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Censo mostra urgência de um plano para desenvolver o maior colégio eleitoral do país: as favelas

Com menos gente do que o imaginado, Brasil não pode desperdiçar mão de obra qualificada: é preciso enxergar as favelas como territórios potentes

Rodrigo Caetano
Rodrigo Caetano

Editor ESG

Publicado em 29 de junho de 2023 às 10h25.

Os primeiros dados do Censo, divulgados nesta quarta-feira, 28, mostram que há menos brasileiros do que se pensava. Estamos 4,7 milhões abaixo da previsão, uma surpresa até para o IBGE. Apesar de limitados, os dados liberados até o momento permitem algumas análises, e uma das mais óbvias é o significado dos números para a formação de mão de obra. E já aparecem previsões a respeito da necessidade de se importar trabalhadores para suprir o suposto déficit de mercado.

Com o atual framework de dados disponível, no entanto, uma análise dessas parece mais política do que matemática. Vale ressaltar que a imigração, salvo em casos de crises humanitárias, é benéfica para a economia, pois agrega conhecimento e traz inovação ao país que acolhe, como demonstram inúmeros estudos sobre a questão. Mas uma possível falta de mão de obra não deve nortear políticas de importação de trabalhadores, se esse for o caso.

Pouco antes da divulgação dos números, Renato Meireles, fundador do Instituto Locomotiva, uma das principais empresas de pesquisa de mercado do Brasil, e sócio do Data Favela, a maior especialista em periferia, listava alguns dados interessantes na redação da EXAME, onde participou de um painel do Mês do ESG. Se fossem um estado, as favelas seriam o terceiro maior em população, o sexto em renda e, simplesmente, o maior colégio eleitoral do Brasil, com quase um milhão a mais de votantes do que São Paulo.

Até 2010, ano do Censo anterior, no entanto, as favelas não eram incluídas no levantamento oficial, por incapacidade logística – em 2022, com auxílio do Data Favela, o IBGE conseguiu adentrar esses territórios pela primeira vez. É de se espantar que esse contingente de cidadãos brasileiros não fosse considerado na definição de políticas públicas pela invisibilidade institucional a que são submetidos.

As favelas, no entanto, são territórios potentes. Celso Athayde, CEO da Favela Holding, não cansa de demonstrar isso. Seu conglomerado de empresas, todas com atuação em favelas, compreende agências de viagem, empresas de logística, de telefonia, de mídias digitais e até banco. Nunca faltou capacidade a ele, seu maior desafio sempre foi lidar com a falta de infraestrutura e a incapacidade do Estado de prover o básico a esses territórios.

Sua experiência e conhecimento reunidos ao longo de décadas de empreendedorismo o fez desenvolver o conceito de Quarto Setor. É uma provocação com o objetivo de incentivar a criação de um plano de desenvolvimento abrangente para as favelas (o Quarto Setor), que fuja da lógica do assistencialismo e obrigue o governo a se fazer presente, nem que seja na forma de incentivos fiscais para a criação de empresas nas favelas. Afinal, se uma cidade pode conceder benesses a uma indústria para se instalar em seus domínios, porque não fazer o mesmo com empreendedores que se disponham a gerar valor a partir de favelas, e fazer o dinheiro ficar nas favelas.

O Censo mostrou que somos 4,7 milhões a menos do que imaginávamos. As favelas, no entanto, concentram quase quatro vezes esse contingente de pessoas, invisíveis ao Estado. Errar nas previsões é um acidente, mas ignorar uma parte da população é uma escolha.

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