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Conflito na COP29 cresce enquanto sauditas resistem a reafirmar promessa sobre combustíveis fósseis

Negociadores europeus e dos EUA veem a reafirmação dos compromissos acordados no ano passado, incluindo implantação de energia renovável, como essencial para evitar retrocessos na luta climática global

A presidência do Azerbaijão na COP29 terá que atuar como um intermediário neutro (Leandro Fonseca/Exame)

A presidência do Azerbaijão na COP29 terá que atuar como um intermediário neutro (Leandro Fonseca/Exame)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 16 de novembro de 2024 às 14h45.

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Uma disputa está se formando nas negociações climáticas da ONU sobre se os países devem reafirmar o compromisso histórico do ano passado de transitar para fora dos combustíveis fósseis. Negociadores europeus e dos Estados Unidos veem a reafirmação dos compromissos acordados no ano passado, incluindo o aumento da eficiência e a implantação de energia renovável, como essencial para evitar retrocessos na luta climática global, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

No entanto, a Arábia Saudita está liderando uma resistência com uma combinação de táticas de adiamento e manobras de bloqueio, afirmaram as fontes, pedindo para não ser identificados.

O desacordo ocorre em um momento delicado na COP29, que acontece em Baku, no Azerbaijão. Pela primeira vez, um acordo sobre combustíveis fósseis foi incluído em um acordo final da COP no ano passado, com os Emirados Árabes Unidos, anfitriões da COP28, conseguindo que a Arábia Saudita e outros países produtores de petróleo apoiassem uma mensagem para "transitar para fora" dos combustíveis fósseis em Dubai.

A falha em reforçar a linguagem acordada no pacto do ano passado é vista por países desenvolvidos e vulneráveis ao clima como um retrocesso.

Um representante da Arábia Saudita se recusou a comentar imediatamente.

Transição energética

Uma disputa sobre a agenda no início da COP deste ano surgiu de desacordos sobre se — e em qual fórum — os compromissos de reduzir as emissões feitos no ano passado deveriam ser discutidos.

O principal objetivo das negociações deste ano é substituir o compromisso anual de US$ 100 bilhões em financiamento climático por um valor muito maior para ajudar os países mais pobres a construir economias verdes e aumentar sua resiliência ao aquecimento global.

O valor necessário foi estimado em mais de US$ 1 trilhão por ano. Os EUA e a Europa querem que mais países contribuam com financiamento, pressionando a Arábia Saudita e outros ricos petroestados do Golfo, responsáveis por uma grande proporção das emissões.

Separadamente, os países têm a obrigação de submeter novas estratégias nacionais climáticas ambiciosas até fevereiro do próximo ano para garantir que estejam no caminho traçado pelo Acordo de Paris. O acordo histórico de 2015 estabelece que os países buscarão manter o aquecimento global abaixo de 2°C, e preferencialmente abaixo de 1,5°C, até o fim do século.

A Arábia Saudita descreveu o acordo do ano passado para transitar para fora dos combustíveis fósseis — a primeira referência à principal causa das mudanças climáticas em três décadas de negociações da ONU — como apenas uma opção para combater o aumento das emissões de gases de efeito estufa.

O reino é o maior exportador mundial de petróleo bruto e também está construindo projetos verdes enquanto persegue um plano multitrilionário para reduzir a dependência da economia do petróleo.

Fim dos combustíveis fósseis?

Incluir a linguagem sobre combustíveis fósseis em um acordo da COP levou 28 anos e "devemos garantir que esse compromisso não se perca na tradução e seja reforçado em todas as decisões futuras", disse o vice-primeiro-ministro de Fiji, Biman Prasad.

As negociações da COP29 estão prestes a entrar na segunda semana, período em que os ministros do clima oferecem o impulso político para resolver as principais questões que não podem ser solucionadas em um nível mais técnico. Páginas de textos de negociação precisam ser reduzidas, colchetes precisam ser substituídos e concessões serão feitas em reuniões fechadas.

A presidência do Azerbaijão na COP29 terá que atuar como um intermediário neutro, apesar de os combustíveis fósseis representarem 90% das exportações do país e seu líder, Ilham Aliyev, chamá-los de um "presente de Deus."

O retorno de Donald Trump como presidente dos EUA e seu compromisso de aumentar a produção de energia do país também paira sobre qualquer novo compromisso de afastar-se do petróleo, gás e carvão.

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