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Energia das ondas: Brasil tem potencial técnico entre 50 GW e 70 GW. (Coppe/Divulgação)
Publicado em 15 de agosto de 2025 às 15h00.
Com o avanço da transição energética, a diversificação tecnológica se torna cada vez mais necessária. A intermitência das fontes eólica e solar, juntamente com os altos custos de armazenamento em larga escala, revela uma limitação crítica. A energia das ondas do mar surge, então, como uma alternativa estratégica, oferecendo estabilidade na geração.
O potencial global é expressivo: estima-se que os oceanos possam fornecer até 29.500 TWh anuais, valor próximo ao consumo energético mundial de eletricidade em um ano. Contudo, ainda existem barreiras relevantes para a ampla adoção dessas tecnologias, incluindo a busca por um design ideal dos equipamentos e o custo elevado da energia produzida.
As vantagens dessa tecnologia são multifacetadas. Primeiro, estudos realizados para a costa oeste dos EUA e para o Mar Báltico mostram que a geração a partir de ondas apresenta um perfil mais constante, além de apresentar uma geração maior durante a noite, complementando a geração solar. Segundo, a “hibridização” com a eólica offshore viabiliza investimentos conjuntos e compartilhamento de infraestrutura (cabos submarinos, subestações), reduzindo custos totais. Terceiro, o mercado em expansão oferece espaço para inovação em design e operação, atraindo novos investidores. Por fim, avanços tecnológicos focados em eficiência e durabilidade prometem reduzir custos operacionais e de manutenção.
O principal obstáculo, contudo, é o custo nivelado de energia (LCOE) – métrica que representa o custo médio de geração (em US$/MWh) de uma usina ao longo da sua vida útil –, calculado entre US$ 200 e US$ 400/MWh, patamar superior ao custo da energia solar fotovoltaica, estimado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com LCOE entre R$ 100 e R$ 200/MWh.
O valor elevado para a tecnologia de geração a partir das ondas decorre dos altos investimentos iniciais em equipamentos e das complexas operações em ambiente marítimo. A superação desse desafio depende de avanços tecnológicos, ganhos de escala com "fazendas de ondas" e acumulação de experiência operacional – fatores que devem reduzir significativamente o LCOE nos próximos anos. Diversas empresas privadas estão liderando esse desenvolvimento, como a AWS Ocean Energy, cujo sistema é apresentado na figura abaixo.
Sistema de conversores de energia da AWS Ocean Energy.
Para países costeiros como o Brasil, o potencial é estratégico. Com mais de 7.000 km de litoral - especialmente nas regiões Sul e Sudeste, com ondas intensas e regulares –, o país tem potencial técnico estimado entre 50 gigawatts (GW) e 70 GW.
A energia das ondas poderia ser um pilar relevante para a transição energética, pela possibilidade de complementação à matriz hídrica e renovável, além da baixa variabilidade. Isto permite complementar a produção de outras renováveis, trazendo maior confiabilidade para os sistemas elétricos com alta participação renovável, como o brasileiro. Para isso, investimentos no desenvolvimento tecnológico e na criação de projetos comerciais serão necessários para definir se essa tecnologia terá efetivamente espaço no cenário de transição energética.