ESG

COP27: as políticas climáticas necessárias para o Brasil chegar ao net zero, segundo a FGVces

Estudo apresenta de maneira sistemática os problemas, as soluções e as forças políticas no caminho do país para a neutralidade em carbono até 2050

Realidade "net zero": "É preciso uma perspectiva mais abrangente, focada nos processos que resultam em mudanças estruturais", segundo especialista (Leandro Fonseca/Exame)

Realidade "net zero": "É preciso uma perspectiva mais abrangente, focada nos processos que resultam em mudanças estruturais", segundo especialista (Leandro Fonseca/Exame)

Estudo realizado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de Administração da FGV-São Paulo (FGVces) traz frentes possíveis de estratégia para que o Brasil zere suas emissões líquidas de carbono até 2050. A iniciativa leva em consideração os compromissos internacionais assumidos pelo país e faz parte do projeto Net Zero Political Economy, coordenado pela organização Climate Strategies e financiado pela Climate Works Foundation. Além do Brasil, China, Nigéria, Índia e Indonesia participam do estudo. 

“Essa pesquisa sistematiza discussões atuais acerca dos problemas, possíveis soluções e principais forças políticas em diversos segmentos da economia brasileira a partir de uma perspectiva e framework comuns, facilitando a identificação de sinergias que podem auxiliar na transição para uma economia de baixo carbono”, afirma Gustavo Velloso Breviglieri, pesquisador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de Administração de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGVces). 

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Segundo o estudo, há a necessidade de abordar as políticas de clima e, em especial, as de conservação de florestas, envolvendo a sociedade civil e as empresas. Outra necessidade apontada é a de identificar e engajar as comunidades tradicionais e os povos indígenas, bem como grupos econômicos com poder de influência local com potencial para apoiar a formulação e a implementação de políticas públicas compatíveis com metas de emissões líquidas zero. 

“Uma das contribuições do estudo é ressaltar a importância de um ambiente político favorável para que políticas climáticas sejam adotadas (e mantidas). Ou seja, é necessário que diferentes atores tenham “propriedade” da política e “lutem” para mantê-la em funcionamento. É também necessário assegurar que políticas de clima e de controle do desmatamento estejam alinhadas com as necessidades de crescimento econômico e geração de empregos do país”, comenta Breviglieri. 

O documento fala sobre políticas climáticas e de desmatamento, políticas de transporte, energia e gestão de resíduos e políticas voltadas para promover a neutralidade climática. Para Breviglieri, a economia carbono-neutra significa uma oportunidade para o país.  “De forma mais geral, a transição para uma economia carbono-neutra no Brasil oferece uma oportunidade, e até reforça uma necessidade, de maior engajamento de diferentes atores em nível local e da procura e colaboração junto a grupos economicamente relevantes, como associações ou representantes de produtores rurais e da indústria, dispostos a trabalhar por e defender políticas públicas compatíveis com essa nova economia”. 

"Com governança frágil, informalidade, falta de capacidades e recursos dos governos (locais) e incerteza legal e jurídica, simplesmente “acoplar” novas leis, políticas e programas “em cima” dos já existentes pode não trazer os resultados esperados. É preciso uma perspectiva mais abrangente, focada nos processos que resultam em mudanças estruturais, por exemplo, nos incentivos encarados por comunidades locais, produtores rurais, empresas de logística, ao invés da implantação de medidas de curto-prazo e foco restrito", conclui Breviglieri.

Para acessar o documento na íntegra, basta clicar aqui.

 

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