ESG

Brasil quer ser pioneiro no mercado de crédito de metano do mundo

O programa maior, o da Estratégia Nacional de Redução de Emissões de Metano, tem foco na redução da emissão a partir de resíduos orgânicos

O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, vai anunciar o projeto amanhã, em cerimônia que ocorrerá no Palácio do Planalto dentro de um programa maior, o da Estratégia Nacional de Redução de Emissões de Metano, em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME).
 (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, vai anunciar o projeto amanhã, em cerimônia que ocorrerá no Palácio do Planalto dentro de um programa maior, o da Estratégia Nacional de Redução de Emissões de Metano, em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME). (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de março de 2022 às 11h09.

Para dar uma resposta ao mercado internacional sobre a atuação brasileira em relação ao meio ambiente, o Brasil pretende se tornar o pioneiro no mercado de crédito de metano do mundo. O gás é visto como um dos maiores vilões para o efeito estufa porque é o principal contribuinte para a formação de ozônio ao nível do solo. A criação de um mercado inédito surge em um momento em que o País é visto com desconfiança no exterior em relação à sustentabilidade, principalmente em assuntos envolvendo a Amazônia.

O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, vai anunciar o projeto amanhã, em cerimônia que ocorrerá no Palácio do Planalto dentro de um programa maior, o da Estratégia Nacional de Redução de Emissões de Metano, em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME).

Na Conferência do Clima de Glasgow (COP26), em novembro passado, mais de 100 países assinaram o compromisso global para reduzir as emissões de metano em 30% até 2030. O Brasil é um dos signatários, mas sempre se soube que a avaliação do governo é a de que o País não precisaria ampliar sua atuação nesse sentido para contribuir com o esforço do planeta.

“Baseado na política nacional de resíduos sólidos, no marco legal de resíduos sólidos de janeiro e no acordo de metano que assinamos na COP, lançaremos o programa Metano Zero”, disse ao Estadão/Broadcast o ministro. A criação do mercado deverá ser formalizada por meio de uma portaria. “Quando tiver essa portaria, o mercado acontece. Fiz isso com o Floresta + Carbono” lembrou, mencionando o programa que prevê a geração de créditos de carbono por meio da conservação e da recuperação da vegetação nativa. “Em 2019, o valor estava em US$ 2 e sem demanda. Hoje está US$ 14 e não tem projeto que não esteja 100% vendido na Amazônia. Com o metano vai acontecer a mesma coisa”, previu.

O projeto será apresentado ao enviado especial do clima dos Estados Unidos, John Kerry, em encontro ministerial de meio ambiente no fim do mês na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com sede em Paris. “O Brasil será o primeiro País que fez alguma coisa pelo metano depois da Conferência do Clima”, disse.

O programa maior, o da Estratégia Nacional de Redução de Emissões de Metano, tem foco na redução da emissão a partir de resíduos orgânicos. Num primeiro momento, serão beneficiadas cinco atividades principais: aves, suínos, aterros sanitários, sucroalcooleira e de laticínios. Além da questão institucional por meio de portarias e decretos (como deve ser a criação do mercado de metano) e da priorização de projetos nesses cinco segmentos, haverá incentivo econômico.

ESTÍMULO A PRODUTORES. A projeção de Leite é a de que o programa possa reduzir em mais de 30% a emissão de metano brasileiro. Para estimular os produtores por meio de incentivo econômico, as cinco atividades farão parte do Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi). Entre outros pontos, o Reidi conta com cinco anos de isenção de impostos federais para compra de equipamentos de infraestrutura e incentiva financiamentos específicos para biogás e biometano baseado nas reduções de gás de efeito estufa, além de redução de PIS e Cofins.

“O potencial de geração de bioenergia do Brasil em relação ao biometano explorado para transformar em energia combustível é de 2%”, disse o ministro. Isso equivale, de acordo com ele, a toda a produção de gás natural do pré-sal brasileiro, ou 120 milhões de metros cúbicos por dia, que corresponderia a quatro vezes o gasoduto Brasil-Bolívia.

Os incentivos são necessários na avaliação do governo porque, para transformar resíduos de lixo em biogás, é preciso construir usinas. São projetos que custam de R$ 500 mil a R$ 200 milhões. “A usina faz o trabalho de biodigestão daquele resíduo, que se transforma em biogás num primeiro momento (com 54% de pureza) e depois vai para um sistema de filtragem que purifica esse gás para 94% de pureza”, explicou ele, depois de visitar produtores e ter contato com iniciativas que já estão em andamento. O produto desse processo pode ser usado em motores de tratores, caminhões e outros veículos pesados.

Está previsto, na cerimônia, um deslocamento do ministro pela Esplanada em um veículo movido a esse combustível alternativo e menos poluente. “São soluções climáticas lucrativas”, afirmou.

Acompanhe tudo sobre:Efeito estufaMudanças climáticasSustentabilidade

Mais de ESG

Americanas convoca assembleia para votar ação judicial contra ex-executivos por fraude

O que é refinanciamento, como funciona e quais os principais tipos?

Na contramão do mercado cervejeiro, Heineken amplia participação feminina

Apple supera estimativa em balanço do 3º trim., mas queda de vendas na China liga alerta no mercado