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Risco: casacos impermeabilizados da Patagonia vão abandonar os componentes contaminantes (Instagram/Patagonia/Reprodução)
Jornalista
Publicado em 4 de abril de 2024 às 07h30.
O que era uma característica atraente, se tornou um problema ambiental e foi parar na prancheta de um time de pesquisadores de uma empresa americana.
Os PFAS (substâncias per e polifluoroalquil), usados na impermeabilização de jaquetas da marca Patagonia, da Califórnia, conhecida no segmento de moda esportiva outdoor, se acumulam com o tempo na água, no ar e no solo.
Na Patagonia, o projeto para abandonar os compostos contaminantes até 2025 começou a ser desenvolvido há cinco anos e mirou o processo de produção da jaqueta impermeável Torrentshell. Além de serem aplicados nos tecidos, os PFAS são usados em zíperes e fios.
Os PFAS são uma classe de, aproximadamente, 14 mil produtos químicos utilizados para tornar uma série de itens antiaderentes, impermeáveis e resistentes a manchas. Seu uso é disseminado em diferentes indústrias. Por exemplo, em tapetes resistentes a manchas, panelas antiaderentes, fio dental, alguns tipos de cosméticos e embalagens de alimentos à prova de gordura.
Eles também são usados nas espumas formuladas para conter incêndios de combustível. Estas características tornaram os PFAS conhecidos como "produtos químicos eternos”, pois não se decompõem naturalmente.
Segundo informa o site da Patagonia, o acabamento DWR (sigla para acabamento durável repelente à água) fluorado é um revestimento químico funcional que contém PFCs (abreviação de perfluorocarbonos). O texto alerta para o fato de serem produtos químicos não biodegradáveis com um custo ambiental.
"Os PFCs são extremamente eficazes na repelência de água, mas devido ao seu impacto, estamos no processo de fabricar todas as nossas membranas e acabamentos repelentes de água sem PFCs ou PFAS até 2025", informa a empresa.
Por ora, fica de fora do projeto da Patagonia a linha usada para uso em limícolas, que ainda passam por ajustes. O objetivo, informa a companhia, coincide com as restrições ao uso de PFAS nos estados americanos da Califórnia, Colorado e Maine. O texto lembra ainda que existem limitações propostas na União Europeia.
De acordo com a Patagonia, ainda na primavera de 2024 no Hemisfério Norte, cerca de 96% dos tecidos impermeáveis e contra intempéries, que incluem membranas e acabamentos DWR, serão feitos sem PFAS. No entanto, a empresa ainda busca por outras soluções. Para aplicações críticas de DWR, como uma capa de chuva que poderia ser usada por 24 horas, ainda não há alternativa que atenda às necessidades funcionais das peças.
Não são apenas os usuários destes componentes químicos, mas também seus fabricantes, sob pressão por causa do PFAS. Na última segunda-feira, 1, a 3M anunciou que iniciará os pagamentos a partir do terceiro trimestre para muitos sistemas públicos de água potável dos EUA. O desembolso faz parte de um acordo multibilionário relacionado à contaminação com compostos potencialmente nocivos usados em espuma de combate a incêndios e em vários produtos de consumo.
O acordo com a Justiça, fechado no ano passado, compensa os fornecedores de água pela poluição com substâncias PFAS.
A decisão previa pagamentos até 2036. “A aprovação final deste acordo e o progresso contínuo em direção à saída de toda a fabricação de PFAS até o final de 2025 irão aprofundar nossos esforços para reduzir o risco e a incerteza à medida que avançamos”, disse o presidente e CEO da 3M, Mike Roman, por meio de nota.
Os PFAS têm sido associados a uma série de problemas de saúde, como danos ao fígado e ao sistema imunológico, além de alguns tipos de câncer. Os compostos foram identificados em diferentes níveis na água potável em todo o território dos EUA. A Agência de Proteção Ambiental propôs, em março de 2023, limites estritos para dois tipos comuns de componentes - PFOA e PFOS -, e informou que queria regulamentar quatro outros.