ESG

Como a Americanas S.A. envolverá todos os 40.000 funcionários em jornada antirracista

Em parceria com o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) a varejista Americanas S.A. promoverá letramento racial, censo e práticas de inclusão em toda a companhia para maior inclusão de pretos e pardos

Fachada da Lojas Americanas (Gustavo Lacerda/Reprodução)

Fachada da Lojas Americanas (Gustavo Lacerda/Reprodução)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 25 de julho de 2022 às 12h23.

A varejista Americanas S.A, como parte de seu compromisso antirracista, anuncia o treinamento de todos os 40.000 funcionários em letramento racial, ou seja, termos, práticas e outras ações relacionadas à equidade racial. A iniciativa acontece em parceria com o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), uma organização sem fins lucrativos e comprometida com a aceleração da promoção da igualdade racial.

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O curso fará parte do momento de entrada dos novos contratados até a agenda estratégica da alta liderança da companhia, a operação de lojas e centros de distribuição, e todas as áreas administrativas. A iniciativa está em linha com o pilar social da estratégia ESG (sigla em inglês para ambiental, social e de governança) da Americanas S.A. e se soma a outras ações para a promoção da diversidade e da equidade racial.

"Este é um passo importante para combater a desigualdade. Temos o comprometimento de contribuir com a formação de uma cultura antirracista em todas as esferas do negócio, do corporativo à operação, e combater as desigualdades estruturais e institucionais diretas e indiretas em nossa sociedade, pois se pensarmos que cada funcionário leva o tema para casa, o potencial de ampliação é enorme", diz Milena de Andrade, diretora de gente e gestão da Americanas S.A.

De acordo com a executiva, não há um prazo limite para que os treinamentos aconteçam, mas eles serão híbridos, com práticas online e presenciais que façam os funcionários refletirem sobre a sociedade brasileira e suas atitudes individuais. "O combate ao racismo é um movimento contínuo e perene, que não se limita a um treinamento pontual". Pensando nisto, a companhia promoverá um censo para mapear a diversidade do funcionários e poder avançar nas áreas necessárias.

Vinicius Archanjo, analista de ações afirmativas do ID_BR, lembra ainda que o trabalho vai além do conteúdo. "Nas companhias em que atuamos é preciso revisão dos processos de contração, atração e retenção dos funcionários e um diagnóstico de toda a situação para o acolhimento funcionar", afirma.

Neste processo, fornecedores e clientes também podem ser envolvidos. "Podemos contribuir no processo de comunicação para fornecedores, funcionários nas lojas e, consequentemente, clientes. O varejo ainda está numa fase inicial das discussões antirracistas e assumir esse compromisso é também uma demonstração para o mercado de como é preciso olhar para a população negra que, inclusive, tem um enorme poder de consumo", diz Archanjo.

O letramento racial

Ao ingressar na formação de letramento, a Americanas S.A. adere à primeira etapa do Selo Sim à Igualdade Racial, chamada Compromisso. Nela, as empresas reforçam o compromisso de empresas e organizações com a equidade racial. O primeiro curso aplicado será o "ABC da Raça", com foco em uma abordagem didática sobre raça, racismo, etnia, cultura preta e também sobre a importância do respeito à diversidade e de iniciativas e ações antirracistas no mercado de trabalho e no dia a dia.

Serão formadas diversas turmas, que contarão com a participação de membros da diretoria, reforçando a intenção de fortalecer a cultura antirracista em todas as esferas da companhia. A trilha engloba ainda a criação de novos grupos de afinidade, cartilhas e treinamentos com foco em áreas específicas, como comunicação e marketing, entre outras.

“Queremos que todos se entendam em seus lugares e identidades, e assumam para si e no coletivo a responsabilidade da criação de uma sociedade menos desigual. Pensando nisto, o grupo de afinidade que já existe na companhia também participou ativamente da construção do letramento", diz Andrade.

Para Luana Génot, fundadora e diretora executiva do ID_BR, 1uando uma empresa como a Americanas S.A se levanta pela igualdade racial, todos se levantam junto com ela. "O papel do ID_BR tem sido apoiar as organizações a se erguerem de forma mais afirmativa e proativa em prol da diversidade e inclusão. A Americanas diz Sim à Igualdade Racial, e o instituto vai seguir junto apoiando nesta jornada, que certamente influenciará outras tantas empresas”.

Outras ações antirracistas

A Americanas S.A. afirma estar comprometida em tornar o ambiente corporativo cada vez mais inclusivo e diverso. A companhia participa do Movimento Pela Equidade Racial (MOVER), coalizão de empresas e instituições que tem como um de seus objetivos criar 10 mil posições para negros em cargos de liderança até 2030, e fomenta entre seus colaboradores a adesão ao Wakanda, grupo de afinidades criado pela comunidade negra da companhia com o propósito de ser uma ferramenta efetiva para a população negra e aliados no mundo corporativo.

A Americanas também é uma das integrantes do Um Milhão de Oportunidade (1MiO), iniciativa liderada pela UNICEF e que tem como meta gerar um milhão de oportunidades de acesso à educação de qualidade, inclusão digital, formação profissional e vagas de emprego para jovens em situação de vulnerabilidade.

Ao todo, a companhia já contratou mais de 7 mil jovens em situação de vulnerabilidade pelo projeto. Para acelerar nesta agenda de diversidade, a Americanas S.A. prevê também formar e contratar mulheres em funções ligadas à tecnologia e liderança na área.

Outro exemplo de ação para fora de casa, mas conectada ao negócio é Americanas na Favela, região onde a maioria das pessoas são pretas e pardas, de acordo com levantamentos. Na ação, em parceria com o G10 Favelas e a Favela Brasil Xpress, a Americanas S.A. passou a entregar produtos do e-commerce  na porta da casa dos mais de 100 mil moradores de Paraisópolis que até então não tinham seus endereços localizados no Google Maps.

O Americanas na Favela trabalha ainda a empregabilidade e geração de renda pelo estímulo à contratação de moradores locais para a logística de entregas e a capacitação, com a oferta de 1.000 bolsas de estudo para formação em logística. Hoje em 7 comunidades (Rocinha e Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, e Paraisópolis, Heliópolis, Capão Redondo, Cidade Júlia e Diadema, em São Paulo), o projeto reforça o compromisso da Americanas S.A. em chegar onde o cliente está, independentemente do CEP, e já contabilizou mais de 615 mil entregas desde o seu lançamento. A meta é fechar 2023 com 50 comunidades atendidas em todo o Brasil.  

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