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A empresa inaugura nesse ano um renovado plano de sustentabilidade que estrutura metas até 2030, incluindo redução de emissões de carbono e aumento da matriz energética renovável (Dexco/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 6 de agosto de 2025 às 08h00.
Última atualização em 6 de agosto de 2025 às 10h04.
“A floresta é o nosso principal ativo financeiro”. A afirmação é de Guilherme Setúbal, diretor de ESG e relação com investidores da Dexco, gigante de materiais de construção, decoração e reforma. A companhia, que encerrou o primeiro trimestre de 2025 com lucro líquido de R$ 58 milhões, foi a primeira do Hemisfério Sul a certificar as suas operações a partir da Forest Stewardship Council (FSC), norma que garante que produtos florestais sigam regras ambientais, sociais e econômicas rígidas.
Em 2025, a Dexco completa 30 anos dessa primeira certificação sobre o manejo florestal sustentável, uma estratégia que, segundo o diretor, se conecta com o centro da atuação. Isso porque 17% da receita líquida da companhia em 2024 deriva de produtos de madeira certificada, o que corresponde a R$ 1,4 bilhão em exportações.
Ainda este ano, a Dexco espera ter toda a sua base florestal própria — responsável por 95% da madeira que utiliza — certificada. Setúbal conversou com a EXAME sobre a trajetória da companhia até garantir que o seu trabalho não utilize materiais fruto do desmatamento, não envolva a queima do solo nem ameace a fauna e flora local.
“As certificações são apenas uma consequência do que fazemos. Não é o objetivo, mas mostram que estamos adotando as melhores práticas”, explica. Desde 1995, a fabricante utiliza a capacitação das equipes, controle e rastreabilidade à estratégia de manejo ambiental. Ao todo, a Dexco já gerencia mais de 187 mil hectares nesse sistema — 176 mil delas no Brasil. Do total, 55 mil hectares são dedicados à conservação, unindo o cuidado com o ESG a estratégia de áreas produtivas.
Lennon Neto, especialista em sustentabilidade e conservação ambiental da Dexco, afirma que os requisitos para conquistar a certificação são diversos, desde estudos sobre a biodiversidade nas suas áreas ao relacionamento com as comunidades próximas. Ele conta que a companhia estuda metodologias inovadoras nas Florestas Dexco desde os anos 1970.
Desde então, já foram identificadas mais de 1,3 mil espécies de fauna e flora, algumas sob ameaça de extinção. “É importante entender como o meio impacta a vida desses organismos. Fizemos parcerias com universidades para gerar conhecimento científico sobre nossas áreas e já contamos com quase 100 estudos publicados sobre a presença de biodiversidade”, aponta.
Para a Dexco, ter os riscos climáticos intrínsecos à operação é uma faca de dois gumes: apesar de trazer ameaças, foi o motor para pesquisas e investimentos nessa área, e hoje não traz prejuízos significativos ao lucro da empresa.
Apesar dos cuidados, a Dexco também é suscetível aos efeitos e eventos extremos das mudanças climáticas. “Precisamos garantir que vamos ter madeira adaptada ao clima do futuro”, conta. Por isso, uma das iniciativas é manter um programa genético bioflorestal, que direciona as pesquisas para explorar variedades genéticas de espécies mais adaptáveis e flexíveis às mudanças no fornecimento de água e temperatura.
'Sem as florestas tropicais, não tem Acordo de Paris', diz enviado climático da COP30O combate às queimadas também aparece na estratégia de mitigação climática. Setúbal conta que essa é principal ameaça ao negócio, com o potencial de destruir inenarráveis quantidades da produção de eucalipto. No entanto, em 2024, apenas 0,2% do ativo florestal foi consumido pelas chamas, apesar do aumento das queimadas em todo o país. O motivo? A Dexco investe em tecnologias para identificar focos de incêndios com rapidez.
Nas suas áreas em São Paulo e Minas Gerais, a fabricante conta com torres de monitoramento para identificar focos de incêndios de forma rápida e agir para combater as chamas. “Também treinamos as equipes e fornecemos recursos para a ação. O resultado é uma área minúscula afetada, o que não chegou a afetar a produtividade”, explica.
Três décadas após a primeira certificação, a Dexco se tornou a primeira empresa das Américas a averiguar cinco critérios a partir de normas sustentáveis da FSC: biodiversidade, água, solo, carbono e uso recreacional das áreas certificadas. “São apenas chancelas do trabalho que fazemos ao longo de tantas décadas de operação”, explica Setúbal.
Como próximos passos, a empresa inaugura nesse ano um renovado plano de sustentabilidade que estrutura metas até 2030, incluindo redução de emissões de carbono e aumento da matriz energética renovável. No último ano, a queda nas emissões foi de 41% na comparação com 2021, além de atingir 63% de fontes limpas. “As metas se conectam com as finanças, por gerar economia no reuso de água e economia de energia; com reputação, por criar valor positivo para o negócio; e de tempo, já que estudando os impactos agora reduzo os riscos no longo prazo”, afirma o diretor.
Belém ganha hub para impulsionar bioeconomia às vésperas da COP30“Enquanto outros setores se preparam para entender os possíveis efeitos das mudanças climáticas aos seus negócios, nós já estudamos isso há 50 anos”, explica Lennon.
A companhia também realiza novas pesquisas sobre os efeitos às operações no cenário futuro de aquecimento global acima dos 2°C, financiadas pela Itaúsa, sua organização matriz. “Eu, aos 47 anos, penso hoje como me exercitar para subir escadas aos 80. Não posso pensar nisso quando estiver com 79 anos. A receita para os negócios sustentáveis é a mesma: não adianta me preparar para os 2°C quando eles estiverem batendo na porta”, afirma Setúbal.