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Beyoncé, Viola Davis e Angela Bassett: por que a Bahia atrai ícones da cultura e do movimento negro

Presença da “Rainha” em Salvador, que contou com articulação da CUFA, reforça necessidade de apoio aos empreendores negros e aos de favela

Beyoncé ao lado de equipe da CUFA (Mason Poole/Reprodução)

Beyoncé ao lado de equipe da CUFA (Mason Poole/Reprodução)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 23 de dezembro de 2023 às 10h26.

Última atualização em 24 de dezembro de 2023 às 08h23.

A presença inesperada da cantora Beyoncé em Salvador, capital baiana, na noite desta quinta-feira, 21, vai além da expectativa sobre a possível turnê no Brasil em 2024. “A escolha da Beyoncé, como principal artista global das últimas décadas, em celebrar com a comunidade local numa festa privada de Salvador diz muito da importância cultural e social da Bahia”, diz Paulo Rogério Nunes, co-fundador da Vale do Dendê e da empresa AFAR Ventures, consultoria com foco em economias emergentes e mercados multiculturais.

Salvador é a cidade mais negra do país 34% da população se declara preta e 49% se declara parda , de acordo com o Censo 2022. Assim, a presença da cantora na cidade, para uma rápida aparição durante o evento de pré-estreia do filme "Renaissance: a film by Beyoncé", reforça a necessidade de mais apoio à população negra nas ações culturais realizadas no país pela indústria de shows e das marcas. “Considero a presença da Beyoncé tão importante quanto a de Michael Jackson no Pelourinho, nos anos 1990”, diz Nunes.

O empreendedor, que foi convidado pela Central Única das Favelas (CUFA) para participar do evento, lembrou ainda que, somente neste ano, estiveram na Bahia a atriz Viola Davis, a cantora Angela Bassett, personalidades americanas durante o festival Afro Punk, além da festa de rua Every Day People, uma das maiores dos Estados Unidos. “Isto mostra uma conexão global de pessoas com ascendência africana que acreditam na Bahia como importante polo cultural”.

Por outro lado, as marcas e empresas que atuam na indústria de shows e cultura do país, ainda não fornecem apoio para tal potencial. “No nosso caso, no festival AfroFuturismo, conseguimos apoio apenas iFood e Youtube. Espero que agora enxerguem o apelo cultural da cidade e a necessidade das marcas apoiarem muito mais”, finaliza Paulo Rogério, que esteve na noite de ontem como convidado da CUFA.

O lado social da Beyoncé no Brasil

Dias antes da chegada de Beyoncé no Brasil, a equipe da CUFA acompanhou representantes da BeyGood, fundação de caridade da cantora, em São Paulo e no Rio de Janeiro, para a apresentação de projetos sociais realizados em parceria. Em Salvador, também foi visitado o campus da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), onde Ivy McGregor, diretora da instituição, e Yvette Noel-Schure, assessora de imprensa, assistiram apresentações musicais.

Já no Rio de Janeiro, além do apoio à CUFA, a BeyGood reforçou o apoio financeiro para pequenos empreendedores com bolsas de 25 mil reais, conforme anunciado em novembro. Em comunicado oficial, a instituição afirmou que o projeto se dá após uma doação de 1 milhão de dólares por parte da cantora.

"O que acabamos de fazer com a fundação BeyGOOD, iniciativa filantrópica da Beyonce, foi mais do que especial. A fundação escolheu o Brasil para uma visita com o intuito de conhecer de perto as realidades das nossas favelas. Naturalmente, a CUFA foi a anfitriã escolhida para guiar essa jornada. Não apenas em função da parceria que temos ao longo de dez anos como pela própria trajetória da CUFA ao longo desses 26 anos", disse Celso Athayde, fundador da CUFA e da Favela Holding.

"Beyoncé sabia que era importante representarmos ela nessa parceria com a CUFA, e isto que estamos fazendo não é o fim", disse Justina Omokhua, vice-presidente da Parkwood Entertainment, em evento na Bahia.

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