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Metade da área original do Cerrado já foi convertida para outros usos, principalmente em pastagens degradadas (Luciano Candisani/Votorantim/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 31 de outubro de 2025 às 12h00.
Última atualização em 31 de outubro de 2025 às 12h23.
Uma das maiores iniciativas privadas de reflorestamento do mundo liderada pelo braço de gestão de ativos do BTG Pactual alcançou US$ 672 milhões ( R$ 3,61 bilhões) em investimentos para restaurar ecossistemas degradados na América Latina, com foco especial no Cerrado brasileiro.
O aporte mais recente veio da GenZero, plataforma de investimentos da Temasek voltada para descarbonização global.
A meta é mobilizar US$ 1 bilhão (e R$ 5,37 bilhões) para conservar, restaurar e reflorestar aproximadamente 270 mil hectares – uma área equivalente a quase três vezes a cidade de São Paulo.
O Cerrado, segundo bioma brasileiro em extensão e um dos ecossistemas sazonais mais biodiversos do planeta, é o foco e pode ser o berço do maior experimento de restauração em curso.
Segundo o BTG, a restauração se torna urgente em meio a um cenário crítico: metade de sua área original já foi convertida para outros usos, principalmente em pastagens degradadas.
Um estudo recente já demonstrou o potencial da agricultura regenerativa de gerar US$ 100 bilhões ao PIB brasileiro. Entre os desafios, está justamente o de financiamento das novas tecnologias.
Até agora, o projeto já recuperou mais de 11 mil hectares de vegetação nativa, criando uma área conectada de mais de 40 mil hectares de habitat para fauna local. Nas propriedades envolvidas, foram catalogadas mais de 500 espécies de flora e fauna.
Quando completamente implementada, será possível restaurar cerca de 135 mil hectares de florestas nativas e outros habitats naturais. Já a outra metade será destinada a florestas comerciais sustentáveis, certificadas pelo FSC (Forest Stewardship Council), por meio do plantio de milhões de árvores.
A expectativa é que o projeto gere aproximadamente 2,7 mil empregos diretos. O número é significativamente maior do que as atividades tradicionais de agropecuária que ocupavam as terras.
A Conservação Internacional atua como consultora de impacto da estratégia, fornecendo análises técnicas para assegurar benefícios ambientais, climáticos e sociais.
Em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), serão testados diferentes métodos de recuperação ambiental, incluindo semeadura direta, plantio de mudas nativas e regeneração natural assistida.
"O que está acontecendo no Cerrado mostra que a restauração em larga escala é possível quando ciência e finanças atuam juntas", afirmou Mauricio Bianco, vice-presidente da organização no Brasil.
O projeto também atua na conservação ambiental com geração de receita por meio da produção sustentável de madeira e da comercialização de créditos de carbono de alta integridade.
"A ideia é transformar terras degradadas em habitats produtivos novamente. Ao combinar restauração com manejo sustentável da terra, comprovamos que produção e natureza não apenas podem coexistir, mas se fortalecer mutuamente", complementou Bianco.
Para Hoon Ling Min, diretora de Investimentos da GenZero, a estratégia demonstra que é possível "apoiar a transição para um mundo neutro em emissões e fortalecer a resiliência das comunidades locais" ao mesmo tempo.