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Cientistas reativam portal de ciência climática nos EUA após censura de Trump

Ex-funcionários do climate.gov criam organização independente para preservar informações sobre mudanças climáticas removidas pelo atual governo americano

Os EUA passaram pelos piores incêndios de sua história em 2025 (JOSH EDELSON/AFP)

Os EUA passaram pelos piores incêndios de sua história em 2025 (JOSH EDELSON/AFP)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 31 de agosto de 2025 às 18h00.

Última atualização em 31 de agosto de 2025 às 18h46.

Em ataque contra a ciência e em prol do negacionismo, o presidente Donald Trump impediu em junho deste ano o trabalho do portal climático climate.gov após demitir os funcionários que produziam os conteúdos sobre educação e mudanças climáticas. 

Agora, o importante site do governo americano e um dos mais acessados no mundo será reativado pela ex-equipe de cientistas e passará a se chamar "Climate Us". As informações são do The Guardian. 

Como uma resposta à censura, o objetivo é preservar as informações que foram removidas do ar pelos indicados políticos que passaram a dirigir a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) e os responsáveis contam estar trabalhando para "ressuscitar o trabalho" nesta nova organização independente.

O esforço é liderado por Rebecca Lindsey, ex-editora-chefe do climate.gov, que mesmo desempregada, conseguiu recrutar os antigos colegas para atuarem como voluntários no projeto.

"Muitos funcionários federais estão de luto pela sensação de terem perdido não apenas um emprego, mas uma vocação", destacou Lindsey ao The Guardian. "Nenhum de nós estava pronto para abrir mão do climate.gov e da missão."

Tecnicamente, o antigo site ainda aparece disponível online, mas os conteúdos só aparecem para quem "souber procurar". "Este governo está tentando escondê-la e tirá-la de nós. É um abuso de poder. É um desperdício de recursos. As pessoas deveriam estar indignadas", refletiu a especialista.

O corte fez parte de uma série de outros promovidos pelo atual presidente americano em programas de pesquisa, educação e clima dentro da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA).

Segundo a equipe, a ciência climática permanece como a única forma de entender e se adaptar aos maiores desafios do planeta e a iniciativa representa mais do que uma resposta política. 

"Ao dar continuidade ao legado do climate.gov e tentar republicar as partes mais importantes, esperamos ser uma pedra angular", complementou Lindsey. "Esperamos que isso gere uma massa crítica que atraia outros parceiros que queiram participar do esforço".

Nova iniciativa amplia escopo original

O novo site Climate Us não apenas oferecerá interpretações públicas da ciência climática, como também poderá fornecer serviços diretos relacionados ao clima, como auxiliar governos locais a mapear o aumento do risco de inundações e outros eventos extremos.

"Há uma necessidade de conteúdo que ajude as pessoas a adquirir conhecimentos básicos sobre o clima, independentemente de uma agência", complementou Lindsey.

A ideia é também aproveitar possibilidades antes muito restritas no setor público, como explorar os conteúdos em nova linguagem nas redes sociais e TikTok -- e assim chegar a mais pessoas e jovens.

"Podemos nos divertir um pouco. Temos um bate-papo em grupo. Estamos explorando coisas que não fazem parte da nossa área de atuação", disse a ex-editora chefe.

Gargalos financeiros e apoio da população

Nas primeiras semanas após deixarem o governo, a equipe de Lindsey recebeu um fluxo constante de apoio externo, incluindo assistência jurídica e uma bolsa financeira de curto prazo que os ajudou a desenvolver uma visão para o futuro.

A equipe está lançando gradualmente uma campanha de financiamento coletivo, visando ajudar neste início do projeto e em sua continuidade.

Mudanças climáticas batem a porta

Desde que tomou posse, Trump deixou bem claro que o tema das mudanças climáticas não era bem-vindo em seu governo e que simpatizava com os combustíveis fósseis e a exploração do petróleo.

Como primeira medida, o presidente ordenou a saída dos EUA do Acordo de Paris que prevê limitar o aquecimento global a 1.5º graus.

Em julho deste ano, também revogou a política de base estabelecida em 2009 para o combate às emissões de gases de efeito estufa nacionais.

Em meio a postura negacionista, o país americano tem sentido na pele os efeitos da tripla crise planetária: apenas em 2024 foram 27 desastres climáticos que custaram individualmente mais de US$ 1 bilhão cada, tornando-se o segundo maior número desde o início dos registros da NOAA em 1980.

O ano de 2025 também começou de forma dramática com os incêndios florestais na Califórnia em janeiro e outros eventos extremos em cascata. A poucos meses da COP30 no Brasil, principal evento de clima do mundo, Trump já sinalizou que não irá participar das discussões e muito menos das negociações.

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