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Brasil pode desperdiçar até US$ 35 bi com nova exploração de petróleo e 85% pode não gerar lucro

Estudo alerta para a viabilidade econômica dos controversos avanços na Foz do Amazonas e em mais poços petrolíferos; Até 2029, a Petrobras planeja investir US$ 97 bi em combustíveis fósseis

A pauta ganha ainda mais holofote com o leilão de licenças de exploração previsto para acontecer em 17 de junho, que inclui 47 blocos offshore na ecologicamente sensível Foz do Amazonas (Lucas Ninno/Getty Images)

A pauta ganha ainda mais holofote com o leilão de licenças de exploração previsto para acontecer em 17 de junho, que inclui 47 blocos offshore na ecologicamente sensível Foz do Amazonas (Lucas Ninno/Getty Images)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 12 de junho de 2025 às 10h00.

Última atualização em 12 de junho de 2025 às 14h33.

Em meio ao controverso avanço da exploração de petróleo no Brasil, um novo estudo faz um alerta: caso o mundo consiga limitar o aquecimento global a 1,5ºC como espera o Acordo de Paris, até 85% da possível extração da Petrobras pode não gerar lucro e abrir novos poços pode levar ao desperdício de até US$ 35 bilhões (R$ 185,5 bi). 

É o que revela um novo relatório realizado pelo Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD), World Benchmarking Alliance (WBA) e WWF-Brasil, após avaliar os riscos econômicos dos planos do Brasil em expandir a produção de petróleo e gás em mais de 20% até 2030.

Segundo a pesquisa, os empreendimentos de maior risco da Petrobras só gerariam lucro se as temperaturas globais aumentassem 2,4°C ou mais -- bem acima dos limites climáticos seguros estabelecidos no Acordo de Paris e que norteia as metas nacionais rumo à COP30.

A empresa estatal é responsável por mais da metade da expansão planejada do país, incluindo alguns dos projetos mais caros e de risco de impacto, como o da Foz do Amazonas.

No ano em que o Brasil se prepara para sediar a COP30 e se posiciona como líder da agenda climática, a sinalização positiva do governo para abrir novos poços de combustíveis fósseis se tornou um teste de credibilidade.

Em um cenário de intensificação da competição por participação de mercado e considerando a estrutura de custos dos campos petrolíferos, as organizações destacam que a maioria dos novos empreendimentos só seria rentável em um mundo perigosamente superaquecido.

Investimentos bilionários em combustíveis fósseis

Até 2029, a Petrobras planeja investir US$ 97 bilhões em exploração, produção, transporte e refino de petróleo e gás. Em contraste, apenas 15% de seu orçamento é destinado à descarbonização de operações e diversificação voltada para a energia limpa.

O estudo também apontou que a companhia está atrás das principais do setor em medidas de desempenho climático, com espaço significativo para melhoria na intensidade de carbono de seus produtos, metas de emissões e estratégias de novas fontes energéticas.

A controversa exploração do Foz do Amazonas

A pauta ganha ainda mais holofote com o leilão de licenças de exploração previsto para acontecer em 17 de junho, que inclui 47 blocos offshore na ecologicamente sensível Foz do Amazonas. Segundo os pesquisadores, a decisão representaria riscos ambientais para as populações locais e contribui para a perda de biodiversidade em toda a Amazônia.

Em maio, o Ibama avançou em uma etapa do processo de licenciamento ambiental, e agora o próximo passo será a realização de vistorias e simulações práticas visando testar a capacidade de resposta em caso de acidentes com derramamento de óleo.

Transição energética é peça-chave

Outro dado citado no estudo sugere que a população brasileira está alinhada com a necessidade da transição energética: 81% dos entrevistados disseram que a Petrobras deveria migrar para energia renovável imediatamente, contra 19% que defenderam a continuidade como empresa de combustíveis fósseis.

Para os pesquisadores, a aposta do Brasil por participação de mercado só pode compensar se outros produtores fecharem campos de petróleo prematuramente ou se os governos coletivamente violarem as metas climáticas internacionais.

Nesse cenário, a energia limpa é a aposta mais segura tanto para o futuro sustentável como econômico do país -- e do mundo.

Recomendações para o governo

O relatório apresenta três recomendações principais ao governo brasileiro:

Roteiro para conter expansão: Parar de emitir licenças de exploração de combustíveis fósseis e eliminar gradualmente as licenças de desenvolvimento, começando pelos ativos com maior probabilidade de ficarem encalhados em trajetórias de baixo carbono.

Redefinição do mandato da Petrobras: Trabalhar com a estatal em um plano de transição crível e ambicioso, adotando uma estratégia de "modo colheita" para maximizar fluxos de caixa evitando despesas de capital no desenvolvimento de petróleo e gás.

Transferência de investimentos: Incentivar a Petrobras a redirecionar investimentos para energia limpa.

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