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Brasil fecha 2020 com menor expansão em hidrelétricas e recorde em geração fóssil

País teve o menor índice de expansão de hidrelétricas em vinte anos, enquanto termelétricas cresceram

Geração fóssil: Termelétricas tiveram o maior crescimento no Brasil nos últimos sete anos (starekase/Thinkstock)

Geração fóssil: Termelétricas tiveram o maior crescimento no Brasil nos últimos sete anos (starekase/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 4 de janeiro de 2021 às 17h01.

O Brasil registrou em 2020 o menor nível de implementação de novas hidrelétricas em pelo menos duas décadas, enquanto a capacidade em termelétricas movidas a combustíveis fósseis foi em direção oposta e apresentou o mais forte avanço em sete anos.

Térmicas fósseis que iniciaram operação no ano passado somaram 1,9 gigawatt (GW) em potência, maior volume desde 2013, enquanto usinas hídricas, principal fonte de geração do país, adicionaram só 178 megawatts (MW), contra quase 5 GW de 2019, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Mas os dados também mostram crescimento importante das usinas eólicas e das solares --que atingiram recorde se levadas em consideração instalações de sistemas de geração solar menores, voltados a atender à demanda de casas e empresas.

O desempenho dessas fontes renováveis mostra que elas devem comandar a expansão da matriz elétrica do Brasil no longo prazo, enquanto usinas principalmente a gás podem até ter destaque pontualmente em um ano ou outro, mas serão complementares, disse à Reuters o consultor e professor do departamento de Engenharia de Energia da Universidade de São Paulo (USP) Dorel Ramos.

Para ele, a aposta do Brasil na construção de mais térmicas está diretamente ligada à dificuldade de viabilizar novos projetos hidrelétricos, principalmente por questões ambientais.

"Se houvesse um potencial hidrelétrico passível de exploração intensa poderia se minimizar a construção de termelétricas, mas no momento não há essa possibilidade."

A tendência de investimentos em termelétricas também deve ser apoiada pela expectativa de maior oferta de gás doméstica, em meio à exploração do pré-sal, e por movimentos estatais para incentivar o mercado do insumo.

O governo Jair Bolsonaro lançou o programa Novo Mercado de Gás visando acabar com o monopólio da Petrobras no setor e fomentar a competição, além de ter apoiado a discussão no Congresso de um novo marco legal para o segmento, que sofreu modificações no Senado em dezembro e precisará ser analisado novamente na Câmara dos Deputados.

Durante os debates, inclusive, senadores tentaram aprovar proposta para garantir a construção obrigatória de mais térmicas a gás nos próximos anos como forma de viabilizar investimentos em gasodutos para escoar a produção do energético no pré-sal. Esse dispositivo, no entanto, foi retirado do texto.

Solar brilha

Depois das térmicas fósseis, os destaques na expansão da capacidade de geração em 2020 foram as usinas eólicas (1,7 GW) e solares (793 MW), embora com desempenho abaixo de anos passados.

A fonte solar ainda contou com 2,3 GW extras vindos de sistemas menores em 2020 --placas solares em telhados, por exemplo-- conhecidos como geração distribuída (GD), segundo dados divulgados em separado pela Aneel.

Assim, a energia solar lideraria a expansão se considerados esses sistemas de GD além de grandes usinas fotovoltaicas.

Para o consultor Ramos, os dados mostram que o maior país da América Latina não ignora a tendência global de buscar redução de emissões de carbono, mesmo com uma maior expansão térmica.

"O Brasil não está na contramão, estaria se estivesse minimizando a expansão renovável. A base da expansão é renovável... e a geração distribuída, fundamentalmente solar, tem aumentado muito e vai aumentar mais."

"Agora, que tendemos a ter uma participação maior da termelétrica daqui para a frente, parece inevitável. Ficar totalmente sem elas não é bom para o país e nem para o sistema elétrico", acrescentou ele, ao destacar que essas usinas podem ser chamadas a produzir quando há falta de sol ou ventos fracos.

Longo prazo

O crescimento da oferta ficou em linha com visão da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que prevê uma matriz elétrica cada vez mais apoiada em eólicas e solares, com térmicas ganhando espaço e hidrelétricas perdendo participação.

No Plano Decenal 2030, a EPE projetou que usinas hídricas responderão por 54% da matriz no final da década, contra 62% atualmente, enquanto fontes renováveis alternativas como eólicas e solares devem saltar de 24% para 33% do total.

Parques eólicos representam atualmente quase 10% do parque gerador do Brasil, enquanto os solares respondem por 2%.

O foco nessas novas fontes de energia vem após a conclusão nos últimos anos de diversas grandes hidrelétricas na Amazônia, incluindo as usinas de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte.

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