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Saúde: o ar de Bangladesh é mais de 15 vezes superior à diretriz anual da OMS (Getty Images)
Jornalista
Publicado em 19 de março de 2024 às 15h15.
Última atualização em 19 de março de 2024 às 15h56.
Apenas sete países, de um total de 134, apresentam qualidade do ar dentro dos padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS). A informação faz parte do sexto Relatório Anual Mundial sobre a Qualidade do Ar, elaborado com base em dados coletados em 2023, divulgado nesta terça-feira, 19.
O relatório, preparado por cientistas de qualidade do ar da IQAir, leva em consideração os dados de cerca de 30 mil estações de monitorização da qualidade do ar, distribuídas por 7.812 locais, em 134 países, territórios e regiões.
Com isso, 92,5% das nações acompanhadas excederam o valor da orientação anual da OMS para PM2,5 de 5 µg/m3 — níveis das pequenas partículas expelidas por veículos e pela indústria que podem causar problemas de saúde.
O continente africano segue como o continente mais sub-representado. Ao todo, um terço da população ainda não tem acesso a dados sobre a qualidade do ar.
Veja quais foram os únicos países que atenderam a recomendação da OMS:
Segundo o relatório, as condições climáticas e a neblina transfronteiriça foram os fatores preponderantes no Sudeste Asiático, onde as concentrações de PM2,5 aumentaram em quase todos os países. As dez cidades mais poluídas do mundo.estão na região da Ásia Central e do Sul. A Índia abrigava as quatro cidades mais poluídas do mundo. Begusarai, localizada no país, foi a área metropolitana mais poluída de 2023.
O relatório aponta ainda os cinco países com os índices mais elevados de poluição. São eles:
Nos Estados Unidos, a grande cidade mais poluída foi Columbus, Ohio. O município de Beloit, em Wisconsin, foi a cidade mais poluída dos EUA. Já Las Vegas, Nevada, foi a grande cidade mais limpa dos EUA.
Pela primeira vez na história do relatório, o Canadá foi o país mais poluído da América do Norte — ao todo, 13 das cidades mais poluídas da região estão localizadas dentro das suas fronteiras.
O relatório aponta ainda que 70% dos dados em tempo real sobre a qualidade do ar na região da América Latina e Caribe provêm de sensores de baixo custo.
"Embora o número de países e regiões com monitorização da qualidade do ar tenha aumentado constantemente ao longo dos últimos seis anos, continuam a existir lacunas significativas na instrumentação regulamentar operada pelo governo em muitas partes do mundo", informa o documento. Monitores de qualidade do ar de baixo custo, patrocinados e hospedados por cientistas cidadãos, pesquisadores, defensores comunitários e organizações locais, cita o material, provaram ser ferramentas valiosas para reduzir lacunas nas redes de monitoramento do ar em todo o mundo.
“Um ambiente limpo, saudável e sustentável é um direito humano universal. Em muitas partes do mundo, a falta de dados sobre a qualidade do ar atrasa ações decisivas e perpetua o sofrimento humano desnecessário. Dados sobre a qualidade do ar salvam vidas. Onde a qualidade do ar é relatada, ações são tomadas e a qualidade do ar melhora”, afirma, por meio de nota, Frank Hammes, CEO Global da IQAir.
Estas estações independentes de monitorização da qualidade do ar revelam uma exposição desproporcional à poluição atmosférica prejudicial entre grupos vulneráveis e sub-representados. As lacunas gritantes nos dados de monitorização da qualidade do ar, onde a poluição é provavelmente fraca, sublinham ainda mais a necessidade de expandir a cobertura da monitorização da qualidade do ar em todo o mundo.
Para Aidan Farrow, cientista sênior de Qualidade do Ar do Greenpeace Internacional, o relatório anual da IQAir ilustra a natureza internacional e as consequências injustas da persistente crise de poluição atmosférica. "É urgentemente necessário um esforço local, nacional e internacional para monitorizar a qualidade do ar em locais com poucos recursos, gerir as causas da neblina transfronteiriça e reduzir a nossa dependência da combustão como fonte de energia”, diz.
Ainda segundo o cientista, em 2023, a poluição do ar continuou a ser uma catástrofe de saúde global. "O conjunto de dados globais da IQAir fornece um lembrete importante das injustiças resultantes e da necessidade de implementar as muitas soluções que existem para este problema.”
Em 2021, a OMS reduziu o número de partículas que considera "níveis seguros” de PM2,5 para 5 microgramas por metro cúbico. O novo critério levou muitos países, como os europeus, a se distanciarem da boa qualificação, ainda que mantenham a tendência de melhora do ar, nos últimos 20 anos.
O mapa interativo da IQAir aponta que alguns municípios brasileiros também enfrentam uma situação crítica quando se analisa a qualidade do ar. Ele classifica as cidades e as concentrações médias anuais de PM2,5.
Estão em piores condições, excedendo entre três e cinco vezes o índice da OMS, as seguintes cidades: