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Cargill aposta em ‘máscaras’ que absorvem metano de vacas

O acessório semelhante a uma máscara foi desenvolvido pela startup britânica Zelp, que afirma poder reduzir as emissões de metano em mais da metade

Fazenda de gado: demanda por regularização foi maior que a esperada (Reprodução/Getty Images/Getty Images)

Fazenda de gado: demanda por regularização foi maior que a esperada (Reprodução/Getty Images/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 1 de junho de 2021 às 12h40.

Por Agnieszka de Sousa, da Bloomberg

A gigante agrícola Cargill começará a vender dispositivos vestíveis que absorvem o metano expelido pelas vacas, apoiando uma tecnologia experimental que pode ajudar o setor a reduzir emissões de gases de efeito estufa.

O acessório semelhante a uma máscara foi desenvolvido pela startup britânica Zelp, que afirma poder reduzir as emissões de metano em mais da metade. A Cargill disse na terça-feira que espera começar a oferecer os dispositivos a produtores de leite europeus em 2022. As empresas ainda não definiram o preço, mas a Zelp diz que o plano de assinatura anual cobraria a partir de US$ 80 por vaca.

Combater as emissões de metano do gado é uma das questões climáticas mais críticas - e mais difíceis - para empresas de carnes e laticínios que estão sob pressão crescente para despoluir cadeias de abastecimento. Ter acesso à vasta rede de clientes da Cargill pode ajudar a Zelp a garantir demanda enquanto se prepara para lançar um produto ainda em desenvolvimento.

“A Cargill tem um alcance impressionante em fazendas leiteiras na Europa”, disse o CEO da Zelp, Francisco Norris. “Estão posicionados de forma única para distribuir nossa tecnologia a um grande número de clientes, tanto pecuaristas quanto empresas de laticínios, maximizando a implementação desde o primeiro ano em que chegamos ao mercado.”

Cerca de 95% do metano liberado pelas vacas é expelido por meio de arrotos e pelo nariz. O gás retém 80 vezes mais calor do que o dióxido de carbono em seus primeiros 25 anos na atmosfera. Os dispositivos vestíveis da Zelp, colocados acima da boca das vacas, agem mais ou menos como o conversor catalítico em um carro. Um conjunto de ventiladores alimentados por baterias carregadas com energia solar suga os arrotos e os prende em uma câmara com um filtro que absorve o metano. Quando o filtro está cheio, uma reação química transforma o metano em CO₂, que é então liberado.

A Zelp trabalha na miniaturização da tecnologia e na otimização da energia dentro do dispositivo, disse Norris. A empresa está em negociações com uma série de possíveis parceiros de fabricação e pretende estar pronta para produção em massa no final do ano. A meta é produzir 50 mil unidades no primeiro ano e até 200 mil unidades no próximo. A empresa está perto de concluir sua próxima rodada de financiamento, de acordo com Norris.

A Cargill se interessou pelas máscaras porque podem ser usadas em combinação com outras soluções, disse Sander van Zijderveld, líder de tecnologia e marketing estratégico de ruminantes da empresa para a Europa Ocidental. Vários fornecedores de alimentos estão testando ou começaram a usar aditivos para rações que inibem os micróbios no estômago das vacas para ajudá-las a produzir menos metano.

“O bom da Zelp é que pode complementar uma vaca que já está recebendo aditivos na ração para reduzir as emissões de metano”, disse. “Ainda pode capturar o metano que está saindo. Poderíamos reduzir ainda mais.”

A Cargill espera que os chamados “wearables” comecem a ser vendidos no segundo semestre do próximo ano após mais testes, que se concentrarão no comportamento animal e no impacto na redução do metano. A empresa pode expandir o programa para fora da Europa se a demanda for alta.

A Zelp ainda precisa provar a especialistas independentes que a tecnologia funciona. Norris disse que estudos revisados por pares ocorrerão no quarto trimestre, após o produto ter sido totalmente otimizado.

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