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Os caminhões representaram quase metade (49,9%) das emissões de CO2 do setor de transporte em 2024 (Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 2 de setembro de 2025 às 13h20.
Última atualização em 2 de setembro de 2025 às 15h41.
O Brasil ocupa a quinta posição mundial em emissões em transportes, reflexo direto de uma matriz logística que concentra 75% do deslocamento de cargas em rodovias. Nesta conta de impacto, os caminhões são a maior parte do problema e representaram quase metade (49,9%) dos gases de CO2 emitidos em 2024.
A alta dependência do modal rodoviário abre caminho para soluções de descarbonização que vão do biodiesel proveniente de combustível renovável aos veículos elétricos emergentes.
Pela primeira vez, o Instituto Ar comparou os impactos de diferentes tecnologias para descarbonizar a frota pesada brasileira.
O estudo revelou que [grifar]a eletrificação da frota de caminhões pesados no Brasil pode gerar uma economia de R$ 5 bilhões em custos ambientais e de saúde pública até 2050.
Além da oportunidade bilionária, a transição resultaria em redução de 46% nas emissões de gases de efeito estufa no setor.
A análise levou em conta diferentes cenários de substituição da frota de caminhões a diesel em São Paulo, considerando tecnologias como baterias movidos por célula de hidrogênio, híbridos a diesel, gás natural e biodiesel e mostrou que a eletrificação é a melhor alternativa para o Brasil.
Contrariando expectativas sobre os biocombustíveis, o estudo demonstra que os caminhões híbridos a diesel apresentam desempenho muito inferior aos elétricos, com redução de apenas 8% nas emissões até 2050 e economia de apenas R$ 298 milhões em custos evitados.
Outro destaque é que os caminhões movidos a gás natural e biodiesel podem até aumentar as emissões líquidas e os custos econômicos ao longo do tempo, na direção contrária a percepção comum sobre essas tecnologias como alternativas "limpas".
Um dos dados mais preocupantes fala sobre o impacto territorial do biodiesel. Se o Brasil optasse por uma transição completa para estes combustíveis até 2050, seriam necessários cerca de 215 milhões de hectares de terras agrícolas — o equivalente a mais de 25% de todo o território nacional.
A área necessária representa quase 7,5 vezes maior que a terra atualmente destinada ao cultivo de culturas alimentares básicas como arroz, trigo e feijão, totalizando 6,1 milhões de hectares.
Considerando que o óleo de soja representa aproximadamente 66% da produção brasileira de biodiesel, os pesquisadores ressaltam que a expansão poderia se tornar um vetor significativo de desmatamento. Segundo as projeções, o biodiesel de soja contribuiria para 59% do problema ambiental no país.
Com os impactos ambientais, o aumento da poluição atmosférica também acarreta um problema para o sistema de saúde pública brasileiro.
Entre 2013 e 2023, mais de R$ 24 bilhões foram gastos em hospitalizações no SUS relacionadas a doenças associadas à poluição do ar, incluindo câncer do sistema respiratório, doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e respiratórias, além de diabetes.
As comunidades mais afetadas são aquelas localizadas próximas aos principais corredores de transporte, rodovias, centros logísticos e cidades portuárias e que geralmente se encontram em situação de vulnerabilidade social e econômica.
A exposição ao material particulado fino (PM2,5) e óxidos de nitrogênio (NOx) dos caminhões a diesel está diretamente ligada ao aumento de doenças respiratórias crônicas, problemas cardiovasculares e complicações que afetam especialmente crianças e idosos.