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Como a LEAF aposta na descarbonização da indústria química com uma inovação verde

A empresa desenvolveu um poliol de base vegetal para atender diversos setores e inicia 2025 com um produto na casa do consumidor; o CEO Jesse Mela conta à EXAME sobre o ano de expansão

Jesse Mela, CEO da LEAF: "É o grande ano de protagonismo de inovação. Nós estamos lado a lado com os maiores players de mercado, trazendo soluções verdes para a cadeia do poliuretano" (LEAF/Divulgação)

Jesse Mela, CEO da LEAF: "É o grande ano de protagonismo de inovação. Nós estamos lado a lado com os maiores players de mercado, trazendo soluções verdes para a cadeia do poliuretano" (LEAF/Divulgação)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 29 de janeiro de 2025 às 12h24.

Última atualização em 29 de janeiro de 2025 às 12h44.

"Começamos o ano ainda mais animados e firmes com o nosso próposito de descarbonizar a indústria química", contou Jesse Mela, CEO da LEAF, em entrevista à EXAME.

Em 2023, a empresa brasileira desenvolveu um poliol de base vegetal pioneiro em pegada de carbono negativa e uma alternativa sustentável para as espumas de poliuretano, presentes em quase tudo da nossa rotina: geladeiras, camas, carros, embalagens. Como brincou Jesse, é impossível passar 24 horas do dia sem estar em contato com algum poliuretano, mesmo que ele seja invisível aos olhos na maior parte das vezes.

A inovação verde utiliza óleos como mamona e algodão para produzir espumas biodegradáveis, em substituição as usualmente derivadas de petróleo altamente poluente. A partir do crescimento das plantas que fornecem os óleos, é possível absorver carbono da atmosfera e estudos indicam que, para cada tonelada do poliol da LEAF produzida, são removidos 730 kg de CO₂ equivalente do ambiente.

Com mais de 2 mil aplicações no mercado, a solução atende setores como o automotivo, construção civil, conforto, embalagens, refrigeração e e ajuda as companhias a reduzir seu impacto e emissões. Consequentemente, rumo a sua descarbonização.

Em exclusividade à EXAME, a LEAF contou entrar em uma nova fase de expansão em 2025, com o lançamento de um travesseiro em parceria com a Castor e que marca a inserção de um produto efetivamente tátil no varejo e no dia a dia das pessoas.

"Sai do laboratório e entra na casa. O travesseiro é uma prova de que conseguimos sustentabilidade e conforto com um preço acessível. O consumidor entendeu seu valor e o engajamento aconteceu", disse Jesse. 

Em um teste inicial em dezembro, as vendas esgotaram rapidamente e o produto passa agora a ser vendido oficialmente neste mês de janeiro no varejo e nas lojas. Frente ao tamanho sucesso, a LEAF planeja lançar também o colchão no primeiro trimestre.

Nos próximos meses, também nasce a parceria para a produção do refrigerador comercial mais verde do mundo, na Dinamarca, uma palmilha 100% feita de óleos vegetais e a aprovação de um painel que promete reduzir até 24% as emissões.

Até o fim do ano, serão quase 20 novos lançamentos de produtos finais e a empresa está estudando e olhando todas as cadeias para pensar em melhorias e novas inserções no mercado nacional e internacional. 

"É o grande ano de protagonismo de inovação. Nós estamos lado a lado com os maiores players de mercado, trazendo soluções verdes para a cadeia do poliuretano", destacou Jesse. 

Patente global

A tecnologia da LEAF é patenteada em mais de 160 países e conta com diversas certificações de respaldo da pegada de carbono negativa. Desde o óleo vegetal extraído das plantas por produtores locais e garantido no Brasil, até a produção da espuma e a chegada no varejo em forma de um produto mais verde.

"Nossa matéria-prima hoje é 100% nacional. Causamos um bom impacto e mostramos que conseguimos resolver tudo em casa. O Brasil é o suficiente, é um dos maiores países do agro do mundo. Logo, precisamos ter a capacidade de fomentar e desenvolver óleos vegetais sustentáveis", frisou Jesse.

Segundo o CEO, já existiram outras iniciativas feitas a partir de poliol feito de soja e outros óleos, mas foram produtos que acabaram não crescendo no mercado — e o original criado pela LEAF ainda não foi utilizado em patente. 

A chave do sucesso

Ao refletir sobre a fase de sucesso da empresa, Jesse traz a seguinte frase: "leva uns dez anos para virarmos sucesso da noite para o dia". Isto porque a LEAF começou muito antes do lançamento do poliol verde em 2023.

Na realidade, ela nasceu de um encontro de um grupo de químicos, que, após muito estudo, desenvolveu o produto como uma alternativa sustentável. Em 2020, um investimento anjo de R$ 1 milhão possibilitou que a ideia saísse do papel e fossem realizados testes para entender o potencial e a demanda.

Depois, foram captados mais US$ 30 milhões para levantar o processo de fabricação e desenvolvimento. Três anos depois, a solução estava pronta para ir ao mercado e ser validada.

Hoje, a LEAF sai de uma fase de startup para entrar em uma mais operacional, com aplicações em grande escala. Segundo Jesse, a tendência é virar únicórnio, ou seja, alcançar o valor de US$ 1 bilhão, visto o crescimento rápido.

Com clientes nacionais e internacionais, 84% da exportação atualmente é para a Europa. A expansão também acontece fortemente nos EUA, e Jesse não acredita que Trump irá abalar o interesse de novos e possíveis clientes.

"Os nossos fornecedores americanos e europeus não se sentiram abalados. Nós entendemos que eles querem continuar a sua jornada", destacou. 

Na Conferência de Mudanças Climáticas da ONU em Belém do Pará (COP30), a empresa vai estar presente e quer levar sua mensagem de descarbonização da indústria.

"No momento, a inovação brasileira está sendo muito bem vista no mundo, especialmente na parte de ESG. A tendência é realmente disparar. Vamos seguir aumentando o portfólio verde, a certificação de produtos e melhorando a nossa cadeia de matérias-primas", concluiu. 

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