O preço médio ficará em torno de US$ 4,60 este ano, muito abaixo dos US$ 49,40 na União Europeia, diz o banco chinês Citic Securities. A China ressalta, porém, que o mercado de carbono está apenas começando (AFP/AFP Photo)
AFP
Publicado em 16 de julho de 2021 às 06h24.
A China lançou nesta sexta-feira (16) o maior mercado de carbono do mundo para reduzir as emissões de gases de efeito estufa — informou a mídia estatal, um passo fundamental para alcançar a neutralidade de carbono do país mais poluidor do mundo até 2060.
As negociações começaram às 9h30 de sexta-feira no horário local (22h30 de quinta, 15, em Brasília) na Bolsa de Energia e Meio Ambiente de Xangai, afirmou a agência de notícias oficial Xinhua em um breve comunicado.
Consciente dos riscos ambientais e sociais postos pelo aquecimento global, a China, o maior investidor em novas energias, pretende ser um dos líderes mundiais no tema climático.
Com o compromisso de alcançar o pico de suas emissões de carbono em 2030, e a "neutralidade de carbono", em 2060, a China quer ser um ator importante na COP26, a cúpula climática da ONU que acontece em novembro, em Glasgow.
Este mercado de carbono permite que as autoridades provinciais estabeleçam cotas de emissão para usinas termelétricas e abrange 2.225 grandes geradores de energia que emitem 4 bilhões de toneladas por ano de gases que causam o aquecimento global, de acordo com a Xinhua.
Também permitirá que as empresas comprem "direitos poluentes" de outras entidades com menor pegada de carbono.
Restam dúvidas, porém, quanto à escala (reduzida, em comparação com o projeto inicial) e à eficiência do sistema (com um preço baixo atribuído à poluição).
A China anunciou planos para criar um mercado nacional de carbono há 10 anos, mas o progresso foi impedido pela indústria do carvão e pelo rápido desenvolvimento de políticas às custas do meio ambiente.
O Citigroup estima que US$ 800 milhões em empréstimos serão adquiridos este ano, os quais deverão chegar a US$ 25 bilhões até o final da década.
Em valor comercial, o mercado de carbono chinês deve representar apenas um terço do da União Europeia (UE), atualmente o mais importante.
De acordo com a Xinhua, o mercado chinês já é "o maior do mundo" em termos de quantidade de emissões cobertas.
Originalmente, o mercado deveria ter um alcance muito mais amplo, abrangendo sete setores. Entre eles, aviação e petroquímica.
Mas o governo chinês "revisou para baixo suas ambições", considerando que o crescimento econômico era uma prioridade no contexto de recuperação pós-covid-19, afirma Lauri Myllyvirta, do Centro de Pesquisas em Energia e Ar Limpo (CREA).
O baixo preço da poluição preocupa os ambientalistas.
O preço médio ficará em torno de US$ 4,60 este ano, muito abaixo dos US$ 49,40 na União Europeia, diz o banco chinês Citic Securities.
A China ressalta, porém, que o mercado de carbono está apenas começando.
O programa será estendido aos produtores de cimento e alumínio a partir do próximo ano, disse Zhang Xiliang, criador do novo sistema, na semana passada.
"O objetivo é cobrir até 10.000 emissores, responsáveis por cerca de 5 bilhões de toneladas de emissões adicionais de carbono por ano", afirmou.
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