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(Gabriel Caram/Perfin/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 14 de novembro de 2024 às 15h00.
Um grupo de cientistas brasileiros está entre os finalistas do XPrize Rainforest, competição global de tecnologias para mapeamento da biodiversidade. A equipe concorre com cinco outras equipes – três norte-americanas e duas europeias – a um prêmio total de US$ 5 milhões.
Trata-se de um concurso que dura cinco anos e busca transformar a forma como a biodiversidade das florestas tropicais é monitorada. Com US$ 10 milhões de prêmio total – sendo US$ 5 milhões para o primeiro colocado –, o desafio exige que as equipes realizem um mapeamento completo da biodiversidade em uma área de até 100 hectares em apenas 24 horas.
O tempo máximo para o processamento dos dados é de 48 horas. Dessa forma, o prêmio incentiva que pesquisadores desenvolvam em três dias um estudo que, tradicionalmente, levaria ao menos seis meses de trabalho no campo se feito por humanos.
Além do prêmio milionário, a equipe brasileira busca o espaço de protagonista nas pesquisas sobre a diversidade biológica. Os maiores centros de estudo e acervos sobre florestas tropicais estão ainda localizados no Hemisfério Norte, principalmente na Europa, demonstração da hegemonia da região nesta área de pesquisas.
“O Brasil pode deixar de ser apenas objeto de estudo e assumir o protagonismo na pesquisa sobre sua própria biodiversidade”, explica Paulo Guilherme Molin, pesquisador e professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O "Brazilian team" já conquista o feito de ser a única equipe do Sul Global na premiação, e agora busca quebrar o padrão.
O desafio ainda colocava a regra de que nenhum dos pesquisadores poderia entrar na área estudada, mas apenas as tecnologias. A equipe brasileira utilizou de drones e robôs autônomos para substituir o trabalho de dezenas de profissionais, operando de forma coordenada para coletar e analisar dados em tempo real.
Além de tecnologias autônomas, utilizadas na coleta de amostras da água e do solo, sistemas de escaneamento 3D, análise de DNA e inteligência artificial também foram usados para identificar as espécies da flora e da fauna.
Molin explica ainda que a biodiversidade brasileira é a principal motivadora da equipe. “Enquanto uma floresta temperada possui 4 ou 5 espécies por hectare, uma área equivalente na Amazônia pode abrigar mais de 300 espécies. Desenvolver tecnologia para esta complexidade é um desafio que só um país tropical poderia vencer”, conta.
Vinicius Souza, pesquisador do Brazilian Team e pesquisador da Esalq/USP, explica que a equipe identificou plantas e espécies até o nível taxonômico mais refinado possível, utilizando as informações para gerar percepções sobre a biodiversidade brasileira. “As descobertas das equipes beneficiarão não apenas o Brasil, mas também países da América Latina, África e Ásia que possuem florestas tropicais em seus territórios”, disse.
Além de ajudar a entender mais das espécies brasileiras, o modelo de tecnologia e pesquisa desenvolvido pelo grupo de cientistas permite identificar espécies com potencial farmacêutico, prevenir futuras pandemias, calcular o estoque de carbono de cada indivíduo arbóreo e identificar as mudanças nos padrões da biodiversidade.
Molin completa que o desaparecimento de espécies da biodiversidade brasileira pode impactar na descoberta de curas de doenças e soluções baseadas na natureza para problemas ainda nem conhecidos. “Não estamos apenas preservando espécies, estamos protegendo um patrimônio biotecnológico que pode valer trilhões”, destaca.
Financiamento climático é a esperança para países em desenvolvimento na COP29; entendaA equipe brasileira já informou que caso seja ganhadora destinará o valor de US$ 5 milhões para pesquisas e capacitações na Amazônia e Mata Atlântica.
O resultado da premiação será realizado nesta sexta-feira, 15 de novembro, às 18h, durante o G20 Social, evento que antecede a reunião da cúpula de líderes do G20 no Rio de Janeiro.