de forma organizada contra questões como veganismo, derramamento de óleo, exploração industrial e direitos humanos. Mas, nenhuma manifestação era esperada este ano devido à postura pouco democrática do governo do Egito, onde acontece a conferência.
Antes mesmo do evento começar, já se apontava a prisão de cerca de 70 pessoas que haviam tentado promover manifestações. Além disso, constantes checagens nos passaportes de quem chegou ao balneário de Sharm el-Sheik, sede da COP27, indicava uma forma de controlar os presentes. "Cerca de 10.000 policiais foram trazidos de Alexandria para cá", disse um taxista à equipe da EXAME.
Apesar do ambiente pouco amigável a manifestações, algo mudou desde a última quinta-feira, quando um protesto a favor do veganismo foi organizado logo na entrada da COP27. Dentro do espaço oficial, a chamada blue zone, onde só entram pessoas credenciadas pela ONU, como os jornalistas da EXAME, os apelos pela justiça climática e causas ambientais em geral começaram a ecoar.
Nesta sexta-feira, sob os olhos da organização do evento, diferentes manifestações foram realizadas internamente ao longo do dia. Logo pela manhã, um grupo de jovens repetia o bordão "no more blá blá blá" (chega de blá blá blá, em tradução livre), o mesmo utilizado na campanha de Greta Thunberg, na ação chamada de Fridays For Future (Sextas-feiras pelo futuro, em tradução livre), na COP26, em novembro do ano passado.
À tarde, próximo de onde caminhavam autoridades como a presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, um grupo de dezenas de ativistas pediam por "reparação pelo que foi roubado" ao se referirem sobre como os países desenvolvidos utilizam há anos recursos naturais e mão de obra dos países subdesenvolvidos. O apelo vai ao encontro do debate sobre perdas e danos na mesa dos delegados, que devem definir como e quando aplicar recursos financeiros nos locais mais pobres.
Depois, a menos de dez metros, um protesto menor servia para lembrar que não há um Planeta B. E que as mudanças climáticas afetam todas as pessoas.
Prisões
No início de novembro as autoridades egípcias libertaram o ativista climático indiano Ajit Rajagopal no depois de detê-lo por horas enquanto ele realizava uma “Marcha pelo planeta” a pé do Cairo a Sharm el-Sheikh.
Já o ativista Alaa Abdel Fattah, que é chamado de "o preso político mais conhecido do Egito" parou de comer e beber e está em risco de morte. O ato é também um protesto contra o país, e uma tentativa de mostrar aos demais chefes de estado o que acontece no local.
Leia também