Apoio:
Parceiro institucional:
Café em Paris: presidente Emmanuel Macron decretou volta da quarentena na França a partir desta sexta, 30 de outubro, para conter o avanço da pandemia (Gonzalo Fuentes/Reuters)
Rodrigo Caetano
Publicado em 29 de outubro de 2020 às 06h00.
Duas conferências de líderes políticos discutem, nesta quinta-feira, 29, a crise sanitária provocada pelo novo coronavírus. A Comissão Europeia, fórum de lideranças da União Europeia para deliberações gerais, se reúne para tratar dos próximos passos no combate à doença, até que a vacina esteja disponível. No comando das discussões – novamente virtuais, após meses de encontros presenciais de lideranças como o francês Emmanuel Macron e a alemã Angela Merkel – estará o presidente da Comissão Europeia, o belga Charles Michel.
Do outro lado do Atlântico, na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York, cientistas e epidemiologistas vão debater nesta quinta-feira, também virtualmente, os avanços em tecnologias para combater a covid-19, além de trocarem boas práticas sobre o controle da pandemia.
Os eventos ocorrem em um momento de retomada das contaminações, o que levou França e Alemanha a decretarem novas restrições à circulação de pessoas nesta quarta-feira, 28. A expectativa é de uma retomada geral nos regimes de lockdown em países europeus.
A relação entre as crises sanitária e ambiental é outra preocupação crescente. Para diversos especialistas, a pandemia é um dos maiores desastres ambientais que se tem notícia. O economista Sir Partha Gupta e Inger Andersen, diretora do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, publicaram um artigo, em junho, pedindo aos líderes mundiais reconhecerem a conexão entre a destruição do meio ambiente e o surgimento da covid-19.
“Dados nos mostram que nosso estoque de capital natural caiu em 40% desde 1990, enquanto o capital produzido dobrou e o humano aumentou em 13%”, explicaram os pesquisadores. “Mas poucos tomadores de decisão da economia e das finanças são capazes de interpretar o que isso significa ou, pior, escolhem não entender”.
Ainda de acordo com Gupta e Andersen, a pandemia do novo coronavírus escancarou a necessidade de uma tomada de decisão baseada na ciência por parte dos governos. Principalmente em razão da já conhecida ligação entre a perda de biodiversidade e o surgimento e propagação de doenças infecciosas.
Nesse sentido, cientistas acreditam que a destruição da Amazônia pode desencadear a próxima pandemia. “A Amazônia é um grande reservatório de vírus”, disse David Lapola, pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura da Unicamp, em entrevista à agência de notícias AFP. “Essa é mais uma razão para não usarmos os recursos da Amazônia de maneira irracional como estamos fazendo agora. É melhor não testarmos nossa sorte.”
Segundo uma pesquisa publicada no jornal científico Proceedings of the Royal Society B, a interferência com o equilíbrio do meio ambiente aumenta o risco de vírus saltarem de espécies. Outro estudo feito por pesquisadores americanos e ingleses, publicado na revista científica Nature, estima que ao menos 60% das 335 novas doenças que surgiram entre os anos de 1960 e 2004 vieram de outros animais para o ser humano, como o HIV, o ebola, o Mers e o Sars.
Não há nenhuma forma de prever quando ou como a próxima doença contagiosa surgirá. Mas a ciência já mostra evidências sobre os cuidados que devem ser tomados para evitar novas pandemias.