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Brasil tem pouco a comemorar no Dia da Amazônia

Desmatamento em agosto foi o maior do ano e o segundo maior da década, apesar da atuação do Exército e do vice-presidente Hamilton Mourão

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil lançou uma campanha no exterior que chama atenção para a responsabilidade do governo no desmatamento da Amazônia (divulgação/Divulgação)

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil lançou uma campanha no exterior que chama atenção para a responsabilidade do governo no desmatamento da Amazônia (divulgação/Divulgação)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 4 de setembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 4 de setembro de 2020 às 09h01.

Neste sábado, é celebrado o Dia da Amazônia. A data, no entanto, não deve ser festiva. A floresta passa por um momento de degradação em função do desmatamento ilegal e do desmanche das estruturas de fiscalização e repressão aos crimes ambientais. Como consequência, o País enfrenta o escrutínio e as críticas de países estrangeiros, que atrapalham as empresas brasileiras. 

Em agosto, o volume de queimadas registradas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que faz o monitoramento via satélite da região, foi o maior do ano e o segundo maior da década: 29.307 focos de calor. O recorde de fogo acontece apesar da atuação das Forças Armadas. 

Há três meses, o Exército conduz uma operação na região para conter o desmatamento, que vem batendo recordes há um ano. O vice-presidente, Hamilton Mourão, que é militar, assumiu o comando do Conselho Amazônia, criado para coordenar as ações federais de proteção e desenvolvimento da floresta. 

Para o Observatório do Clima, rede formada por 50 organizações que atuam na mitigação das mudanças climáticas, os números do Inpe comprovam que o Exército Brasileiro fracassou na tentativa de conter o desmatamento na Amazônia. “O teatro militar montado pelo general Hamilton Mourão na Amazônia para iludir os investidores não conseguiu enganar os satélites”, afirmou Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

Neste semana, a Articulação dos povos indígenas do Brasil (Apib), com apoio do Observatório, lançou uma campanha para pressionar empresas e investidores estrangeiros a não financiar o desmatamento. Batizada de “Defund Bolsonaro”, a iniciativa culpa o governo pela situação e pede que o fluxo de dinheiro para o Brasil seja cortado. “O fogo na Amazônia não é natural. É um ato criminoso incentivado por Bolsonaro e por grandes empresas”, diz o manifesto. As entidades também divulgaram um vídeo com forte apelo emocional.  

O brasileiro está preocupado 

A situação na Amazônia preocupa a população. Uma pesquisa realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) aponta que o brasileiro é um defensor da preservação do meio ambiente. O trabalho entrevistou 1.500 pessoas, entre os dias 11 e 19 de agosto. Para 90% dos entrevistados, a situação na Amazônia, com o aumento recente do desmatamento, é preocupante. 

Mais da metade (55%) considera o cenário atual muito preocupante e 60% apontam a Floresta Amazônica como o ecossistema mais ameaçado do país. Esse percentual é especialmente relevante considerando que 94% dos entrevistados consideram que a preservação da Amazônia é essencial para a identidade nacional. 

As lideranças indígenas são encaradas positivamente, com 73% de aprovação, o maior índice entre os grupos e entidades que melhor defendem a floresta. Em seguida, aparecem os militares, com 69%. Mais de dois terços dos entrevistados são contra a redução das reservas índigenas na região. 

Já o governo e os madeireiros aparecem empatados como os maiores responsáveis pela alta no desmatamento. Fazendeiros e garimpeiros também são apontados como culpados pela destruição da floresta. A perda da diversidade é considerada a consequência mais grave do desmatamento. Também foram destacadas as mudanças climáticas e do regime de chuvas no Brasil. 

A reportagem procurou o Exército Brasileiro, que afirmou que não iria se pronunciar

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