Adeus aos carros próprios? Pesquisa mostra que brasileiros veem veículos como serviço (Levi Bianco/Getty Images)
Os serviços de compartilhamento estão caindo no gosto da população brasileira. Segundo uma pesquisa da Turbi, startup de aluguel de veículos por aplicativo, os carros próprios estão deixando de ser considerados como um bem material e são agora vistos, mais do que nunca, como um serviço.
O estudo buscou analisar os novos hábitos e comportamentos do consumidor e entender, a partir de informações obtidas na base de clientes da Turbi, o padrão dos serviços de compartilhamento de carros e dos usuários deste serviço no Brasil, principalmente durante a pandemia. Foram ouvidos 6.274 usuários do aplicativo, em março deste ano. Destes, 77% possuem entre 25 e 44 anos.
“Nos últimos anos, as pessoas começaram a repensar a maneira como se deslocam pela cidade, tanto como forma de otimizar o dia a dia quanto na busca por sustentabilidade. Isso significa dizer que elas começaram a repensar também o modo como consomem e o que ter um carro significa”, diz o CEO da Turbi, Diego Lira.
Sob um recorte de gênero, é possível identificar que compartilhar carros ainda é algo predominantemente masculino. Apenas 25% dos usuários da Turbi são mulheres. Ainda assim, essa porcentagem representa um acréscimo de 7% em relação aos dados de 2019.
Dos brasileiros que participaram da pesquisa, 74% acreditam que o veículo passou a ser um serviço, e deixou de ser um bem. Para esses respondentes, os carros não devem representar despesas fixas, e os custos devem variar acordo com a frequência do uso. Essa é, inclusive, a percepção da maioria dos usuários (83%) que não possuem carro próprio. Enquanto que para 26% dos motoristas, os carros são um bem, que pode ser comprado e revendido depois.
Está cada vez mais caro manter um carro na garagem. A pesquisa indica que, entre os respondentes, 25% pensam em abrir mão do próprio veículo e vendê-lo. A lista é cheia de motivações financeiras, como as altas despesas geradas pelo veículo e a relação custo-benefício entre o valor do carro e o pouco uso dele, respostas de 42% e 21% das pessoas, respectivamente.
Há ainda uma porcentagem de respondentes que afirmam querer vender seus carros para investir o dinheiro na Bolsa de Valores. Entre aqueles que desejam abrir mão do veículo, 64% afirmam ser para aplicar o valor na bolsa, e 22% planejam usar o valor da venda na compra de imóveis.
Com os impactos na rotina que vieram com a pandemia, os carros compartilhados agora fazem parte do rol de serviços ligados mais ao lazer, e menos à ida ao trabalho. Os serviços de compartilhamento, segundo o estudo, passaram a ser usados para visitas familiares e aos amigos, numa alta de 6% em relação ao cenário visto em 2020.
Apesar da alta no período, as empresas do setor ainda encaram um desafio e tanto: como conquistar novamente a confiança do consumidor, agora mais preocupado com a higiene e compartilhamento de bens e espaços? A Turbi, por exemplo, aposta em um processo de locação 100% digital, sem nenhum contato humano. Até mesmo para destravar o carro, basta apenas um aplicativo. A startup também planeja lançar nos próximos meses uma opção de aluguel mensal, com contratos de 6 e 12 meses e de permanência mínima de 30 dias por carro, com pausas de 15 dias entre um aluguel e outro - uma brecha importante para a higienização do veículo.
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