Rafaela Caixeta, Isadora Caixeta e Bruna Aguiar: fundadoras da Campo Capital (Nayara Bomtempo/Reprodução)
Marina Filippe
Publicado em 29 de abril de 2022 às 11h51.
Última atualização em 29 de abril de 2022 às 12h06.
Com o objetivo de transformar a produção rural sustentável em investimento, três empresárias mineiras lançam a plataforma de investimentos em ativos do agronegócio Campo Capital P2P. A empresa se baseia no empréstimo entre pessoas do Brasil e soluções de investimento e crédito ESG para médios e grandes empreendedores rurais.
A Campo Capital conecta investidores a empreendedores rurais que são responsáveis de forma socioambiental, com aportes a partir de R$ 5 mil. A rentabilidade varia de acordo com o risco da operação, com um diferencial: o investidor sabe qual o destino de uso do dinheiro e pode acompanhar a jornada da fazenda até o prazo do investimento.
Para diferenciar o nível de sustentabilidade de cada fazenda, foram criados selos próprios divididos em três níveis de classificação socioambiental: o produtor responsável, verde e sustentável.
O produtor responsável é aquele que pratica o mínimo necessário para ter a solicitação de crédito aceita. Essa verificação é feita por inteligência artificial que aponta irregularidades fiscais, ambientais — incluindo a verificação de territórios de comunidades indígenas ou quilombolas — e trabalhistas em tempo real.
Os outros dois níveis de sustentabilidade são para quem vai além do respeito às leis, como fazendas que possuem certificação socioambiental, que utilizam fontes de energia renováveis, trabalham com compostagem orgânica, tenham produção orgânica, dentre inúmeras outras práticas voltadas para a sustentabilidade.
Assim, a Campo Capital visa abrir espaço para o investidor consciente, que deseja colaborar para um agro mais sustentável. Para quem busca investir, a plataforma estrutura produtos de investimento com uma curadoria dos produtores rurais — selecionados com base em três avaliações independentes: financeira; performance; e sustentabilidade — e mantém monitoramento regular de cada um dos pilares.
“As boas práticas melhoram o rating da fazenda na análise de crédito, o que resulta em um desconto nas taxas de juro por suas contribuições socioambientais. Além disso, depois de feito o investimento, cada investidor recebe um QR Code, por meio do qual pode monitorar a fazenda por conta própria, inclusive com imagens de satélite. E nós, da Campo Capital, mantemos contato constante com esses produtores e mandamos relatórios dos principais acontecimentos aos investidores a cada seis meses, em média, principalmente para prestar contas da utilização dos recursos aos investidores”, diz Isadora Caixeta, cofundadora da Campo Capital.
O investimento e o acompanhamento dos produtores rurais são feitos de forma digital, por meio do cadastro no site (campocapital.com.br). Antes de aplicar, o usuário — e potencial investidor — pode conferir em detalhes a análise de crédito e a história dos fazendeiros que solicitam crédito, e o destino dos potenciais recursos levantados.
Após escolher a iniciativa com a qual mais se identifica, considerando os objetivos financeiros e sustentáveis que busca, o investidor deve gerar um boleto no valor desejado, que esteja disponível para captação, e realizar o aporte financeiro. O investimento é resguardado por garantias reais e, caso feito por pessoa física, é isento na declaração de imposto de renda (IR).
“Nossa meta para 2022 é atingir um total de captação de R$ 11 milhões e triplicar esse número a partir de 2023. Pretendemos abrir 2 mil contas de investidores até dezembro 2022 e dobrar esse número em 2023. Para alcançar esses objetivos, estamos finalizando uma rodada de investimento anjo de R$ 500 mil e esses recursos serão utilizados para contratação de time comercial, tecnologia, automação de processos e muito investimento em marketing e geração de conteúdo”, diz Caixeta.
De acordo com a executiva, um exemplo de captação foi de R$ 460 mil para uma fazenda que produz leite e café. “Essa fazenda possui práticas e estrutura de bem-estar animal, possui certificado de qualidade e boas práticas e captou os recursos para trocar o uso de energia elétrica por painéis de energia fotovoltaica, que é uma fonte 100% limpa e renovável”. Foram 24 investidores pessoa física que financiaram essa fazenda, o que deu um tíquete médio por investimento de R$ 19 mil. “A captação aconteceu em sete dias úteis e tivemos fila de espera de investidores no último dia”.
História da Campo Capital
Fundada na cidade de Patrocínio, em Minas Gerais, a Campo Capital nasce do conhecimento dos desafios que os produtores rurais enfrentam na busca por crédito. Por trás da plataforma estão as empresárias e amigas Bruna Aguiar, Isadora Caixeta e Rafaela Caixeta, que compartilham aprendizados na gestão de fazendas das próprias famílias, apesar das diferentes graduações e histórico profissional.
“Metade de nossa vida foi vivida em metrópoles, mas sempre nutrimos nossas raízes no interior de Minas Gerais. Depois de uma década de experiências profissionais distintas e o desejo comum de inovar, voltamos à nossa cidade natal, onde agora também nasce a Campo Capital”, afirmam as idealizadoras da plataforma.
“Conhecemos o campo e o mercado de capitais e, por isso, conseguimos atender melhor os objetivos de quem quer e sabe da eficiência em se investir no agronegócio responsável”, explicam as fundadoras da Campo Capital. Dessa forma, a plataforma oferece uma nova linha de crédito ao passo em que democratiza o acesso a investimentos de impacto positivo, e possibilita que o empreendedor rural amplie sua atividade.
A Campo Capital auxilia produtores rurais que buscam novas fontes de crédito com transparência de taxas, por um custo mais acessível do que a disponibilizada pelo crédito privado tradicional. Em troca do aporte financeiro, a produção agrícola é oferecida como forma de garantia. Os empréstimos podem custear desde o investimento na produção, passando pela compra de maquinários e insumos até a instalação de painéis de energia fotovoltaica na fazenda, entre outras iniciativas de sustentabilidade.
Cada agricultor selecionado pela plataforma é classificado pelo seu nível de sustentabilidade, o que envolve inspeções locais, como a feita por um engenheiro agrônomo e outra por satélite e inteligência artificial. Em ordem crescente, são elas:
A Campo Capital não é e não atua como instituição financeira ou administradora de carteira de valores mobiliários. É uma empresa especializada na originação, estruturação e distribuição de ativos reais do agronegócio que não se enquadrem como valores mobiliários, nos termos da Lei nº 6.385/76.