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Agricultura regenerativa é um conjunto de técnicas que inclui a recuperação de pastagens degradadas (Lucas Ninno/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 30 de maio de 2025 às 11h50.
O Cerrado se tornou o primeiro bioma do mundo a receber o Landscape Accelerator – Brazil (LAB), iniciativa que busca acelerar a adoção da agricultura regenerativa, técnica que visa reverter a degradação do solo e minimizar os impactos climáticos.
O programa, lançado em 2024, é uma parceria do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), Boston Consulting Group (BCG) e tem apoio técnico do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Agricultura regenerativa é um conjunto de técnicas que inclui a recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, sistemas agroflorestais e plantio direto. O objetivo é não apenas reduzir as emissões de carbono, mas também gerar maior produtividade e valor econômico para produtores e investidores.
O Cerrado, com seus 198 milhões de hectares, representa 25% da produção global de soja, 97% do algodão, 66% do milho e 44% do rebanho bovino do país, além de abrigar 5% das espécies de fauna e flora do planeta — sendo a savana mais biodiversa do mundo.
Um estudo do BCG, com apoio técnico de Mapa, WBCSD e Cebds, aponta que é possível implementar práticas regenerativas em 32,3 milhões de hectares no Cerrado, área equivalente ao território da Noruega, com potencial para gerar US$ 100 bilhões à economia nacional. Para alcançar esse patamar até 2050, são necessários investimentos de US$ 55 bilhões, com retorno médio de 19% em cinco anos.
Entre as empresas participantes do LAB, a Bayer desenvolve desde 2020 o PRO Carbono, programa que promove o manejo conservacionista em mais de 1,9 mil produtores, em 220 mil hectares de soja, milho, algodão e plantas de cobertura, como sorgo e aveia. Segundo apuração do O Globo, a adoção das práticas regenerativas recomendadas gera, em média, 11% de aumento na produtividade e 16% a mais no sequestro de carbono.
Já a Nestlé, com programas sustentáveis adaptados às práticas regenerativas em cadeias de leite, café e cacau, atende mais de 10 mil produtores no Brasil. Bárbara Sollero, head de agricultura regenerativa da Nestlé Brasil, destaca o suporte técnico oferecido às fazendas, que inclui consultorias especializadas para manejo aprimorado.
Entre os resultados, um grupo de 900 fazendas consideradas padrão ouro alcança 8% a mais na silagem de milho, 18% menos emissões de carbono e 15% maior rentabilidade. A empresa reporta que, globalmente, já destinou 1,2 bilhão de francos suíços em projetos de agricultura regenerativa no período 2021-2025.
Bárbara ressalta que “o compromisso global é implementar agricultura regenerativa em 25% das principais matérias-primas até 2025. No Brasil, já atingimos 41% em 2024, mas é necessário ampliar o suporte para engajar mais produtores.”