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Gilberto Gil, artista e ativista: "Estarmos reunidos aqui em Belém é sintoma dessa responsabilidade que o Brasil assume frente ao mundo" (Sofia Schuck)
Repórter de ESG
Publicado em 12 de novembro de 2025 às 19h30.
Última atualização em 12 de novembro de 2025 às 19h55.
Belém (PA) - Caminhamos perigosamente para a "porta do abismo", mas o Brasil foi incumbido de estabelecer para o mundo novas esperanças. A declaração é de ninguém menos que Gilberto Gil, símbolo da cultura brasileira com um vasto legado na luta ambiental e social.
Fugindo de qualquer passividade, Gil foi categórico sobre a necessidade de ação: "A espera é ativa e não passiva", frisou.
O artista fez uma aparição surpresa nesta quarta-feira, 12, em um evento sobre bioeconomia da Casa CASE em Belém do Pará, em meio às discussões acaloradas da COP30 que definem o futuro climático.
Aos 83 anos, trouxe uma reflexão profunda sobre responsabilidade geracional, ação climática e o papel singular do Brasil diante da crise ambiental global.
Há décadas ele utiliza sua arte e voz para defender a igualdade, a preservação e a democratização cultural, defendendo que "conservar a natureza é conservar a cultura".
Em conversa marcada pela poesia e pela urgência, Gil conectou o legado cultural brasileiro com os maiores desafios atuais.
"O fato de estarmos reunidos aqui em Belém, é sintoma dessa responsabilidade que o Brasil assume", afirmou o artista. Para Gil, sediar a COP30 no coração da Amazônia não é coincidência.
"Aqui estamos no centro da riqueza humana. Aliás, a floresta também tem uma contribuição social muito forte, aprendemos dia após dia", complementou.
Gil também apresentou sua visão sobre a relação entre preservação ambiental e identidade cultural.
"O hibridismo que foi construído no Brasil acabou criando uma nação e povos muito particulares", disse.
Ele destacou a cultura do país como força motriz para enfrentar os desafios planetários:
"Essa riqueza humana de construir aquilo que tem valor universal como a música brasileira – deviam nos energizar pra pensar o que podemos ser nesse momento futuro que se avizinha tão complexo e desafiador no âmbito climático e ambiental"
Uma das reflexões mais potentes foi sobre o equilíbrio necessário para enfrentar a crise climática e o papel das novas gerações. "Como deslocarmos esse passado e esse presente para o futuro?", questionou. A resposta passa por "passar o bastão para os mais jovens".
"Eles precisam crescer com o gosto pelo ímpeto, pelo impulso, mas também o gosto pela contenção, pela capacidade de pegar o acelerador do mundo."
Para o artista, as novas gerações já nascem conscientes de que "estamos caminhando para um abismo perigoso" e defendeu a ação baseada em "mais conhecimento, aprendizado, cuidado, carinho, amor e afeto", declarou.
Em uma mensagem que une esperança com ação, o artista reforçou o propósito da espera ativa: "Esperamos estar representados por todos que vão nos suceder. Nesse sentido da sucessão na vida histórica, na vida criativa é algo fundamental", concluiu.