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Brasil bate recorde histórico com área queimada 62% acima da média em 2024, alerta Mapbiomas

Relatório Anual do Fogo divulgado nesta terça-feira, 24, mostra uma área de 30 milhões de hectares afetada; Juntos, Cerrado e Amazônia responderam por 86% dos focos de incêndio

Os estados do Mato Grosso, Pará e Maranhão lideram o ranking de área queimada e concentraram 47% do total nacional de 1985 a 2024 (Patricia de Melo Moreira/AFP)

Os estados do Mato Grosso, Pará e Maranhão lideram o ranking de área queimada e concentraram 47% do total nacional de 1985 a 2024 (Patricia de Melo Moreira/AFP)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 24 de junho de 2025 às 07h00.

Em 2024, o Brasil enfrentou uma das piores temporadas de queimadas de sua história e quase metade da área afetada desde a série de registros iniciada em 1985 foi na última década.

É o que revelam os dados do primeiro Relatório Anual do Fogo divulgado pelo MapBiomas nesta terça-feira, 24: foram 30 milhões de hectares afetados pelo fogo no país no ano passado, número 62% superior à média de 8,5 milhões de hectares anuais.

O levantamento, que utiliza imagens de satélite para o mapeamento, traça o mais completo retrato das queimadas nacionais desde 1985 e apontou que 1/4 (24%) do território -- o equivalente ao tamanho do Pará e Mato Grosso -- queimou pelo menos uma vez nas últimas quatro décadas.

2024 revelou uma discrepância entre dois fenômenos diretamente relacionados. Enquanto o país registrou pela primeira vez em seis anos uma queda de 32,4% no desmatamento, as queimadas dispararam e podem ter sido impulsionadas principalmente pelas condições climáticas extremas, como a seca severa e o próprio agravamento do aquecimento global. 

Segundo a organização, os dados alertam para a necessidade de fortalecer políticas públicas e ações de gestão territorial das chamas, por meio de medidas preventivas e direcionamento mais eficaz dos esforços de combate.

Entre os estados que lideraram o ranking, estão o Mato Grosso, Pará e Maranhão, concentrando 47% do total nacional queimado de 1985 a 2024.

Já os 15 municípios que mais queimaram no período foram responsáveis por 10% de toda área afetada. Destes, sete estão no Cerrado e seis na Amazônia. Juntos, os dois biomas responderam por 86% da área queimada

O período de agosto a outubro respondeu por 72% dos casos, com 33% acontecendo apenas em setembro. Em 2024, o MapBiomas alerta que quase um terço da área total queimada resultou de mega eventos de fogo com mais de 100 mil hectares afetados.

Uma das mudanças significativas foi no tipo de vegetação mais impactada. Enquanto historicamente predominavam as savanas, desta vez a formação florestal liderou com 7,7 milhões de hectares. No total, 72,7% ocorreu em vegetação nativa.

Amazônia foi epicentro e Pantanal é o mais vulnerável

A Amazônia foi o epicentro das queimadas em 2024, registrando a maior área afetada de toda a série histórica. O bioma apresentou aproximadamente 15,6 milhões de hectares queimados, valor 117% superior à sua média e que correspondeu a 52% de toda fatia nacional consumida pelo fogo.

Pela primeira vez, os dados mostraram uma mudança significativa: a vegetação florestal foi a mais impactada. No total, foram 6,7 milhões de hectares de florestas atingidos, superando os 5,2 milhões de hectares de pastagem queimados -- e que tradicionalmente lideravam o ranking.

Proporcionalmente, o Pantanal foi o bioma mais devastado pelo fogo nos últimos 40 anos. No período de análise, 62% de seu território queimaram pelo menos uma vez, com 93% dos incêndios ocorrendo em vegetação nativa. A alta foi de 157% da área queimada, em comparação com a média histórica.

Mata Atlântica bate recorde

Já a Mata Atlântica teve seu pior ano desde 1985, com 1,2 milhão de hectares afetados - extensão 261% acima da média histórica de 338,4 mil hectares anuais.

O estado de São Paulo concentrou quatro dos dez municípios com maior proporção de área queimada, todos no entorno de Ribeirão Preto.

No período, 8,3 milhões de hectares do bioma foram queimados pelo menos uma vez, correspondendo a 7% do total. A maior parte das cicatrizes do fogo (60%) ocorreu em área antrópica, sendo em pastagens a maior ocorrência.

Tendências regionais

Por último, Caatinga e Pampa apresentaram cenário distintos: enquanto o primeiro teve redução de 16% na área queimada em relação à média histórica e 404 mil hectares afetados, o segundo apresentou a menor área queimada entre todos os biomas (apenas 3% do território) e manteve valores abaixo do usual.

Área total consumida pelo fogo em 2024

  • Amazônia: 15,6 milhões de hectares (maior área absoluta)
  • Cerrado: 10,6 milhões de hectares (35% do total nacional)
  • Pantanal: Aumento de 157% vs. média histórica
  • Mata Atlântica: 1,2 milhão de hectares (recorde)
  • Caatinga: 404 mil hectares
  • Pampa: valores abaixo da média anual de 15,3 mil hectares

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