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Consumo anual alimentício da classe C movimenta R$ 345,6 bilhões, segundo o Instituto Locomotiva

Em parceria, a VR e o Instituto Locomotiva trazem dados inéditos sobre os hábitos de consumo da classe C

Hábitos alimentares da classe C: mesmo recebendo o vale refeição, muitos trabalhadores da classe C usam benefício no domicílio e no caso de compras em mercados (Ricardo Moraes/Reuters)

Hábitos alimentares da classe C: mesmo recebendo o vale refeição, muitos trabalhadores da classe C usam benefício no domicílio e no caso de compras em mercados (Ricardo Moraes/Reuters)

Fernanda Bastos
Fernanda Bastos

Repórter de ESG

Publicado em 26 de abril de 2023 às 06h00.

Última atualização em 26 de abril de 2023 às 08h20.

109 milhões. Este é o número de brasileiros pertencentes à classe C, com renda domiciliar média variando entre R$ 2.500 e R$ 4.500. “Essa é a nova classe média brasileira”, diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva. O Instituto, em parceria com a VR, empresa de cartões e serviços do ramo de alimentação, traz dados inéditos sobre esse recorte social.

“A classe C hoje está endividada, uma em cada dez pessoas tem dívidas em aberto, mas essas pessoas continuam comendo, continuam se vestindo. O consumo está aí. As empresas que entenderem a nova demanda da classe C são as empresas que, sem dúvida nenhuma, vão largar na frente na retomada da economia”, comentou Meirelles em evento em São Paulo. 

Quem é a classe C?

Segundo Meirelles, é preciso atualizar o entendimento sobre a classe social levando em consideração as novas necessidades da terceira década do século 21, pois, muitas vezes, a classe C ainda é vista a partir de um olhar distante e um tanto estereotipado. Mas é importante entender que a jornada de trabalho e o dia a dia das pessoas da classe C mudou: hoje há mais autonomia, com elas escolhendo onde vão trabalhar, priorizando os locais que entendem – ou buscam entender – a experiência dessas pessoas. 

De acordo com a pesquisa, a classe tem cor e gênero: 60% dos brasileiros da classe C são negros, enquanto quase metade dos lares chefiados por mulheres. “49% das famílias são chefiadas por mulheres, mas quando olhamos na nossa base de usuários, 58% são homens, o que significa que temos uma dificuldade sobre a retomada da mulher no mercado de trabalho formal. Isso deve gerar uma vulnerabilidade maior dessas mulheres que chefiam famílias, que são responsáveis pela alimentação e a jornada de crianças e idosos, de pessoas que são dependentes dessa liderança feminina nas comunidades, nessas famílias, pertencentes a classe C”, diz o diretor executivo da VR, João Altman.

A realidade da insegurança alimentar

A VR, que tem 45 anos de atuação e 4 milhões de CPFs inscritos na base de dados, tem 70% dos usuários da VR na classe C e sabe que: 58% dos brasileiros vivem em situação de insegurança alimentar, o que ocasiona, por exemplo, no menor consumo de carne.

“70% das pessoas deixaram de comer fora, então quando falamos de refeição, as pessoas passaram a levar marmita para o trabalho. E, mais de 50% das pessoas reduziram o consumo de leite ou tiraram da cesta básica, por exemplo. A inflação consome a qualidade da nutrição principalmente nessas classes”, diz Altman. 

Segundo os entrevistados, 7 em cada 10 pessoas levam marmita para o trabalho, mesmo recebendo o benefício do vale refeição. O que exemplifica que o benefício se torna útil para, não só o consumo no trabalho, mas no domicílio e no caso de compras em mercados. Levando em consideração um salário mínimo médio de R$ 1.300, segundo o critério salarial de janeiro de 2023 do IBGE, o valor ideal do VR seria de R$ 1030. Mas, segundo os dados, o VA e VR médios representam de 3 a 8% do consumo alimentar da classe C

“Para quem não está convencido com o valor moral de que alimentação aumenta a produtividade, que seja por uma questão pragmática. A fome diminui a produtividade. Nenhum país pode viver com dignidade sem que as pessoas do próprio país estejam comendo bem, vamos olhar por outro lado, a insegurança alimentar atrapalha o desempenho das empresas. Muito do que trabalhamos nos vários estudos tem a ver com garantir o que deveria ser um direito básico, que foi impactado pela inflação de alimentos”, comentou Meirelles. 

Hábitos de trabalho

Quando analisamos hábitos de trabalho, a classe C é a classe que mais se adequa ao modelo de trabalho presencial, onde 85% entre os trabalhos da classe C trabalham somente presencialmente. Mas, seja presencialmente ou não, um em cada três trabalhadores (33%) está muito preocupado com a permanência no trabalho, ou com o risco de perder o emprego – essa preocupação aumenta nas classes D e E. 

A saúde também está entre as preocupações dos trabalhadores da classe C, em 2021, a porcentagem de trabalhadores da classe C preocupados com saúde mental era de 10%. Enquanto, em 2022, esse número subiu para 28%. Enquanto, segundo o levantamento, apenas 12% das marcas empregadoras têm algum programa voltado para saúde mental. A preocupação das empresas, que antes era com saúde mental, passou a ser com o horário de trabalho dos funcionários. 

Parcerias com instituições

Além da parceria com a Locomotiva, a VR tem parceria com a CUFA (Central Única das Favelas) de Celso Athayde – que tem eventos como a Expo Favelas, que fomenta o empreendedorismo das comunidades, e o campeonato de futebol Taça das Favelas, além de atender mais de 5 mil favelas pelo país. A companhia também apoia o aproveitamento alimentar por meio do projeto Mãos de Maria, que seleciona mulheres e mães das comunidades de Paraisópolis e Heliópolis para passarem por uma capacitação gastronômica como processo de transformação e profissionalização.

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