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Com jogos de tabuleiro, ele ensinou finanças a 2 milhões de alunos nas escolas públicas

Luis Eduardo Salvatore, presidente do Instituto Brasil Solidário, conta sobre os próximos planos da organização educacional rumo aos 12 milhões de jovens formados

Luis Eduardo Salvatore, presidente do Instituto Brasil Solidário: "Educação de qualidade é possível e existe no Brasil. Não precisa vir do Japão nem da Finlândia"

Luis Eduardo Salvatore, presidente do Instituto Brasil Solidário: "Educação de qualidade é possível e existe no Brasil. Não precisa vir do Japão nem da Finlândia"

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 3 de agosto de 2025 às 09h00.

Um projeto que começou com 20 mil jovens no Ceará hoje atua em todos os estados do Brasil e já impactou positivamente mais de 2 milhões de alunos. Essa é parte da trajetória do Instituto Brasil Solidário, projeto que completa 25 anos de atuação levando educação complementar para escolas públicas de todo o país.

Desde 2017, o Instituto se especializa em educação financeira para jovens a partir de jogos de tabuleiros e cartas. O trabalho, no entanto, passa por engajar e capacitar professores, conectar com secretarias municipais em todas as regiões do país e engajar a nova geração em atividades além das telas de computadores e celulares.

O presidente do IBS, Luis Eduardo Salvatore, conversou com a EXAME e conta os próximos passos da organização social.

O Instituto Brasil Solidário começou sua atuação em 2000 a partir da busca de Salvatore por conhecer mais adentro o país de dimensões continentais. Ele passou a visitar comunidades pequenas, visitar escolas e entender a carência de estrutura e de apoio à educação nesses locais. "O IBS nasce da escuta das pessoas. Ouvi alunos, professores e famílias sobre o que faltava e decidi agir", explica.

Apoio ao ensino público

A organização trabalha diversas atividades de incentivo ao aprendizado, como o apoio à leitura, arte e cultura, educação ambiental, saúde, comunicação, cidadania e empreendedorismo. O diferencial sempre foi o modo como esses ensinamentos passaram a ser aplicados desde 2017: por meio de jogos. "Pensamos que unir a diversão ao ensino pudesse gerar resultados mais expressivos e mudanças comportamentais mais rapidamente", conta.

O IBS passou a trabalhar em parceria com as secretarias de educação de três cidades da região metropolitana de Fortaleza, atendendo cerca de 20 mil alunos durante seis meses. O primeiro resultado já se provou positivo: a avaliação constatou que o trabalho com jogos era altamente eficiente. "Vemos hoje que nosso projeto é vanguardista. Enquanto os educadores lutam para reduzir a exposição a telas, nós já trabalhamos com jogos físicos há 10 anos por entender que podem colaborar para o debate entre os alunos", relata Salvatore.

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O próximo passo seria preparar os professores para entenderem como incluir as atividades lúdicas nas aulas da forma correta. Desde 2018, o Instituto expandiu sua atuação através da formação continuada de educadores, saltando de 20 mil para 2 milhões de alunos impactados em todo o território nacional.

Atualmente, o IBS atende 670 municípios e forma entre 6 e 7 mil professores anualmente. O programa de capacitação inclui 60 a 70 dias de mentoria, com formadores de educação financeira como consultores dos educadores.

O grande marco recente foi Alagoas se tornar o primeiro estado brasileiro com 100% da rede estadual coberta pelo programa. "Quando fazemos adoção de rede, todas as escolas ganham material e nenhum aluno fica de fora", garante o presidente do Instituto.

Educação financeira para jovens

A eficácia do programa é medida através de consultoria externa contratada desde 2015. A avaliação acontece através de percepções coletadas com professores, além de rodas de amostragem com coordenadores, gestores, alunos e famílias. Sem notas, o resultado é percebido nas ações dos alunos: "Muito é comportamental. Os alunos começam a repensar hábitos de gastos e consumo, saem do imediatismo e da compra inconsciente", relata Salvatore.

"Eles começam a policiar os pais: querem olhar a conta de luz e entender como podem ajudar a diminuir gastos, até fazem estratégias de planejamento quando vão ao supermercado."

Os jogos são construídos para reproduzir situações cotidianas, incluindo educação empreendedora, desafios de negócios formais, impostos, encargos trabalhistas e despesas fixas e variáveis. "O jogo se assemelha ao cotidiano da vida dentro de casa. Várias situações-problema são análogas a isso", explica.

O Instituto trabalha alinhado com outros programas nacionais como o "Aprender Valor" do Banco Central e a Olimpíada do Tesouro Direto de Educação Financeira (Olitef).

Para garantir continuidade além das crises econômicas, o IBS está lançando um fundo endowment. "Queremos manter o legado a partir de um mecanismo que não dependa apenas de financiamento corporativo e leis de incentivo", revela o presidente. No último ano, o Instituto chegou a ficar sem suporte financeiro, o que motivou a busca por fontes mais constantes de renda.

Lançamento de documentário

O documentário "Virando o Jogo", que será lançado no início de agosto, celebra a força da educação financeira nas escolas públicas do Brasil e reúne entrevistas com grandes nomes no cenário da educação, economia e políticas públicas.

"O filme é feito para disseminar que educação de qualidade é possível e existe no Brasil. Não precisa vir do Japão nem da Finlândia", afirma Salvatore.

Para os próximos anos, a meta é ambiciosa: alcançar 12 milhões de alunos com acesso à educação financeira de qualidade. "Quando começamos, tínhamos a ambição de encontrar uma resposta. Já encontramos. Agora o desafio é chegar a mais pessoas", resume Salvatore.

O Instituto se propõe a não ser "dono" do projeto, mas sim facilitar uma rede colaborativa. "O Brasil tem muito 'dono de projeto'. O IBS se propõe a compartilhar, trabalhar em rede colaborativa para que esses 12 milhões sejam alcançados em conjunto", finaliza o presidente.

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