Bruno Aranha, diretor de crédito produtivo e socioambiental do BNDES. “O banco é uma agente de estado, não de governo” (Leandro Fonseca/Exame)
Rodrigo Caetano
Publicado em 9 de novembro de 2022 às 06h56.
Última atualização em 9 de novembro de 2022 às 08h06.
De Sharm el-Sheikh
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lança durante a COP27, a Conferência do Clima da ONU, uma série de compromissos climáticos, de longo prazo. O banco pretende atingir a neutralidade em carbono até 2050, em todas as suas operações.
As metas são abrangentes, e contabilizam todos os negócios do banco: carteiras direta e indireta, financiamento e investimentos. Até o final do próximo ano, todos os projetos com participação do BNDES terão seus inventários de carbono, que serão “oportunamente neutralizados”.
O plano é consolidar o papel da instituição financeira como o principal agente de fomento da nova economia no país. Para a gestão atual do banco, uma agenda ESG institucionalizada, com compromissos e metas de longo prazo, é o maior legado a ser deixado no atual governo, que será substituído a partir de janeiro.
“Essa é uma estratégia perene”, afirma Bruno Aranha, diretor de crédito produtivo e socioambiental do BNDES. “O banco é uma agente de estado, não de governo.”
O banco definiu seis metas relacionadas à neutralidade em carbono:
Esses compromissos foram organizados em uma carta, divulgada em Sharm el-Sheikh, balneário egípcio onde está sendo realizada a COP27. Para atingir os objetivos, o banco definiu duas linhas de estratégia, uma transversal, que busca engajar empresas e outras instituições financeiras, e uma setorial, que abrange áreas específicas.
“Como um banco de desenvolvimento, podemos montar estruturas financeiras para que, na ponta, as coisas aconteçam”, afirma Aranha. “Incluindo, por exemplo, soluções baseadas na natureza.”
Uma frente que deve ganhar importância é a atuação do BNDES como banco de serviços. Isso deve ser importante para ajudar estados e municípios a construir suas estruturas de resiliência climática. Segundo Aranha, uma forma de fazer isso é entregar não apenas o financiamento, mas o projeto completo para o estado ou município. “Os prefeitos conhecem a realidade, mas a solução para o problema é sempre complexa”, afirma. “Há dinheiro disponível, o que faltam são projetos. Nós podemos fazer tudo.”
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC) é um tratado internacional com o objetivo de estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera.
Uma das principais tarefas da COP é revisar as comunicações nacionais e os inventários de emissões apresentados por todos os países membros e, com base nessas informações, avaliar os progressos feitos e as medidas a serem tomadas.
Para além disto, líderes empresariais e a sociedade civil se unem para discutir suas participações no tema. Neste cenário, a EXAME atua como parceira oficial da do Pacto Global ONU Brasil, organização das Nações Unidas que congrega o setor privado.
O balneário de Sharm El-Sheihk, no Egito, será o palco do principal encontro climático deste ano: a 27ª sessão da Conferência das Partes, a COP27, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU). O evento, realizado desde 1995, reunirá os líderes de praticamente todos os países globais. Nos últimos anos, as COPs resultaram em alguns dos acordos mais importantes da história, como o Acordo de Paris, na COP21, e a criação do mercado global de carbono, na COP26.
A chamada COP27 estava originalmente prevista para ocorrer de 8 a 20 de novembro de 2021, mas por conta da pandemia de covid-19, a 26ª edição ocorreu em novembro do ano passado, deixando a 27ª edição para 7 a 18 de novembro de 2022.
Apesar de ainda não ter sido divulgada uma agenda fechada, já é possível esperar a participação de autoridades, como do alto escalão da ONU, entre eles Antonio Guterres, secretário-geral da ONU e Sanda Ojiambo, diretora-executiva do Pacto Global. Presidentes e representantes nacionais dos ministérios de clima, meio ambiente e sustentabilidade também são esperados.