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Cacau pode ser usado na produção de biotecido pesquisado com incentivo da Embrapii (CRISTINA ALDEHUELA/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 10 de julho de 2023 às 10h01.
Última atualização em 10 de julho de 2023 às 13h51.
Entre os sete temas abordados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) desde o início da parceria Inova+, anunciada em novembro de 2021, a Bioeconomia é um dos destaques. De acordo com José Menezes, gerente de mobilização empresarial da Embrapii, já foram alavancados R$ 369 milhões* para 362 projetos de bioeconomia. Deste total, 175 contratos já foram concluídos e resultaram em 92 pedidos de propriedade intelectual.
"A bioeconomia florestal é fator de transformação econômica e social. Ao viabilizar produtos e serviços de maior valor tecnológico embarcado a gene consegue levar renda e melhores condições de vida para a comunidade, além de inovação para as empresas que apoiam as pesquisas", diz Menezes.
As iniciativas podem mudar a vida de pessoas como a Rosilda do Socorro Viana Pacheco que, aos 48 anos, vive em um assentamento extrativista localizado a cerca de uma hora de Macapá (AP), em um percurso que inclui estrada de terra e descida por rio. Rosilda é presidente da Associação das Mulheres Produtoras Agroextrativistas da Foz do Mazagão Velho (Ampafoz), que reúne 120 trabalhadoras na extração de cacau e cupuaçu nativos da floresta amazônica e vendem os frutos para o comércio local.
"A renda dessas mulheres, complementada pela pesca do camarão de água doce, varia de R$ 500 a R$ 800 ao final de cada mês. Durante o extrativismo do cacau e do cupuaçu, as mulheres separam o fruto e rejeitam as cascas, que se transformam em lixo orgânico com sério potencial de degradação ambiental. Para se ter uma ideia, toneladas de rejeito são lançadas todos os anos aos pés dos cacaueiros e cupuaçuzeiros, provocando desequilíbrio no solo e na fauna amazônicos. O que estamos fazendo é estudando formas de aproveitar esses rejeitos para a produção de biotecidos", afirma Menezes.
A ideia, no longo prazo, é que seja instalada uma planta fabril na própria comunidade para que o produto possa ser confeccionado no local. "Existe a expectativa de que o alto apelo sustentável e social do projeto possa atrair a atenção de grandes grifes nacionais".
A iniciativa partiu da empresa Urubatan Piatã Produtos da Floresta, que tem sedes no Rio de Janeiro e no Amapá. Assim, ela consegue trabalhar com investimentos da Embrapii por meio do BNDES e do Sebrae. "Neste modelo a startup coloca pouco capital próprio e consegue desenvolver o projeto".
Em outro projeto, iniciado em setembro de 20022, a Cooperativa Reca (Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado), localizada em Nova Califórnia (RO), realiza a extração de óleo de castanha do Brasil e de manteiga do cupuaçu e vende para a indústria de cosméticos como de costume. Mas, agora passa a aproveitar os rejeitos para a produção de alimentos com alto teor de proteína.
"A ideia é que, quando entre na fase comercial, o produto comercial possa ser vendido para a indústria alimentícia. O projeto recebeu aporte total de R$ 496 mil, entre recursos da Embrapii, unidade e recursos do Fundo JBS pela Amazônia", diz Menezes.
O Inova+ visa promover desenvolvimento tecnológico no Norte do país, com foco na inovação sustentável. Para isso, o programa tem condições diferenciadas de contratação para as empresas localizadas nos estados da região, sendo que, independentemente da receita operacional, elas podem receber até 50% do valor dos contratos em recursos não reembolsáveis.
A Embrapii já apoiou 35 empresas da região Norte do país no desenvolvimento de um total de 52 projetos de inovação tecnológica. Destes, 15 estão concluídos e resultaram em oito pedidos de propriedade intelectual. O investimento alavancado chegou a R$ 89,13 milhões.
Além disto, a organização credenciou mais quatro institutos de pesquisa como Unidades Embrapii: Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal do Tocantins (UFT), e Instituto Senai de Inovação (ISI) do Pará. Juntas, elas receberão um investimento de R$ 9,6 milhões. "Acreditamos no poder da bioeconomia e não podemos deixar a região Norte sem os incetivos adequados", finaliza Menezes.
*Os investimentos foram alavancados por meio de recursos da organização, empresas e Unidades que compõem a Rede MCTI (Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação)/Embrapii de Inovação em Bioeconomia.