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Clube ESG: Como medir o impacto de um negócio? Afya cria métrica que vai muito além do financeiro

Em mais um encontro promovido pela EXAME, a diretora de sustentabilidade Cíntia Marin revelou como a empresa de educação para a prática médica calcula o valor de vidas salvas

Cíntia Marin, diretora de sustentabilidade da Afya: "Seria muito mais fácil para nós abrir um curso na Avenida Paulista, mas nosso real propósito é transformar o acesso" (Eduardo Frazão / EXAME)

Cíntia Marin, diretora de sustentabilidade da Afya: "Seria muito mais fácil para nós abrir um curso na Avenida Paulista, mas nosso real propósito é transformar o acesso" (Eduardo Frazão / EXAME)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 27 de agosto de 2025 às 16h15.

Última atualização em 27 de agosto de 2025 às 16h42.

Qual é o tamanho do impacto de um negócio no mundo? Mensurar não é tarefa fácil, mas grandes companhias como Natura e Mercado Livre já mostraram que é possível.

Na Afya, hub de educação e tecnologia para a prática médica no Brasil, a missão é transformar a saúde e há uma metodologia própria para entender o valor social gerado pelas suas ações.

"Não basta ter uma tese bonita, precisa ter resultado", disse Cíntia Marin, diretora de sustentabilidade da Afya, em mais um encontro do Clube ESG promovido pela EXAME nesta quarta-feira, 27.

Com 33 escolas espalhadas pelo Brasil, 64% estão nas regiões Norte e Nordeste e quatro estão no estado do Pará, sede da COP30 em novembro.

Desde 2024, a empresa desenha um projeto grandioso na Amazônia, onde o acesso a médicos e serviços básicos é precário e parte da população se encontra em situação de vulnerabilidade. 

"Seria muito mais fácil para nós abrir um curso na Avenida Paulista, contratar médicos e doutores, captar alunos e cobrar mais caro. Mas nosso propósito é transformar", disse a executiva ao destacar a escolha dos locais de atuação.

O fato dos cursos de medicina impactarem de forma positiva as cidades já era sabido, mas ainda gerava um desconforto e ficava muito no discurso, segundo Cíntia.

Pensando nisso, desde 2021 a Afya tem 12 indicadores ESG para medir seu impacto nas comunidades. Na análise, olha para mazelas sociais como mortalidade infantil, vacinação e outros quesitos do Ministério de Saúde.

O resultado? Nos últimos 4 anos, 20 municípios avaliados fixaram 4 mil médicos e reduziram 4 mil internações por doenças preveníveis (aquelas evitadas através de vacinas como sarampo, caxumba, rubéola, coqueluche) e 14% nas mortes por doenças sensíveis (as controladas efetivamente no nível da atenção básica como hipertensão, diabetes, asma, pneumonia).

Em uma segunda fase do projeto, passaram a medir o que chamaram de "SROI", uma métrica de "Valor social gerado + custo de projeto".

Para fugir do que Cíntia chamou de "conta de padeiro", algo como "quanto mais você investe, mais retorna", a Afya investiu em uma metodologia inovadora e muito usada na academia para medir seu impacto, inspirada em um 'case' da Toyota implementado fora do Brasil.

Batizada de "Valor estatístico da vida", a conta foi feita. No mesmo período, foram 2.800 vidas salvas e um montante de 14 bilhões de reais gerados.

Metas públicas com foco no "S"

A Afya tem metas públicas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Como primeira empresa signatária do Pacto Global a assumir compromissos específicos no ODS 3 (Saúde e Bem-estar), a companhia se comprometeu a realizar 30 milhões de atendimentos até 2030 em regiões de alta vulnerabilidade.

Além disso, está alinhada com o ODS 5 (Igualdade de Gênero), buscando alcançar 50% de mulheres em cargos de liderança. Neste quesito, os avanços já são significativos: saltou de 38,9% em 2021 para os atuais 49%.

Embora o aspecto ambiental não seja seu "core business", há também metas de neutralidade de carbono em suas operações, influenciada pelo compromisso de seu controlador alemão, o grupo Bertelsmann.

Região Norte lidera falta de médicos

Segundo o Conselho Federal de Medicina, a Região Norte do Brasil lidera a falta de médicos e o Pará tem a segunda pior distribuição destes profissionais. Com 1,38 profissional em atuação para cada mil habitantes, o estado só fica atrás do Maranhão. 

Os dados evidenciam a grande concentração de médicos nas regiões Sudeste e Sul. "De Brasília para cima, há índices baixíssimos", destacou Cintia. 

Visando mudar essa realidade, a Afya tem investido em projetos que levam atendimento médico gratuito em regiões de alta vulnerabilidade. Foi o caso da última expedição Rios de Saúde, no município de Abaetetuba, a duras horas de Belém do Pará. Em julho, mais de 200 pessoas da comunidade quilombola de Pituba foram atendidas por especialistas.

Lançamento do Instituto Afya

No último fim de semana, a empresa deu um passo rumo à expansão de suas atividades para além da área de educação médica e criou o Instituto Afya.

A nova organização sem fins lucrativos nasce com a missão de combater doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) -- hoje o maior problema de saúde pública do Brasil e a principal causa de mortes.

O instituto se propõe a integrar o ecossistema nacional com foco específico em diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares e surge como desdobramento natural dos projetos de impacto já desenvolvidos, ressaltou a diretora.

Aproveitando sua rede de 2 mil médicos, o objetivo é desenvolver ações de prevenção, educação em saúde e capacitação profissional, complementando os esforços governamentais como o Programa Mais Médicos e fortalecendo a rede de atenção básica.

"São 33 regiões que atuamos e que representam "muitos Brasis", cada lugar com uma necessidade específica", explicou. A exemplo está o trabalho realizado em Jaboatão (Grande Recife), onde foram priorizados três focos: HPV, sífilis e diabetes.

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