ESG

Cachorros poluem mais do que carros utilitários, diz estudo

Estudo sugere que um cachorro de médio porte emite até 17 toneladas de CO2 ao longo da vida; emissões estão ligadas ao consumo de carne

Estudo afirma que cachorros podem emitir até 17 toneladas de carbono ao longo da vida (blanscape/Thinkstock)

Estudo afirma que cachorros podem emitir até 17 toneladas de carbono ao longo da vida (blanscape/Thinkstock)

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AFP

Publicado em 21 de março de 2021 às 18h46.

Última atualização em 13 de abril de 2021 às 18h07.

Seu simpático cão é mais prejudicial ao clima do que um SUV? Essa tese iconoclasta não é unânime, mas os cientistas pedem aos amantes de cães e gatos que não olhem para o outro lado: seu animal tem impacto sobre o planeta.

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Em 2009, o livro "Hora de comer o cachorro?", de Brenda e Robert Vale, enfureceu os amigos dos bichos de estimação. A conclusão era clara: o consumo de carne por um cão de médio porte impacta o planeta duas vezes mais do que um SUV com 10 mil km rodados.

Os anos passam e não há consenso entre os cientistas. “Não tenho nada contra animais de estimação, eles fazem muito bem às pessoas (...) Mas para tomar decisões claras, é preciso ter informação”, diz à AFP Gregory Okin, professor da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

Em 2017, esse pesquisador calculou que os 160 milhões de cães e gatos americanos foram responsáveis por 25 a 30% do impacto ambiental do consumo de carne nos Estados Unidos, o que representa 64 milhões de toneladas de CO2.

"Muitas hipóteses imprecisas (...) A maior parte da alimentação animal deriva de subprodutos da indústria alimentícia humana", explica Kelly Swanson, professora de nutrição animal da Universidade de Illinois, à AFP.

Cachorro grande, gato pequeno

“O impacto do CO2 dos alimentos industriais convencionais para animais de estimação é insignificante”, garante Sébastien Lefebvre, da escola de veterinária francesa VetAgro Sup, em Lyon.

Isso se tornaria um problema "se os humanos parassem de consumir" ou se tornassem "vegetarianos", ironizou. Mas até lá, os cortes de carne de "baixa qualidade" ou as entranhas desprezadas pelos humanos podem ser "comidos por carnívoros domésticos".

Para Okin, esse argumento não se sustenta: "Tenho viajado muito pelo mundo, observando que algumas coisas que eu não consumiria, outras pessoas o fariam com prazer."

“Em alguns países como a Holanda (...) produz-se carne apenas para consumo animal”, aponta o professor Pim Martens, da Universidade de Maastricht. No entanto, "assim como no caso dos humanos, a pegada de carbono depende de onde vive no mundo", diz ele à AFP.

Segundo seu estudo, publicado em 2019, um cachorro de médio porte (10 a 20 kg) emite entre 4,2 e 17 toneladas de CO2 ao longo de sua vida se mora na Holanda, mas apenas de 1,5 a 9,9 no Japão.

Em tese, 10 toneladas de CO2 equivalem às emissões de dois carros usados durante um ano, embora ele negue as comparações. “Isso significa que se você não tem um cão ou um gato, pode ter um SUV? Não faz nenhum sentido", argumenta.

Os pesquisadores parecem concordar em pelo menos uma coisa óbvia: um cachorro grande tem uma pegada de carbono maior que a de um gato pequeno.

Então, qual a solução para os donos de animais? Livrar-se deles? Não, trata-se de tomar decisões conscientes. "Não é preto ou branco. Cães e gatos têm muitos pontos positivas", como benefícios psicológicos, insiste Martens.

“Adotar um hamster ou um pássaro?”, sugere Okin. “Em termos de pegada de carbono, pode ser melhor ter um lagarto ou uma aranha, mas a interação não é a mesma”, afirma Martens.

Uma solução para a relação entre animal e planeta é não alimentá-los demais. Também podem ser elaboradas rações a partir de insetos, por exemplo. Além disso, seu cão pode se tornar vegetariano, mas não seu gato.

A vantagem competitiva do Brasil é ser uma potência ambiental | ESG #017

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