Os ambientalistas americanos se mostraram aliviados com o fato de que o enorme investimento climático de US$ 370 bilhões de Biden não será desmantelado por um Congresso que parece nitidamente dividido (Spencer Platt/Getty Images)
AFP
Publicado em 9 de novembro de 2022 às 16h41.
Última atualização em 9 de novembro de 2022 às 18h12.
As eleições nos Estados Unidos também causam expectativa na conferência da ONU sobre mudança climática no Egito (COP27), onde ativistas pediram ao governo do presidente Joe Biden que acelere as transformações em seu país.
Os ambientalistas americanos se mostraram aliviados com o fato de que o enorme investimento climático de US$ 370 bilhões de Biden não será desmantelado por um Congresso que parece nitidamente dividido.
Biden deve falar na assembleia da COP27 na sexta-feira, 11.
"Acho que será um erro catastrófico se o presidente Biden não aproveitar a oportunidade única para se tornar o 'presidente climático' de que o mundo precisa", comentou Jean Su, diretor do programa de Justiça Energética do Centro para a Diversidade Biológica, um grupo americano.
"Estamos realmente em um momento-chave para que o mundo não seja um lugar inabitável", explicou em entrevista coletiva.
Biden tem de usar seus poderes presidenciais para declarar uma emergência climática, completou.
Su expressou, porém, sua satisfação com o resultado esperançoso de muitos candidatos que fizeram campanha com o clima como parte de sua agenda.
"Muitos campeões climáticos venceram em vários estados", assegurou a diretora de Política Climática do "think tank" Center for American Progress, Frances Colon.
"Espero que aproveitem esse momento para fazer mais políticas climáticas", disse.
Os republicanos esperavam uma "maré vermelha" que, no final, aconteceu apenas no estado da Flórida, cenário recente de um furacão devastador, Ian, que deixou bilhões em perdas.
"Os republicanos fizeram campanha contra a inflação e contra o aumento dos preços do petróleo", apontou Colon.
Em sua opinião, porém, "negar a mudança climática não foi muito bom para eles".
"Esquivamos uma bala", resumiu o enviado especial para o clima de Biden, John Kerry.
Os republicanos não serão, em princípio, capazes de reverter o grande programa legislativo de Biden, a Lei de Redução da Inflação.
"O que se pode esperar é que retardem as coisas, que coloquem obstáculos no caminho", acrescentou Colon.
Os ativistas reconheceram que uma vitória republicana na Câmara de Representantes comprometeria a promessa de Biden de contribuir com US$ 11,4 bilhões para o fundo de US$ 100 bilhões que os países ricos deveriam dar, todos os anos, aos países em desenvolvimento para enfrentar as mudanças climáticas.
Na opinião de Colon, os democratas precisam aprovar a legislação antes que o novo Congresso tome posse em janeiro.
Após essa última intensa campanha, todos os olhos se voltam agora para a eleição presidencial de 2024, na qual o ex-presidente Donald Trump parece determinado a concorrer.
O ex-presidente retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris em 2017, decisão que Biden reverteu assim que assumiu o poder.
"Sabemos como foi difícil, não apenas para os Estados Unidos mas para o mundo inteiro", disse Ramon Cruz, presidente do Sierra Club, uma importante organização ambientalista.
O Sierra Club, uma das organizações mais antigas dos Estados Unidos, apoiou publicamente alguns candidatos nestas eleições, e já se prepara para 2024, assegurou.
Alguns ativistas são mais críticos em relação aos Estados Unidos.
"Agiram de má-fé, além dessas eleições", estimou Harjeet Singh, especialista da Climate Action Network.
Singh denunciou que Washington há anos se opõe às tentativas de criar um fundo de "perdas e danos", pelo qual os principais poluidores compensariam os países em desenvolvimento pela destruição causada por desastres climáticos.
"Temos de olhar para o papel dos Estados Unidos além desta eleição. Cabe aos Estados Unidos mudarem de direção e serem mais construtivos", acrescentou.
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