ESG

BNDES terá contabilidade de carbono em todos os empréstimos no próximo ano

Gustavo Montezano, presidente do banco, está na COP27 e participou de evento do Pacto Global da ONU no Brasil

Gustavo Montezano, presidente do BNDES na COP27, no Egito (Leandro Fonseca/Exame)

Gustavo Montezano, presidente do BNDES na COP27, no Egito (Leandro Fonseca/Exame)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 14 de novembro de 2022 às 11h21.

O BNDES terá, até o final do próximo ano, contabilidade de emissões de carbono para todos os empréstimos realizados. O anúncio foi feito por Gustavo Montezano, presidente do banco, na COP27, a conferência do clima da ONU, realizada em Sharm el-Sheikh, no Egito. “Não faz sentido, para o BNDES, estar em projetos que não sejam sustentáveis”, afirmou Montezano, que participou de um evento organizado pelo Pacto Global da ONU no Brasil.

A agenda ESG cresceu no banco de desenvolvimento sob a gestão de Montezano. Na COP27, o banco também anunciou uma série de compromissos climáticos, de longo prazo. O objetivo é atingir a neutralidade em carbono até 2050, em todas as suas operações.

Montezano destacou que, para avançar na agenda da descarbonização, é preciso repensar o setor financeiro. “Quando olharem para o BNDES, pensem em criação de mercados, não em dinheiro”, disse o presidente, para uma plateia de CEOs, empresários e líderes da sociedade civil.

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Economia indígena

Sobre a questão social da Amazônia, Montezano afirmou que as empresas precisam mudar a forma de se relacionar com os povos da floresta. Para ele, os indígenas devem ser vistos como potenciais parceiros no desenvolvimento de novos mercados e novas frentes de atuação na bioeconomia. Nesse sentido, o presidente defende um papel mais propositivo e construtivo para o BNDES, que viabilize projetos e não apenas dinheiro.

“Um banco de desenvolvimento tem de pensar em abrir mercados, esse é o maior desafio”, afirmou. Apenas colocar dinheiro aqui ou ali não vai resolver, é preciso gerar conhecimento. Nosso papel é apoiar as empresas a tirar proveito dessa agenda global.” Montezano ainda destacou a necessidade de se ter equilíbrio fiscal para que o país seja capaz de financiar a transição para a nova economia.

Gestão atual quer preservar estratégia ESG para o próximo governo

Para a atual gestão do banco de desenvolvimento, o papel de fomentar a transição para a economia de baixo carbono deve ser uma estratégia perene, mirando 2050. As metas anunciadas na COP27 são abrangentes, e contabilizam todos os negócios do banco: carteiras direta e indireta, financiamento e investimentos. Até o final do próximo ano, todos os projetos com participação do BNDES terão seus inventários de carbono, que serão “oportunamente neutralizados”.

O plano é consolidar o papel da instituição financeira como o principal agente de fomento da nova economia no país. Para a gestão atual do banco, uma agenda ESG institucionalizada, com compromissos e metas de longo prazo, é o maior legado a ser deixado no atual governo, que será substituído a partir de janeiro.

Os compromissos climáticos do BNDES

O banco definiu seis metas relacionadas à neutralidade em carbono:

  • Neutralidade em carbono até 2050
  • Neutralização das emissões nos escopos 1, 2 e as relacionadas a viagens a negócios e deslocamento de funcionários (casa-trabalho) a partir de 2025
  • Finalização do inventário das emissões financiadas do escopo 3 para as demais carteiras do BNDES
  • Definição, em 2023, de metas de neutralidade para as carteiras de crédito direto, indireto e renda variável
  • Definição, em 2023, de metas de engajamento para acelerar a transição dos seus clientes para a neutralidade em carbono
  • Incorporação, em 2023, da contabilização de carbono nos processos de aprovação de apoio a novos projetos

Esses compromissos foram organizados em uma carta, divulgada em Sharm el-Sheikh. Para atingir os objetivos, o banco definiu duas linhas de estratégia, uma transversal, que busca engajar empresas e outras instituições financeiras, e uma setorial, que abrange áreas específicas.

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