ESG

Com frio na barriga, BRF faz seu maior compromisso climático até hoje

Empresa pretende chegar à neutralidade em carbono até 2040. Para isso, terá de dominar forças que estão além do seu alcance

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 1 de julho de 2021 às 17h32.

Última atualização em 1 de julho de 2021 às 17h47.

Os executivos da BRF têm metas ambientais atreladas ao bônus desde o ano passado. Não é segredo para ninguém que essa medida, tomada pelo conselho, serviu para colocar o tema na pauta do dia. E deu certo: na quarta-feira, 30, a companhia anunciou sua meta ambiental mais ambiciosa até hoje, a de zerar suas emissões até 2040.

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A promessa inclui não apenas as emissões de escopo 1 e 2, que, no jargão da indústria de mapeamento de carbono, se referem a operações sob o controle da companhia. O compromisso abrange o escopo 3, o dos fornecedores e parceiros. É aí que a porca torce o rabo.

“Vou dizer a verdade, dá um frio na barriga”, afirma Grazielle Parenti, vice-presidente de sustentabilidade da companhia. “Por isso trouxemos vários experts para entender o tema.”

Até 2030, a BRF terá de reduzir em 35% suas emissões de escopo 1 e 2. No mesmo período, precisará mobilizar a cadeia, incluindo fornecedores de soja, ração e proteína, em direção à modernização da produção para obter um corte de 12,3% nos gases de efeito estufa jogados na atmosfera. Apesar da relevância que a empresa tem como compradora de commodities, ela não tem controle nenhum sobre esse processo. Quem vai decidir a velocidade dessa mudança é o mercado.

Parenti não pensa na possibilidade de descumprir o compromisso. “Somos bons de meta”, diz a executiva. Ela não se furta a adicionar um componente complicador desse processo: as operações internacionais. “Temos operações grandes na Turquia e nos Emirados Árabes”, afirma.

O plano a ser adotado será o da catequização. A BRF espera usar sua influência no mercado para promover ondas de mudança. Em parte, esse processo já foi iniciado. A companhia desenvolveu uma plataforma para fornecedores que permite monitorar os critérios socioambientais dos parceiros. Nesse caso, a meta é colocar 100% deles no sistema até 2025.

Também há a expectativa de que o setor, em conjunto, contribua para acelerar a transição. De fato, JBS e Marfrig também anunciaram compromissos climáticos recentemente. “Todas as empresas estão fazendo isso, o fornecedor não tem como fugir”, diz Parenti. “Quando a gente se posiciona dessa maneira, arrastamos a cadeia. Ou vende dentro dos critérios de sustentabilidade, ou não vai vender.”

Na cesta ESG que influencia no bônus dos executivos, existem metas sustentáveis para o setor de grãos, por exemplo. Quando há dinheiro na mesa, é sinal que o discurso é sério.

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