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Consumo consciente passou de tendência à realidade na última década (staticnak1983/Getty Images)
EXAME Solutions
Publicado em 13 de junho de 2023 às 08h02.
Última atualização em 13 de junho de 2023 às 17h48.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), consumir com responsabilidade significa considerar os limites planetários para garantir um futuro saudável. Esses limites são, como o nome já diz, limites ambientais seguros dentro dos quais a humanidade pode se desenvolver sem que as mudanças ambientais sejam irreversíveis.
Os sinais de alerta já são enormes. Quatro deles, inclusive, já se encontram fora da zona de segurança: a perda de biodiversidade, os abusos no uso da terra, as mudanças climáticas e as alterações dos fluxos bioquímicos.
Pensando nisso, é mais do que urgente avaliar hábitos de consumo como um todo, começando dentro de casa. E, para dar o primeiro passo, uma boa dica é tentar consumir menos - menos comida, menos plástico, menos roupa.
Para saber por onde começar, é preciso entender o modelo atual de consumo, que está baseado na lógica de retirar, produzir, consumir e descartar. Aqui, a dica é substituir esse hábito por uma abordagem cíclica, que evita a geração de sobras e resíduos.
Na abordagem circular, pensamos nos 6 Rs, onde o consumidor deve ter informações suficientes para repensar, recusar, reduzir, reparar, reutilizar e reciclar tudo aquilo que consome. Abaixo, algumas iniciativas simples que são fáceis de adotar e podem fazer a diferença para a sua saúde e, claro, para o planeta:
Tudo começa pensando naquilo que comemos. "Ao meu ver, temos um ponto principal de limite planetário que precisa ser considerado antes de tudo. O solo é um dos materiais naturais utilizados na produção dos alimentos e o plantio desgovernado e sem supervisão podem causar graves alterações no solo, tornando-o insuficiente para novas plantações", avalia Tomás Abrahão, CEO e fundador da Raízs, uma foodtech que desenvolveu sua própria tecnologia baseada em Inteligência Artificial e prevê qual a quantidade de alimentos e produtos que serão consumidos.
A dica, então, é identificar quais alimentos costumam ser jogados fora, quais se adaptam melhor a nossa rotina, quais são imprescindíveis e quais podem ser temporariamente excluídos. Dessa forma, fica mais fácil praticar o consumo consciente e consequentemente instruir as pessoas ao redor a fazer o mesmo.
E mais: o grande papel do movimento do desperdício de alimentos é que as pessoas sejam reeducadas. "A gente se depara com números astronômicos em relação à fome e desperdício de alimentos e um dos grandes fatores é a logística. É preciso entender que não faltam alimentos", completa Lucas Infante, CEO e cofundador da Food To Save, foodtech sustentável que atua como um elo entre estabelecimentos que possuem excedentes de produção e clientes.
O plástico pode levar mais de 400 anos para se decompor e 91% do material utilizado no mundo não é reciclado. Por outro lado, ele está em quase tudo: nas embalagens do mercado, de higiene e até nos produtos que consumimos.
De acordo com a ONU, um produto de higiene pessoal ou cosmético, por exemplo, pode conter tanto plástico quanto a sua própria embalagem porque microplásticos são adicionados em sabonetes líquidos, hidratantes e maquiagens. Essas partículas pequenas escoam pelo ralo, passam pela filtragem de águas residuais e poluem as águas dos rios e mares.
Para evitar esse tipo de produto, olhe se os seguintes ingredientes são citados na em sua composição: polietileno (PE), polimetilmetacrilato (PMMA), nylon, polietileno tereftalato (PET) e polipropileno (PP).
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), são produzidas 170 toneladas de resíduos têxteis por ano no Brasil. Desse total, 80% é destinado a lixões e aterros sanitários. E pior: para produzir a famosa fast fashion, a indústria gera toneladas de resíduos têxteis, usa recursos hídricos de forma irresponsável, danifica a natureza e explora mão de obra barata.
Mas é possível seguir outro caminho. O consumo consciente deve levar em consideração todo o ciclo de vida completo do produto, do design à confecção. No slow fashion, por exemplo, todos os envolvidos na produção de uma peça têm a mesma relevância: trabalhadores, comunidades, meio ambiente e consumidores.
Outra alternativa é avaliar a empresa onde você compra e repensar cada nova aquisição, estudando bem a empresa que está por trás daquele produto de desejo. Hoje em dia, diversas certificações já ajudam o consumidor a identificar se um produto é ou não legal para ser adquirido. Além disso, todas as marcas tendem a ser transparentes e mostram como são feitas suas peças. Se não for o caso da sua marca preferida, repense.