Unidade produtiva da Suzano: no ano passado a empresa removeu mais de 15 milhões de toneladas de CO2 equivalente e tem a meta de retirar mais 40 milhões de toneladas até 2030 (Germano Lüders/Exame)
Nesta sexta-feira, 25, a Suzano realizou seu primeiro call ESG, que será anual a partir de agora. Durante o evento, a empresa não apenas reforçou suas metas e compromissos ambientais e sociais, mas também mostrou que a agenda ESG faz parte do dia a dia do conselho de administração, e tem o apoio de toda a diretoria.
Além de explicar cada aspecto do ESG, a empresa falou sobre o potencial de receita com a venda de créditos de carbono e a preservação de áreas prioritárias para conservação da biodiversidade na Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado.
A Suzano entende que governança é a base para poder impactar ambiental e socialmente a comunidade e, por isso, desde sua fusão com a Fibria, a empresa reforçou sua governança.
Atualmente, 70% dos membros do conselho são independentes (20% são mulheres), e o conselho é assessorado por comitês de pessoas, remuneração, estratégia & inovação, sustentabilidade, gestão & finanças e auditoria.
O conselho de administração é avaliado anualmente e todos os executivos têm pelo menos uma meta ESG em sua remuneração variável (representando pelo menos 10% da remuneração variável de curto prazo).
Na parte social, a Suzano reforçou seu compromisso com seus colaboradores e com a sociedade. Dentro de casa, a empresa está buscando promover a diversidade e a inclusão, reforçando a meta de ter 30% de mulheres e 30% de negros em posição de liderança até 2025 – em 2020, esses números eram de 19% e 21%, respectivamente.
A fim de acelerar a diversidade e a inclusão, a empresa busca ter pelo menos 50% de mulheres e negros em todos os processos de contratação e promoção.
A companhia também está investindo em treinamentos específicos para reter e desenvolver esses profissionais. A Suzano também trabalha para que seja vista por 100% de seus colaboradores como uma empresa inclusiva para as comunidades LGBTI+ e PCD.
Da porta para fora, a Suzano tem como meta tirar 200.000 pessoas da linha de pobreza até 2030. Para isso, apoiará projetos de educação e buscará parcerias e fornecedores que atuem em áreas mais necessitadas.
O negócio da Suzano faz com que a ela tenha um papel fundamental no combate às mudanças climáticas. Por possuir florestas, a Suzano já é negativa em carbono – a empresa sequestra mais carbono do que emite.
Apesar dessa posição privilegiada, a companhia também tem metas de reduzir suas emissões, diminuir o consumo de água e desenvolver embalagens que substituam produtos que tenham combustíveis fósseis como matéria-prima.
Para ajudar a preservar os biomas brasileiros e aumentar a biodiversidade, a Suzano se comprometeu a conectar 500.000 hectares de áreas prioritárias para conservação da biodiversidade na Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado até 2030.
A empresa tem como meta remover 40 milhões de toneladas de carbono até 2030 – considerando a natureza do negócio, esse objetivo deve ser atingido com certa facilidade, pois no ano passado a Suzano removeu mais de 15 milhões de toneladas de CO2 equivalente.
Por ser uma empresa “sequestradora líquida de carbono”, a Suzano gera – e pode vender - créditos de carbono?
O mercado de crédito de carbono trabalha com o princípio da “adicionalidade”: para gerar crédito de carbono, o projeto tem de trazer um benefício adicional à humanidade e ao meio ambiente.
Apesar de sequestrar carbono, uma floresta de eucalipto não necessariamente se enquadra no princípio da adicionalidade – a cada sete anos, essa floresta é derrubada e replantada, e isso aconteceria de todo jeito por ser o negócio da empresa.
No entanto, uma floresta de eucalipto que foi plantada em uma área de pastagem, por exemplo, se encaixa no princípio da adicionalidade. E uma área de preservação ambiental também pode certificar e vender créditos de carbono.
Considerando o princípio da adicionalidade, as áreas de floresta da Suzano que poderiam vender crédito de carbono são os 960.000 hectares de área de conservação e a floresta de eucalipto plantada sobre a área de pastagem.
A Suzano anunciou hoje que está em processo de certificação, e espera vender 22 milhões de toneladas de CO2 equivalente até 2030. Considerando um preço de 10 dólares por tonelada de carbono e uma taxa de câmbio de R$ 5,00/US$, a receita potencial desses créditos até 2030 seria de 1,1 bilhão de reais.
Apesar de ser positivo ver a empresa monetizar os créditos de carbono, a receita da Suzano no ano passado foi de 30 bilhões de reais; portanto, uma receita potencial de 1 bilhão diluída em dez anos é positiva, mas não necessariamente relevante para a companhia.
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