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Casa dos Ventos negocia R$ 16 bi em energia eólica em dois anos

Metade do valor já está contratada. A capacidade somada dos projetos desenvolvidos pela empresa supera a potência instalada de Itaipu

Lucas Araripe, da Casa dos Ventos: “Não existe outro lugar do mundo que tenha ventos como o Brasil” (Marcos Hermes/Divulgação)

Lucas Araripe, da Casa dos Ventos: “Não existe outro lugar do mundo que tenha ventos como o Brasil” (Marcos Hermes/Divulgação)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 8 de março de 2021 às 17h41.

Última atualização em 9 de março de 2021 às 11h26.

A empresa de projetos de geração eólica Casa dos Ventos planeja negociar, em dois anos, 16 bilhões de reais em energia proveniente dos ventos. Metade desse valor já está contratada, e a outra metade será vendida até o final deste ano. Segundo Lucas Araripe, diretor de novos negócios da companhia, a demanda vem de grandes empresas que desejam descarbonizar suas operações.  

Veja exemplos práticos de como as empresas geram valor aos seus negócios com as normas do ESG

Os projetos atualmente construídos ou operados pela Casa dos Ventos somam 2.645 MW. O portfólio da empresa compreende os complexos Folha Larga Sul, em operação na BA (151MW); Rio do Vento, maior complexo eólico do mundo, no RN (1038MW); e Babilônia Sul, BA (360MW). Somando aos projetos vendidos pela companhia nos últimos anos, a Casa dos Ventos será reponsável por mais de 15.000 MW de potência em projetos eólicos até 2023, capacidade superior à da usina hidrelétrica de Itaipu, a maior do país.  

“Somos a Itaipú dos ventos”, afirma Araripe. O executivo participou do podcast ESG de A a Z, produzido pela Exame. Segundo ele, o Brasil poderia aproveitar melhor seu potencial em energia renovável. “Não existe outro lugar do mundo que tenha ventos como o Brasil.”  

Araripe aposta em um futuro para o setor elétrico que congregue energia eólica, solar e baterias. A Casa dos Ventos vai apostar na construção de parques híbridos, que unem as duas tecnologias de geração limpa. Em relação às baterias, Araripe afirma que elas podem desempenhar um papel importante no sistema, equalizando melhor a oferta e a demanda.  

“No Brasil, agora há tarifas diferentes conforme o horário. Com baterias, é possível armazenar a energia gerada na tarifa mais baixa, liberando quando o preço subir”, explica. Ao mesmo tempo, o uso de armazenamento de energia dá segurança a projetos locais ou mesmo isolados, eliminando a necessidade de construir redes de transmissão e distribuição em locais de difícil acesso.  

Outra aposta da empresa está no mercado livre. Segundo Araripe, quase a totalidade da demanda por energia de grandes consumidores será atendida com energias renováveis. “É uma opção do consumidor. Com as renováveis sendo competitivas, não há motivo para escolher outro tipo de fonte”, diz ele.  

Em relação aos subsídios, o empresário refuta a ideia de que as energias eólica e solar só são viáveis por causa da ajuda. Atualmente, a geração limpa conta com um desconto de 50% na Tust, que é a tarifa paga pelas geradoras às empresas de transmissão. No início deste ano, no entanto, foi aprovada uma regra de transição para o fim dos subsídios. Projetos outorgados a partir do ano que vem já não contarão com o benefício.  

Projetos que recebam a outorga este ano ainda poderão usufruir do desconto, desde que sejam concluídos em até quatro anos. “O fim do subsídio já é uma realidade. O preço deve subir um pouco, mas isso não vai tirar a competitividade do setor”, conclui Araripe.

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